ENTREVISTA
Reprodução/YouTube
O jornalista William Waack à frente do Painel WW, programa que ele comanda no YouTube
REDAÇÃO
Publicado em 9/11/2018 - 5h39
Um ano após ter sido afastado do Jornal da Globo por causa de comentários racistas feitos em 2016, William Waack abriu o jogo sobre sua demissão. Em entrevista para o canal Pingue-Pongue com Bonfá, o jornalista afirmou que não é mais chamado de preconceituoso pelo público e que sua antiga emissora é um ninho de cobras.
"Qualquer grande empresa é [um ninho de cobras]. Como se falava na minha época, lá nos Correios e Telégrafos também é assim. Qualquer grande empresa tem pessoas de extraordinária capacidade e de caráter muito bom, e qualquer grande empresa terá também canalhas inomináveis, e acho que isso aí se aplica como regra da humanidade", detonou Waack ao jornalista Marcelo Bonfá em vídeo publicado no canal do YouTube nesta sexta-feira (9).
Na conversa, o âncora relembrou os 21 anos que passou na Globo e disse que agregou valor para o Jornalismo da emissora. "O que eu trouxe para a emissora foi a credibilidade e a perícia técnica profissional que eu já tinha conquistado e consolidado. Eu cheguei na Globo com 30 anos de carreira", explicou.
Apesar de os comentários de tom racista que fez e que foram vazados na internet terem custado seu emprego, Waack afirmou a Bonfá que não foi ofendido em lugares públicos nem perdeu amigos.
"Ao contrário, ganhei vários. Acho que a esmagadora maioria das pessoas percebeu que aquilo era uma piada de boteco, dita no ouvido de um amigo. Sussurrado como todo mundo faz depois de tomar duas cervejas e brincar", minimizou o âncora, ressaltando que o vídeo sequer foi ao ar. "Aquilo evidentemente foi roubado de um servidor interno da TV Globo e fizeram o uso que fizeram."
Como o Notícias da TV publicou em fevereiro, o acordo de demissão que Waack assinou com a Globo o impede de falar especificamente sobre sua saída. A Bonfá, ele confirmou esse contrato. "Nós fizemos um documento, pelo qual a Globo e eu encerramos a nossa colaboração. Esse documento tem várias cláusulas e uma delas é que não falamos mutuamente um do outro", reconheceu.
Vida fora da Globo
Fora da emissora há um ano, o jornalista percebeu que há vida longe da programação da Globo. "E muito boa, por sinal. Imediatamente depois daquele episódio a minha reação psicológica mais forte foi a de me livrar de um peso que me parecia ter aquela coisa toda em volta de mim. E a sensação de liberdade, de independência e de um caminho que se abria em perspectivas era muito positiva", filosofou.
Atualmente à frente do Painel WW, uma versão para a internet do programa que comandava na GloboNews, ele não sente vontade de voltar para a TV. Pelo menos por enquanto. "Não há na minha parte, imediatamente, o interesse. Óbvio que eu sou profissional, vivo de salário. Vindo uma oferta de trabalho legal é claro que eu vou ouvir e vou fazer, mas sair da internet eu não vou", reforçou.
Ele admitiu, no entanto, que teve (e continua tendo) conversas com o canal BandNews. "Elas se baseiam no seguinte: a Band, através de pessoas comuns que trabalhavam no meu projeto e agora trabalham na Band, gostou do Painel [WW] e achou que poderia fazer parte integrante da grade deles na área de Jornalismo, não de Entretenimento", resumiu, sem muitos detalhes.
Comandar um telejornal diário, como o que fazia na Globo, está fora de cogitação. "Eu acho que não tenho mais saúde. Era um horário muito ruim. O relógio biológico da gente não é feito pra isso de entrar 17h e sair 2h, com aquela adrenalina. Acho que são coisas que a gente faz uma vez na vida. Eu fiz, tive uma ótima carreira nesse sentido, mas não é o hoje o que me atrai", desconversou.
A entrevista de Marcelo Bonfá com William Waack terá outros vídeos, que serão publicados nos próximos dias. Na conversa, ele falará sobre a nova vida de youtuber, o presidente eleito Jair Bolsonaro, sua passagem pelo jornal O Estado de S.Paulo, liberdade de imprensa, democracia e ditadura.
Confira o vídeo da conversa de Waack e Bonfá:
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