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JUSTIÇA

Wolf Maya é obrigado a indenizar aluno expulso de escola só de cueca

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O ator e diretor Wolf Maya caracterizado como o personagem Álvaro olha indignado em cena de Fina Estampa, novela das nove da Globo exibida originalmente entre 2011 e 2012

Wolf Maya na novela Fina Estampa (2011); ator e diretor perdeu parcialmente processo na Justiça

KELLY MIYASHIRO e LI LACERDA

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 4/2/2022 - 17h02

Wolf Maya perdeu parcialmente um processo na Justiça e foi obrigado a indenizar em R$ 10 mil um ex-aluno da Escola de Atores Wolf Maya que foi expulso só de cueca da instituição. A sentença é da primeira instância e cabe recurso. A defesa do diretor adianta ao Notícias da TV que irá recorrer da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

De acordo com sentença proferida pelo juiz Luiz Felipe Negrão na última quinta-feira (3), Wolf Maya e sua escola ficam obrigados a indenizar Ricardo Figueiredo de Oliveira por danos morais em um processo aberto pelo antigo aluno em 2018.

Em contrapartida, o autor da ação também foi processado pelo diretor e terá que pagar R$ 5 mil pelos custos advocatícios do adversário no caso.

Segundo os autos do processo, Ricardo Figueiredo de Oliveira foi aluno da Escola de Atores Wolf Maya no Rio de Janeiro entre 2015 e 2018 e tinha como trabalho de conclusão de curso a participação como ator em um filme produzido pela instituição. A programação de filmagem já era definida, mas o estudante tinha uma viagem marcada no último dia do cronograma.

A ausência de Oliveira atrapalharia a continuidade do filme, o que teria causado um enorme desconforto em Maya. A defesa do ex-aluno alega que ele chegou a entrar em contato com a secretaria da escola e pedido para adiantar suas cenas, e que a assistente teria permitido. 

Em 7 de junho de 2016, quando o então aprendiz de Maya gravaria pela última vez para viajar no dia seguinte, o diretor teria começado "a protelar as gravações, soltando diversas indiretas, dando a entender que o autor da ação teria que desmarcar a viagem".

Wolf Maya teria se descontrolado com a negativa do aluno para desmarcar a viagem e dito: "Saia da minha escola, eu não quero mais ver você na minha frente, suma daqui, não apareça mais aqui nem no Freeway [centro comercial onde se localiza a escola]". Ele também teria proferido ofensas como "seu merda, filho da puta".

Os autos ainda relatam que o ex-diretor da Globo teria expulsado o aluno do estúdio, mas antes o obrigado a tirar o figurino do filme que ele estava vestindo na frente dos demais alunos presentes, fazendo com que o estudante deixasse a instituição descalço, de cueca e blusa, já que Oliveira teria saído de casa diretamente com a roupa de seu personagem. 

Seminu, o aluno teria sido escoltado por um segurança do centro de formação de atores para a rua em meio aos gritos do instrutor de atuação. Com o barraco, Ricardo Figueiredo de Oliveira não concluiu seus estudos e perdeu o tempo e o dinheiro investidos na Escola Wolf Maya. 

Pela humilhação, o autor processou o diretor por danos morais e materiais, pedindo uma indenização de pouco mais de R$ 60 mil, sendo metade pela parte moral e exatos R$ 30.178,94 correspondentes ao valor desembolsado em mensalidades do curso em questão.

Além disso, o aluno também exigia uma retratação pelas ofensas em uma carta redigida por Wolf Maya, em nome da Escola de Atores Wolf Maya, que deveria ser enviada a todos os alunos que teriam presenciado a cena de humilhação.

Wolf nega acusações

Em sua defesa, Wolf Maya contestou a ação e negou ter humilhado Ricardo Figueiredo de Oliveira. Segundo o diretor, o então aluno avisou que desfalcaria a filmagem do filme na véspera do último dia de conclusão dos trabalhos e que, apesar de o estudante ter falado com uma secretária sobre sua viagem, a funcionária não tinha poder de decisão para liberar o aspirante a ator do compromisso com a escola.

