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PODE VIRAR RÉU

Leo Lins: Investigação da polícia aponta crime de injúria por piada com deficientes

REPRODUÇÃO/SBT

Léo Lins com um terno cinza em um antigo quadro do The Noite

Leo Lins em uma participação no The Noite do SBT: humorista é indiciado por crime pela Policia Civil

GABRIEL VAQUER E LI LACERDA

vaquer@noticiasdatv.com

Publicado em 21/10/2022 - 7h01

A Polícia Civil de São Paulo concluiu inquérito policial e indiciou Leo Lins por crime de injúria qualificada após uma piada sua viralizar no Instagram em abril. Nela, o humorista criticou o cancelamento de alguns de seus shows ao dizer que preferia ser mudo a ter uma "voz feia" como a de uma pessoa com deficiência. Agora, cabe ao Ministério Público aceitar a abertura da ação judicial para que ele vire réu. 

O Notícias da TV teve acesso aos documentos do caso e ao relatório policial sobre a investigação. Os policiais afirmam que Lins quis ofender pessoas com deficiência gratuitamente. O inquérito também diz que ele se recusou a dar sua versão quando foi chamado para prestar depoimento. A investigação foi realizada pela 1ª DPPD (Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência) de São Paulo.

Duas PCDs (pessoas com deficiência) estiveram na delegacia especializada para denunciar Lins após verem Stories do humorista ex-SBT no Instagram. O artista dizia no vídeo que ouviu a voz de uma criança com paralisia cerebral e que preferia ser mudo do que ter um timbre estranho daquela forma. 

"Eu sei que o certo é surdo e não surdo-mudo, mas se eu tivesse uma voz desse jeito, preferia ser surdo", disse Lins. Após algumas pessoas se mobilizarem para fazer um protesto em seus shows, o humorista compartilhou sons de focas e voltou a fazer piada com pessoas com deficiência. "Pelo menos será um protesto silencioso", disse.

Ao ver as postagens, duas vítimas fizeram denúncias formais ao MP e pediram uma investigação sobre o caso. Para ambos, houve ofensa gratuita e direta a pessoas com deficiência. Os denunciantes também enviaram um vasto material com provas de que Lins já tinha feito piadas capacitistas antes e era reincidente em casos do tipo.

Um dos denunciantes foi o influenciador digital Ivan Baron, que conta com 330 mil seguidores no Instagram. Baron tem deficiência motora e luta pela inclusão social na sociedade civil. Na rede social, Leo Lins acusou Baron na época de pegar um vídeo antigo com a piada contra surdos para "lacrar" e causar seu "cancelamento". 

Leo Lins acusa Polícia Civil de parcialidade

Após ser intimado, Leo Lins foi à delegacia prestar depoimento, mas acusou a delegada do local de pedir o seu indiciamento na ação mesmo antes de ele dar sua versão. "Sustenta o depoente que a delegada entrou no local e disse que já tinha resolvido pelo seu indiciamento antes mesmo de sua versão ser dada e que, por isso, não responderia nenhuma pergunta", diz o documento sobre o depoimento do humorista. 

Em setembro, a polícia concluiu as investigações e concordou que Leo Lins cometeu uma série de práticas abusivas. O documento também refuta o argumento do humorista de tratamento parcial no recolhimento de sua versão. "O indiciamento se deu pela convicção jurídica do crime cometido. Inclusive, a pessoa do indiciado já havia comparecido a esta Delegacia Especializada respondendo sobre fatos semelhantes. Ou seja, não poderia ele negar desconhecimento da Lei", diz o documento. 

Até o fim do mês, o MP precisa definir se aceita o indiciamento e abre a ação judicial que pode tornar Leo Lins um réu. Procurada pelo Notícias da TV, a assessoria da Polícia Civil de São Paulo confirmou o indiciamento, mas não comentou as acusações de Leo Lins.

"O caso foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela 1ª Delegacia da Pessoa com Deficiência, sendo relatado à Justiça em setembro deste ano com o indiciamento do autor por crime de incitar discriminação de pessoa em razão de deficiência", diz a nota policial.

A reportagem também procurou Leo Lins por telefone por duas vezes, mensagens no Instagram e por meio de sua produtora de shows, mas não houve resposta. Caso o humorista responda, este texto será atualizado.

Leo Lins pode ser preso?

Segundo o criminalista Gil Ortuzal, advogado --que não atua no caso--consultado pelo Notícias da TV, Lins pode ser preso ou sofrer grave sanção. "A discriminação de pessoa em razão de sua deficiência é passível de processo crime por injúria qualificada, cuja pena é de um a três anos de reclusão e multa, e isso pode se agravar uma vez que aumentam o número de vítimas", explica.

Para Ortuzal, o fato de o humorista já ter feito diversas ofensas complica sua situação: "Hoje ele pode ser condenado à prisão em regime aberto, amanhã, no semiaberto, e daí a piada acaba no regime fechado. E isso não é censura, ao meu ver, é questão de bom senso, considerando que nenhum advogado fará milagres se ele continuar com essa conduta desenfreada", opina. 


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