Apresentadora volta de férias e é demitida pela Record em corte de 200 pessoas

A Record demitiu nesta quarta-feira (19) a jornalista Janine Borba, de 55 anos. Janine estava de férias e foi dispensada assim que chegou à emissora para trabalhar. Apresentadora do Domingo Espetacular durante 12 anos, ela se junta à também apresentadora Patrícia Costa e aos repórteres Sylvestre Serrano e Roberto Thomé, dispensados na última segunda (17). Ao todo, a Record deve nesta semana rescindir os contratos de mais de 200 profissionais, de um total de 3 mil.

A Record, que registrou um prejuízo de mais de meio bilhão de reais em 2022, culpa a crise pela qual passa a mídia brasileira. Em nota divulgada no início desta semana, afirmou que os "desligamentos foram necessários".

Janine estava na Record desde agosto de 2004, portanto há quase 19 anos. Ex-Band, ela foi contratada para dividir com Paulo Henrique Amorim (1942-2019) a revista eletrônica Tudo a Ver (2004-2014). Após passagem pelo Fala Brasil, entrou em 2007 no time do Domingo Espetacular, liderado por Amorim. Ela deixou o dominical em 2019, quando foi deslocada para os boletins do Jornal da Record e para a edição de sábado do telejornal.

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"Foram 19 anos de trabalho na Record, tempo em que me dediquei cem por cento nos programas de maior audiência da emissora. Saio tranquila, de cabeça erguida", disse Janine ao Notícias da TV.

Em 2017, Janine publicou um livro em que relatou sua luta para se tornar mãe aos 45 anos. Em Enquanto Esperei por Vocês, ela detalha os vários tratamentos, uma cirurgia, três inseminações artificiais e quatro tentativas de fertilização in vitro até conseguir da à luz os gêmeos Filippo e Antonella.

Janine é o principal nome até agora entre os demitidos da Record. Além dela, Patrícia Costa, Sylvestre Serrano e Roberto Thomé, a emissora cortou nesta semana os repórteres Leandro Sant Ana e Mauro Junior e Janice de Castro, apresentadora do bloco de esportes do Balanço Geral.

Nesta quarta, foi dispensado também o experiente repórter André Rohde, que estava na Record há 18 anos e atuava em Santa Catarina.

Os cortes vêm ocorrendo em todas as áreas da emissora, inclusive afiliadas. Somente a Teledramaturgia deve ficar de fora, pois está sob gestão da Igreja Universal do Reino de Deus, que produz Reis e compra horário na Record. Os principais critérios para os cortes são salário alto e produtividade.

Setor de TV passa por crise inédita

As demissões na Record foram antecipadas pelo Notícias da TV há duas semanas. Segundo fontes, elas são necessárias para ajustar a emissora à sua realidade econômica. A Record vem sofrendo queda nas vendas de publicidade e aumento nos custos de produção. No ano passado, registrou um prejuízo de R$ 517 milhões, um recorde histórico. Neste ano, os resultados seriam piores se não fossem realizados mais cortes.

A crise não é exclusividade da Record. Globo e SBT, que também divulgam balanços contábeis, só não tiveram prejuízo em 2022 graças a seus investimentos financeiros.

Juntas, as três grandes redes tiveram um prejuízo operacional de R$ 1,085 bilhão, o equivalente a 90% de toda a receita com publicidade do SBT (R$ 1,209 bilhão). O resultado operacional é o lucro ou o prejuízo antes de contabilizados investimentos.

A Globo teve um prejuízo operacional de R$ 501,1 milhões, mas seu lucro líquido foi de R$ 1,254 bilhão graças aos ganhos com investimentos e com a venda da Som Livre (R$ 1,520 bilhão).

O SBT teve um prejuízo operacional de R$ 29 milhões, mas as receitas com investimentos financeiros ajudaram a rede de Silvio Santos a fechar o ano com um lucro líquido de R$ 18,877 milhões.

Record divulga nota sobre demissões

Leia a íntegra de nota oficial da Record sobre os cortes:

"Num momento em que todo o mercado de mídia, da televisão aberta e dos demais veículos, passa por um período de reformulação de seus investimentos, o Grupo Record --composto por Record TV, Record News, R7.com e PlayPlus-- faz uma reorganização em suas frentes de trabalho.

O Grupo Record continuará trabalhando sem descanso para conquistar novos investimentos em seus negócios. Também estará torcendo e contribuindo para o crescimento e retomada do poder econômico do país e do povo brasileiro.

Desligamentos foram necessários, mas com respeito ao ser humano acima de tudo, às leis e às regras trabalhistas."

CORREÇÃO: Diferentemente do que este texto informou durante algumas horas na quarta-feira (19), o repórter especial Romeu Piccoli não foi demitido (e não será).