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DROGA CONTRA DROGA

Silvio Santos faz Leo Dias se tratar de vício em cocaína: 'Me deu um choque'

Gabriel Cardoso/SBT

Leo Dias no cenário do Fofocalizando; jornalista vai se afastar durante uma semana para tratamento - Gabriel Cardoso/SBT

Leo Dias no cenário do Fofocalizando; jornalista vai se afastar durante uma semana para tratamento

DANIEL CASTRO

Publicado em 13/9/2018 - 5h28

Na próxima segunda-feira (17), o jornalista Leo Dias vai iniciar a batalha "mais radical" já travada em sua luta contra o vício em cocaína. Ele se internará em uma clínica no interior de São Paulo para se submeter a uma terapia baseada na ibogaína, uma substância psicodélica que causa alucinações fortíssimas e pode até matar, mas tem alta eficiência no combate à dependência de cocaína, crack, álcool e maconha.

O apresentador do Fofocalizando só decidiu se tratar com a ibogaína depois que recebeu, como diz, um "choque de ordem" do patrão Silvio Santos.

"Chegou aos meus ouvidos que alguns diretores do SBT cogitaram me demitir, mas Silvio Santos não deixou. Ele disse: 'Não vou demitir o rapaz. Primeiro porque ele é bom. Segundo porque ele está doente'", conta Dias. "Fui poupado da demissão porque Silvio Santos tem ciência de que estou doente. Isso me deu um choque", fala.

Dias, 43 anos, usa cocaína desde 2001, quando morou na Austrália. Ele já se internou uma vez, em uma clínica no Rio de Janeiro, especializada em compulsões e frequentada pelos mesmos famosos que eventualmente são objeto de seu trabalho. "Não senti nada, me senti um presidiário", lembra, citando os banhos de sol que faziam parte do tratamento.

O jornalista também faz terapia. "Minha terapeuta é foda, mas terapia comigo não funciona muito bem. Eu sempre digo que minha profissão é insalubre", afirma.

Os problemas decorrentes do uso da droga aumentaram depois que ele trocou a RedeTV! pelo SBT e decidiu escrever uma biografia da cantora Anitta, a ser lançada em dezembro. "Eu vi minha vida mudar muito nos últimos dois anos. Virei alvo, foco, vidraça. Todos os meus problemas ficaram à mostra, além das minhas faltas."

Dias admite que faltou ao trabalho porque, devido à cocaína, não tinha condições de aparecer no ar. "É melhor ficar em casa do que ser vítima de chacota na internet", opina.

Risco de morte
O jornalista considera a terapia da ibogaína um "tratamento revolucionário". Diz estar ciente de que há registro de mortes pelo uso da substância (20 documentadas no mundo; uma no Brasil). Mas, como vai usar a droga em uma clínica, cercado por médicos, avalia que o risco é muito pequeno.

"Já me senti tantas vezes à beira da morte. Vai ser mais uma", discursa. "Na verdade, estou cagando de medo. Não de morrer, mas de meu cérebro. Minha grande virtude é meu cérebro, sou um jornalista muito rápido. Morro de medo de sair zoado", diz.

Leo Dias vai desembolsar R$ 8.500 pela primeira semana de tratamento (pode ser necessária uma segunda internação, daqui a alguns meses). Ele salienta que importou a substância legalmente, com autorização do Ministério da Saúde.

A ibogaína é o princípio ativo da iboga, uma raiz cultivada na África Central. Os curandeiros da religião bouiti atribuem a ela o poder de curar doenças místicas, como a possessão. É usada para o tratamento de depressão, picada de cobra, impotência e até Aids.

A substância estimula a produção de hormônio que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais. Isso leva à produção de serotonina e dopamina, o que faz desaparecer a fissura pela droga.

Seus poderes levam o usuário a ter alucinações durante até 12 horas, a sonhar de olhos abertos e a identificar fatores que podem tê-lo tornado dependende químico, ajudando na recuperação.

Uma pesquisa realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em 2013, apontou que 61% dos pacientes toxicômanos que se utilizaram de um comprimido à base de ibogaína conseguiram se livrar do vício. A taxa é considerada alta pelos pesquisadores da área.

Para o psiquiatra e professor da Unifesp Dartiu Xavier da Silveira, que liderou o estudo, o uso da substância aliado ao tratamento psicoterapêutico tende a ter resultados muito positivos. Mas Silveira é contrário à internação em clínicas e spas para tratamento com ibogaína.

Ele explica que, por ainda não ser considerado medicamento pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a substância é administrada de maneira apenas experimental no Brasil, e a ibogaína pode matar.

"Uma pessoa, para poder se tratar com a ibogaína, tem de estar internada em um hospital geral, no qual tenha acesso a um serviço de reanimação, caso tenha uma parada cardíaca. Não numa clínica-fazenda, onde isso não ocorre", afirma.

Silveira diz que o tratamento é recomendável somente com a importação de um comprimido feito com o princípio ativo da ibogaína no Canadá. A utilização de chás e farinhas não é indicada. "Existem vários casos de pessoas que morreram e que foram relatados. E os que não foram relatados?", questiona.


Colaborou RUI DANTAS

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