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'PRIVILÉGIO DO ARMÁRIO'

Marco Pigossi revela pavor antes de se assumir gay: 'Tinha muito pânico'

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Marco Pigossi em foto compartilhada no Instagram

Marco Pigossi lançará um filme documentário sobre LGBTQIA+ na política no Festival do Rio

IGRAÍNNE MARQUES

Publicado em 5/10/2022 - 16h38

Marco Pigossi sentiu pavor antes de se assumir gay publicamente. O ator lembrou que a falta de referências na mídia o deixava em um lugar solitário e, durante muito tempo, escondeu a orientação sexual para se preservar emocional e artisticamente. "Tinha muito pânico", contou.

"Sempre usufruí desse 'privilégio do armário', as pessoas não sabiam. Me descobri gay muito cedo e veio uma fama muito grande para mim também. Eu era conhecido, mas tinha o peso da coisa do armário. E tinha a coisa do galã. Então, sair do armário, para mim, não era para minha mãe e para os meus amigos. Era para milhões e milhões de pessoas", lembrou o ator em conversa no podcast Calcinha Larga, do Spotify.

"Isso tomou uma proporção tão grande... E me escondi dentro desse privilégio, dentro desse armário, por muitos anos porque eu não tinha condição, tinha muito pânico de qualquer coisa acontecer. E isso envolve a minha carreira também. Não é que 'ai, vou sair do armário mas ali no meu escritório de advocacia ninguém sabe', entende? Era uma coisa que era nacional", explicou.

Uma das razões pelas quais Pigossi mais tinha medo é o fato de que, nos bastidores, ele era tido como um ator que muitas vezes assumia papéis de homens "pegadores". O receio principal era que, se as pessoas soubessem a respeito de sua sexualidade, seu trabalho poderia ser interpretado como "não crível". 

Uma frase muito replicada na época era que se as pessoas sabem que você é gay, elas não vão acreditar nos seus personagens, se eles se apaixonarem por uma mulher. As pessoas vão ver em casa e vão falar: 'Ah, ele gosta de homem, não acredito nisso'. Isso era o que era falado, o que era exposto.

Pigossi entendeu que precisava tratar o assunto não apenas dentro de casa. "Então, para mim, teve esse processo. Não era uma questão pequena dentro da família e dos amigos. Era tudo: o meu trabalho, sair do armário nacionalmente. Demorou muito para eu me sentir forte o suficiente para colocar isso", lembra.

Todo o processo de se despir do armário é individual, lembrou Pigossi. "Eu nunca vou conseguir sentir o que a Erika [Hilton, deputada trans eleita no domingo, 2] sentiu. Cada um tem o seu processo nesse lugar", disse.

Pigossi ao lado do diretor italiano Marco Calvani

Pigossi namora o diretor italiano Marco Calvani

Namorado de outro Marco

Atualmente, Pigossi namora o diretor italiano Marco Calvani. Apesar de ser discreto nas redes em relação ao amado, alguns detalhes não passaram despercebidos ao público: a coincidência de nomes, por exemplo.

"Quando eu o conheci, ele falou: 'Eu me chamo Marco'. E eu falei: 'Putz... Isso não vai dar certo, não dá'. Foi uma surpresa, mas... É o padrão, né? São dois homens brancos, bonitos, que podem ter uma casinha. Isso a gente até 'aceita'. Meu processo foi muito diferente", explicou. 

Documentário político e LGBTQIA+

Entre 6 e 16 de outubro, no Festival do Rio, Pigossi lançará o filme documentário Corpolítica, que aborda as candidaturas de pessoas LGBTQIA+ nas eleições de 2020. O projeto já estreou no Festival Internacional de Cinema de Brasília e em Portugal.

O documentário estreou em Portugal, no Festival Internacional de Cinema Queer, em setembro, e passou pelo Festival Internacional de Cinema de Brasília. O filme estará, ainda, no Festival do Rio, que acontece de 6 a 16 de outubro. O longa é dirigido por Pedro Henrique França. O ator trabalha como produtor.

Mesmo por trás das câmeras, Pigossi assume uma luta interna com o tema --uma batalha que resgatou muito do "privilégio do armário". 

O mais importante foi fazer as pazes comigo mesmo, sabe? E esse projeto está num lugar muito especial no meu coração porque durante toda a minha carreira, no alto do meu privilégio, esse privilégio que tem um homem cis, branco, classe média etc., eu sempre tive no meu coração uma vontade de falar sobre isso, de colocar essa questão.

"Eu nunca tive uma referência, por exemplo. Nunca tive um ator legal que pudesse me inspirar nesse lugar. Sempre foi um lugar de muita solidão. Então, eu tinha essa culpa, essa dívida com a comunidade", explicou.


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