No processo, Maya também diz que foi gentil com o aluno, pedindo que ele ponderasse e adiasse seu compromisso pessoal a fim de não prejudicar o filme. Como o autor da ação teria se mantido irredutível, ele foi aconselhado a retirar o figurino, que era propriedade da instituição, para que outro estudante assumisse o papel desfalcado. 

O diretor e ator de novelas como Fina Estampa (2011) também negou ter ofendido o antigo pupilo e muito menos humilhado o estudante. Maya, então, entrou com uma reconvenção, processando Oliveira por danos materiais.

Os advogados do diretor alegaram que a saída do aluno e a troca de ator provocaram um erro de continuidade que impossibilitou a finalização da obra e, consequentemente, sua comercialização e inscrição em festivais de cinema.

Como o aluno não cumpriu seus compromissos com a escola e deixou mensalidades abertas ao abandonar o curso, a escola fez um processo de indenização de danos morais e materiais de R$ 30 mil pela inadimplência e por ter levado o caso à mídia. 

Tréplica

Oliveira contestou a reconvenção com o argumento de que nunca procurou a imprensa para falar da história, mas que apenas foi procurado por uma emissora de TV e confirmara os fatos; que não causou danos financeiros ou às imagens de Wolf Maya e da Escola de Atores Wolf Maya.

O juiz aceitou o depoimento de testemunha Melina Abreu Rocha, levada por Oliveira, que confirmava o assédio moral descrito pelo antigo estudante, e qualificou como "lesões a direitos da personalidade, especial à honra e à intimidade, e que Maya praticou sim o ato ilícito que deu causa aos danos extrapatrimoniais, por meio de atos e palavras". 

Segundo Melina, o ex-diretor da Globo "gritou e dirigiu aos gritos palavras agressivas e de [baixo] calão", além de ter expulso o então aluno seminu, apenas de cueca e camiseta, das dependências da escola de atores.

A decisão 

O juiz entendeu que Maya deve indenizar Oliveira em R$ 10 mil por danos morais, mas julgou improcedente o pedido de reparação material do valor investido no curso porque o aluno usufruiu das aulas de qualquer maneira.

O magistrado também ordenou que o empresário e a empresa cumpram o pedido de retratação sobre o caso, escrevendo uma carta endereçada às testemunhas dos fatos. 

Sobre a reconvenção, o juiz rejeitou o argumento de que o aspirante a ator tenha causado danos à imagem da instituição de ensino e do ex-funcionário da Globo. 

Na sentença, Luiz Felipe Negrão decidiu que Maya pague uma indenização de R$ 10 mil a Oliveira, com juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação, do valor da ação, além de metade das despesas do caso, com direito a restituição dos honorários advocatícios do autor da ação (10% sobre o valor da condenação --ou seja, R$ 1 mil). 

O ex-aluno também ficou obrigado a bancar os honorários advocatícios do rival no processo, valor fixado em 10% sobre a condenação e também 10% sobre o benefício econômico resultante da improcedência parcial do pedido, arbitrado em R$ 50.178,94 (cerca de R$ 5 mil).

Procurado pelo Notícias da TV, o advogado Sylvio Guerra, defensor de Wolf Maya e da Escola de Atores Wolf Maya, declarou que eles vão recorrer da decisão.

"É uma sentença bastante frágil, tendo em vista que o autor da ação não conseguiu provar, através de testemunhas, o que ele estava acusando. Então, estarei aí dentro do prazo legal apresentando recurso de apelação na Câmara Cível do Tribunal do Rio de Janeiro e bastante confiante que essa sentença será reformada", alega Guerra. 

"Temos muito processo pela frente ainda. Foi apenas primeira instância, e estaremos em busca de anular essa decisão/sentença, como já conseguimos em outros feitos. Bastante confiante de que conseguiremos reformar", completa o advogado. 

A assessoria de imprensa da instituição foi procurada, mas não retornou os contatos. A reportagem também tentou falar com Ricardo Figueiredo de Oliveira e seu defensor legal, mas não obteve resposta de ambos até a publicação desta reportagem. 


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