JANINE BORBA
Fotos: Divulgação
Janine Borba com Antonella e Filippo em foto para o livro Enquanto Esperei por Vocês
DANIEL CASTRO
Publicado em 7/6/2017 - 5h30
Apresentadora do Domingo Espetacular, da Record, a jornalista Janine Borba tentou durante dez anos realizar o sonho de ser mãe. Passou por vários tratamentos, uma cirurgia, três inseminações artificiais e quatro tentativas de fertilização in vitro. Aos 39 anos, depois de separar do primeiro marido, decidiu congelar seus óvulos.
Investimento para o futuro, poupança contra o relógio biológico, os óvulos congelados não vingaram, mas Janine acabou concebendo duas vezes. Na primeira, perdeu o bebê. Na segunda, ficou grávida de trigêmeos, mas um deles não sobreviveu à gestação. Em 25 de maio de 2013, um dia depois de completar 45 anos, ganhou de presente os gêmeos Filippo e Antonella.
Ela começou a escrever sua história para poder contar aos filhos. No meio do caminho, decidiu dividir sua experiência com outras mulheres. Nesta quinta-feira, ela lança na livraria Saraiva do shopping Higienópolis, em São Paulo, o livro Enquanto Esperei por Vocês (Companhia Editora Nacional, R$ 34,90), em que relata sua saga para ser mãe. Janine falou em primeira mão com o Notícias da TV:
Por que escrever um livro sobre sua luta para se tornar mãe, revelando detalhes tão íntimos?
Não dá pra escrever um livro sobre esse assunto sem revelar detalhes íntimos. Isso não me preocupa, o importante é que não reste dúvidas sobre os dramas que uma mulher está sujeita ao adiar a gravidez. Se pra isso eu tenho que revelar detalhes íntimos, tudo bem. Não tinha a intenção de escrever um livro, queria apenas deixar um relato aos meus filhos, mas percebi que havia muito interesse pelo assunto e então resolvi publicá-lo.
Você se arrependeu em algum momento de ter priorizado a carreira quando ser mãe era bem mais fácil?
Aconteceu. Não percebi, simplesmente o tempo passou e quando me dei conta já estava com 35 anos. Aí vão me perguntar: Pô, mas 35 é tarde? E eu digo que infelizmente sim. A partir dessa idade a fertilidade da mulher cai drasticamente, entra numa grande curva decrescente.
No livro, você conta que a dificuldade para engravidar acabou com seu primeiro casamento. Como foi isso?
Pois é, não sei dizer se foi esse o motivo, mas o desgaste emocional que vem com esse processo certamente ajudou a piorar aquilo que já não estava bom.
Como o seu atual marido, o Cesar, recebeu a informação de que você não podia engravidar se não fosse por um método assistido?
Da maneira mais tranquila do mundo. Ele é um cara prático: Se é assim que tem que ser, não há o que discutir. Lembro do dia em falei pra ele que queria engravidar e que tinha óvulos congelados. Sabe o que ele me respondeu? Ok, o que eu tenho que fazer?
Quantos anos você tinha quando congelou óvulos? Isso fez toda a diferença?Congelei aos 39 anos com a esperança de facilitar a gravidez, mas não consegui, perdi os óvulos congelados nas primeiras tentativas. Nenhum deles foi adiante. Congelar os óvulos ajuda, mas não resolve o problema. Na época em que fiz isso, pouco se falava sobre o assunto. Lembro que o médico me disse que no Brasil só mil mulheres tinham óvulos congelados, eu era uma delas.
Você tinha algum problema que impedia a fertilização naturalmente ou foi a queda de fertilidade pós-35 anos que dificultou?
Não tinha nenhum problema, depois dos 35 é que eles começaram a surgir. Além da queda natural da fertilidade, tive endometriose, uma das principais causas da infertilidade feminina.
Quantas vezes você fez inseminações até conseguir engravidar? Durante quanto tempo você insistiu?
Foram dez anos dedicados a isso. Fiz três inseminações e quatro fertilizações in vitro. Em meio a esse processo, perdi um bebê.
Janine Borba e o marido, Cesar, com os gêmeos em festa de escola: imagem compõe o livro
Como os gêmeos vieram?
Usei todos os óvulos congelados e não consegui engravidar. Tive que passar por uma nova captação de óvulos, o que complicou o processo, naquela altura, porque depois dos 40 os óvulos já não têm tanta qualidade.
Como é receber um resultado negativo de gravidez após mais uma inseminação?
Nossa, a sensação é de que o mundo desabou na sua cabeça. Só de pensar nisso, já fico com os olhos marejados, acredita? Acho que ainda não superei (risos).
Você chegou a pensar em desistir?
Nunca pensei em desistir. Sou religiosa, falava com Deus a todo instante. Perdi as contas de quantas vezes me vi acendendo velas, quietinha no meu canto, rezando e tentando entender porque eu estava passando por aquilo.
Tem ideia de quanto dinheiro investiu para ser mãe?
É bem caro, fiquei muito feliz quando soube que o SUS [Sistema Único de Saúde], há alguns anos, começou a oferecer esse tipo de tratamento.
Ser mãe é padecer no paraíso, como diz o clichê?
Ser mãe é a coisa mais incrível do mundo. É perceber que existe um amor maior que tudo, que você é capaz de coisas que até Deus duvida pra ver o seu filho feliz.
No livro, você diz que a maternidade assistida é uma missão quase exclusivamente da mulher, que só se vêem mulheres nas clínicas de fertilização. Os pais não querem os filhos tanto quanto as mães?
Os homens não correm contra o relógio biológico, por isso o processo é mais tranquilo, menos angustiante. Esse fardo é da mulher. É ela quem tem que correr contra o tempo. Mas é importante dizer que a compreensão do companheiro, o amor e a paciência são fundamentais para a mulher que passa por isso.
Como você reagiu quando teve a confirmação de que estava grávida?
Queria gritar para o mundo, mas mesmo assim fiquei três meses quieta, ninguém sabia, só eu e o Cesar. Tinha medo de perder o bebê, ou melhor os bebês. E perdi um, estava grávida de trigêmeos.
Você enfrentou outros perrengues durante a gestação?
Foi muito difícil, vários problemas, desde uma queda na calçada até um risco enorme de perdê-los aos cinco meses.
Que tipo de mãe você é? Pela foto do capa do livro, deixa seus filhos comerem ovos de chocolate...
Sou uma mãe que quer ver seus filhos felizes. Esse chocolate da capa foi uma estratégia do fotógrafo pra deixá-los quietos (risos). Não como doces, fiz uma reeducação alimentar há uns três anos e desde então tenho uma alimentação saudável. Meus filhos seguem a mesma linha, mas não sou xiita, eles são crianças, têm o direito de se lambuzar de chocolate de vez em quando.
O que você diz às mulheres que já passaram dos 40 e sonham ser mães?
Tenha fé, acredite e seja feliz sempre. Mesmo nos momentos mais difíceis, não me deixava abater, sentia uma felicidade imensa só em poder estar ali tentando ser mãe.
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