DENTRO DO NORMAL
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Marília Mendonça e o avião em que estava em Caratinga; piloto falou com colega antes de queda
Piloto do avião de Marília Mendonça (1995-2021), Geraldo Martins de Medeiros Júnior fez quatro contatos por rádio antes do acidente que matou ele, a cantora e outras três pessoas em 5 de novembro em Caratinga (MG). Um outro piloto que sobrevoava a região ouviu o colega pela frequência local no dia da tragédia.
Medeiros fez contato durante o voo entre Goiânia e Caratinga com um piloto que guiava um monomotor de Viçosa (MG) para a cidade onde Marília se apresentaria naquele dia, uma semana atrás, de acordo com o jornal O Globo. Para o aviador, as mensagens do colega deram a impressão de um voo normal.
O condutor do monomotor, entretanto, contou em entrevista ao veículo que o piloto da cantora havia repetido duas vezes o termo "perna do vento", que no jargão técnico da aviação significa que ele iria iniciar o procedimento de pouso.
"Ele disse que estava pegando a perna do vento e, cerca de 20 segundos depois, voltou a dizer que estava pegando 'a perna do vento 02', o que significa que estava iniciando o procedimento padrão de pouso. Isso não configura uma anormalidade, pois os pilotos podem prolongar um pouco o tempo do pouso", relembrou o profissional, que preferiu não se identificar.
A testemunha trabalha para empresários locais e já prestou depoimento para os órgãos que investigam o acidente da sertaneja, como o Seripa (Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Ele explicou que a frequência de rádio dos aviões de pequeno porte é aberta para que eles consigam se comunicar.
A frequência aberta também impede que as mensagens fiquem registradas em um local. Em sua primeira comunicação, Medeiros informou estar voando a 12.500 pés e a "44 fora''.
"É uma altitude compatível para o local. Fiquei na dúvida se eram 44 milhas de distância ou 44 minutos. Como eu estava indo para o mesmo aeroporto e precisava estimar o pouso, perguntei. Ele respondeu que eram 44 milhas", contou o piloto que conversou com o pai de Vitória Dias Medeiros.
No segundo contato, o piloto da PEC Táxi Aéreo disse já estar a 6.500 pés, em processo de descida. O condutor afirmou que essa altitude é padrão, normal para o relevo do local. Ele calculou ainda que, naquele momento, o bimotor deveria estar a cinco ou sete minutos da pista.
A penúltima entrada na frequência aconteceu, provavelmente, dois minutos antes da queda: "Não sei se era o piloto ou o copiloto. Ele disse: 'PTONJ [prefixo da aeronave] ingressando perna do vento 02 em Caratinga". Tecnicamente, o piloto iniciaria o processo de pouso.
"Vinte a 30 segundos depois, ele votou a falar: 'Ingressando perna do vento 02'. Isso não é um problema e nem causa de estranhamento, pois muitos pilotos prolongam um pouco mais a descida", ressaltou o entrevistado do O Globo.
De Viçosa a Caratinga são 30 minutos de voo, e o piloto pousou no aeródromo sem problemas e sem saber da queda do avião do colega. "Eu achei que ele tinha pousado normalmente. Em solo, perguntei para a equipe sobre o outro avião, e eles disseram não ter havido outro pouso. Cinco minutos depois, meu celular começou a tocar. Eram amigos perguntando se eu estava bem. Foi assim que eu soube da queda do avião [de Marília Mendonça]", concluiu.
Marília Mendonça morreu aos 26 anos após sofrer um acidente de avião na cidade de Caratinga, Minas Gerais em 5 de novembro. A cantora deixou um filho, Léo Mendonça Huff, de um ano e 11 meses, fruto de seu relacionamento com Murilo Huff. A informação da morte foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.
"O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais informa que, nesta sexta (5), ocorreu a queda de uma aeronave de pequeno porte, modelo Beech Aircraft, na zona rural de Piedade de Caratinga. O CBMMG confirma que a aeronave transportava a cantora Marília Mendonça e que ela está entre as vítimas fatais", disse a nota oficial dos bombeiros.
O avião que levava a cantora e sua equipe à cidade mineira onde ela se apresentaria caiu por volta das 15h30 daquele dia. A sertaneja estava com seu produtor, Henrique Ribeiro, seu tio e assessor, Abicieli Silveira Dias Filho, o piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior e o copiloto Tarciso Pessoa Viana. Todos os tripulantes morreram.
O jornalista William Waack, que também é piloto licenciado, chegou a dar uma aula na CNN Brasil na madrugada de 6 de novembro ao falar sobre a queda do avião que transportava a cantora Marília Mendonça (1995-2021). Com cálculos simples, ele informou que a aeronave voava baixo quando se chocou com os fios de alta tensão antes de parar no meio de uma cachoeira.
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