REPRESENTATIVIDADE
DIVULGAÇÃO/TV GLOBO
Erika Januza na série Arcanjo Renegado, do Globoplay; atriz falou sobre a ausência de negros em destaque
REDAÇÃO
Publicado em 21/6/2020 - 12h53
Enquanto espera a Globo retomar as gravações da novela Amor de Mãe, Erika Januza reclamou da falta de diversidade étnica na escolha de atores para papéis de destaque na TV. "Faltam mocinhas e mocinhos negros", desabafou a atriz. Na trama interrompida pela pandemia de coronavírus (Covid-19), ela vive a batalhadora Marina.
Em entrevista à coluna de Fábia Oliveira, do jornal O Dia, Erika ressaltou que os negros ainda são minoria no entretenimento. "É apenas uma questão de olhar e constatar, porque é real. Conta na sua mão as mocinhas/protagonistas negras no horário nobre. Você consegue usar todos os dedos da sua mão?", provocou a artista.
Além da falta de oferta oportunidades, ela criticou o fato de atores negros muitas vezes terem papeis estereotipados. "Nada contra interpretar uma empregada doméstica, porque é um trabalho honroso como qualquer outro, mas não dá para ver o negro sempre sendo representado nesse local. Ou como o bandido da história", avaliou.
"Eu tive muita sorte nos meus trabalhos, porque pude fazer papéis que mostravam o negro em outro lugar. Fiz uma juíza [em O Outro Lado do Paraíso, de 2017], que me deu muito orgulho, porque nós, negros, somos juízes, médicos, professores, doutores. Fico feliz de ver essa evolução já na tela", completou Erika.
Questionada se o Brasil tem medidas eficazes de combate ao racismo, a mocinha da série Arcanjo Renegado, do Globoplay, disse que não. "Isso está ficando cada vez mais claro nos últimos tempos. O que nós temos, agora, é um coletivo, uma união de negros e negras ecoando suas vozes. E somos muitos. E fazemos barulho, graças a Deus", avaliou.
"Que a gente possa continuar fazendo mais e mais barulho porque, enquanto vidas negras morrem todos os dias pelo preconceito, pelo racismo, não nos calaremos. Quem fala que não existe racismo no Brasil é porque não é negro", explicou Erika.
A atriz está acompanhando as manifestações de movimentos antirracistas no Brasil, mas confessou que tem sensações diferentes em relação ao momento atual. "Um [sentimento] de tristeza, por ver que é preciso perdermos vidas nesse processo. A conscientização poderia vir sem mortes. Por outro lado, ver que tantas pessoas estão lutando, não estão se calando... Isso preenche o coração de uma forma muito potente", declarou.
"Acabou o tempo em que negros tinham que abaixar suas cabeças, o tempo em que estávamos aqui para servir. Não existe mais isso. Exigimos respeito! Exigimos igualdade. Quem diz que o racismo não existe é porque nunca foi olhado de forma torta dentro de uma loja ou nunca sofreu uma ofensa pela cor da sua pele. Racismo existe. E ele é covarde e cruel", concluiu.
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