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FAMÍLIA UNIDA

Pai de Tiago Leifert quebra o silêncio e nega favorecimento ao filho: 'Não foi fácil'

MEMÓRIA GLOBO/DIVULGAÇÃO

O executivo Gilberto Leifert olha para a câmera; um computador com o logo da Globo está ao fundo da imagem

Gilberto Leifert, pai de Tiago, em foto na época que era um dos chefões do Comercial da Globo

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 24/12/2021 - 18h25

Advogado que trabalhou na Globo durante 30 anos, entre 1988 e 2018, Gilberto Leifert atuou à frente da Divisão de Relações com o Mercado na emissora. Após a discussão pública de Tiago Leifert com Ícaro Silva, o pai do ex-apresentador do Big Brother Brasil e do The Voice quebrou o silêncio e fez questão de defender a trajetória do filho dentro da empresa.

Em um longo texto publicado como comentário no post mais recente de Tiago no Instagram, o advogado disse que nunca houve facilidades para que o filho crescesse profissionalmente na líder de audiência. Logo no início do desabafo, Gilberto Leifert avisou: "Talvez você não goste de ver seu pai tratando deste tema em público. Mas estava na hora".

O executivo fez a defesa na publicação do vídeo de despedida que o The Voice exibiu na quinta-feira (23) em homenagem ao apresentador, que não quis renovar o contrato com a Globo após 15 anos como funcionário da emissora. O jornalista avisou que vai cuidar dele mesmo e da família.

"Foi tocante e merecida a linda homenagem que lhe foi prestada ontem pela Globo e por seus colegas do The Voice Brasil. O clipe recordou sua trajetória e me senti muito feliz. Não apenas porque sou seu pai, mas porque fui seu colega. Nunca trabalhamos na mesma área. Você inicialmente numa emissora afiliada, depois no SporTV, no Jornalismo/Esporte e depois no Entretenimento. Eu no Comercial. Meus ex-colegas, que foram seus chefes, reconheceram desde logo seu talento, seu preparo e dedicação", exaltou Gilberto.

O ex-executivo da emissora justificou que, além das regras da empresa não permitirem que ele contratasse alguém para o Jornalismo, havia um acordo entre pai e filho: "Jamais me meti nos assuntos que diziam respeito ao seu trabalho. Essa era a nossa regra do jogo (minha e sua), e meus pares a presumiam".

Gilberto Leifert negou nepotismo, exaltou o aprendizado de Tiago nos Estados Unidos antes de ser contratado pela Globo e se disse orgulhoso da trajetória construída pelo ex-apresentador do Globo Esporte.

"Não se preocupe com quem nega nossos méritos e desmerece nossas conquistas. Preocupe-se, sim, em defender suas crenças, ser honesto, leal, decente, generoso; bom patrão, bom amigo, bom filho, bom marido e bom pai, como, aliás, tem sido. Nossa família sente muito orgulho de você e ontem, assistindo ao The Voice, me senti realizado ao ver na Globo o sobrenome Leifert associado a tantos conteúdos tratados com sensibilidade e ética", agradeceu.

O texto do ex-chefão do Comercial da Globo foi publicado como uma resposta à provocação de Ícaro Silva, que insinuou que Tiago Leifert só teria feito sucesso na emissora por ter esse sobrenome.

Veja o comentário de Leifert abaixo, na íntegra:

"Tiago: Você talvez não goste de ver seu pai tratando deste tema em público. Mas estava na hora. Tenho 70 anos e cresci vendo a nação brasileira conviver com impunidade; negar o mérito das pessoas, suspeitar da honestidade e da integridade de quem alcança sucesso. O esporte preferido dos brasileiros não é o futebol. É o falar mal dos outros."

"Por isso, foi tocante e merecida a linda homenagem que lhe foi prestada ontem pela Globo e por seus colegas do The Voice Brasil. O clipe recordou sua trajetória, e me senti muito feliz. Não apenas porque sou seu pai, mas porque fui seu colega. Nunca trabalhamos na mesma área. Você inicialmente numa emissora afiliada, depois no SporTV, no Jornalismo/Esporte e depois no Entretenimento. Eu no Comercial."

"Meus ex-colegas, que foram seus chefes, reconheceram desde logo seu talento, seu preparo e dedicação. Na estrutura da Globo em que trabalhei por longos 30 anos, os diretores sempre tiveram autonomia para contratar e demitir... na própria área. Aliás, jamais me meti nos assuntos que diziam respeito ao seu trabalho. Essa era a nossa regra do jogo (minha e sua), e meus pares a presumiam."

"Eu jamais poderia contratar alguém para o Jornalismo, por exemplo. Foram as suas qualidades que impulsionaram e sustentaram sua carreira na Globo. Colocar o filho na telinha e expô-lo ao escrutínio diário da diretoria, do público, do mercado publicitário e da crítica não é o jeito mais suave e menos chamativo de nepotismo."

"Aliás, quem conhece a Globo sabe que nenhum jovem jornalista, com apenas 28 anos, 'ganha' a responsabilidade e o desafio de editar o Globo Esporte de São Paulo porque é filho de um funcionário graduado. E nenhum funcionário (na ocasião eram mais de 8 mil), apenas por ser filho de um diretor, 'merece' a confiança de poder dizer o que bem entender --seus chistes, suas broncas, seus discursos-- em programas líderes de audiência, transmitidos ao vivo, como o Big Brother Brasil ou substituindo o gigante Fausto Silva."

"Olhando para trás, tenho certeza de ter agido corretamente ao apresentá-lo à televisão em 1996 para atuar como repórter de campo do Desafio ao Galo, sem remuneração, na TV Gazeta/SP. Você tinha 16 anos e eu já enxergava seu potencial, que foi desenvolvido e lapidado nos Estados Unidos."

"Lá, você não era 'o filho do diretor da Globo' quando, por algumas vezes, seu nome foi inscrito na 'Dean List' (a lista do reitor), na qual figuram os melhores alunos da Universidade de Miami. E porque era um excelente aluno e tinha vocação, você foi estagiar no Jornalismo da National Broadcasting Company, a NBC, uma das maiores redes do mundo, onde ninguém jamais ouvira meu nome."

"Não é mole para um jovem brasileiro pensar, redigir e se expressar profissionalmente em outra cultura, e você tinha conseguido. Da NBC, veio o primeiro convite para trabalhar nos Estados Unidos, mas você preferiu voltar. Sua mãe, sua irmã e eu também achamos ótimo tê-lo de volta, mesmo sem ter emprego em vista, mas você nos deixou novamente e foi trabalhar no interior de São Paulo, onde revelou a que tinha vindo no inesquecível [programa] Vanguarda Mix."

"Sei que não foi fácil para você chegar até aqui e que sua decisão de deixar a Globo que amamos é parte de um projeto de realização pessoal e profissional que está em pleno desenvolvimento, e que certamente será bem-sucedido. Não se preocupe com quem nega nossos méritos e desmerece nossas conquistas."

"Preocupe-se, sim, em defender suas crenças, ser honesto, leal, decente, generoso; bom patrão, bom amigo, bom filho, bom marido e bom pai, como, aliás, tem sido. Nossa família sente muito orgulho de você e ontem, assistindo ao The Voice, me senti realizado ao ver na Globo o sobrenome Leifert associado a tantos conteúdos tratados com sensibilidade e ética."

"Beijo do seu admirador Gilberto. Em tempo: sei que você tem especial fascínio pelo espaço sideral. Outro dia mandei meu currículo para o Jeff Bezos e para o Elon Musk. Se eu for contratado, vou arrumar uma boquinha de comandante de nave pra você."


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