Primeiro papel na TV
Reprodução/Viva
A atriz Marieta Severo deu depoimento sobre sua trajetória na teledramaturgia a série do canal Viva
REDAÇÃO
Publicado em 13/8/2019 - 4h28
Marieta Severo estreou na televisão sendo odiada pelos telespectadores. Em 1966, ela fez seu primeiro papel em uma novela, uma vilã assassina em O Sheik de Agadir, da Globo. A personagem era tão má que, naquela época, as pessoas transferiram sua raiva para a atriz. Marieta lembra que era muito xingada e, um dia, foi até apedrejada no Rio de Janeiro.
A personagem dela se chamava Éden e aparentava ser uma princesa frágil. Mas, na verdade, Éden era o Rato, nome que foi dado ao assassino (no caso, assassina) do folhetim. Ela matava as pessoas com estrangulamento, e as cenas mantinham o mistério mostrando apenas as luvas da matadora durante a ação com suas vítimas.
"É muito interessante isso da repercussão. Quando eu fiz o Rato, eu me lembro nitidamente de que estava andando em Copacabana e me jogaram pedras. Não me machuquei, mas foi um susto enorme", contou Marieta em depoimento à série documental As Vilãs que Amamos, do canal Viva.
"Quando eu fui apedrejada, fica parecendo que foi um monte, mas foram umas três pessoas que estavam do outro lado da calçada que jogaram [pedras]. Eu não entendia o que era aquilo, não estava preparada. Eu ouvia sempre uns certos xingamentos, essa coisa mais violenta. Ser agredida é sempre um susto", completou.
Hoje, tantos papéis em novelas e outras vilãs terríveis depois, Marieta acredita que o brasileiro tem melhor entendimento de teledramaturgia e aprendeu a diferenciar o ator de seu personagem.
"[Naquela época] Eu era o personagem. [Para o público] Eu não era uma atriz. Eu era uma atriz começando, eles não tinham obrigação de me conhecer. Mas existia ainda uma mistura muito grande do personagem com o ator. Eu acho que o público brasileiro, nesses anos todos de teledramaturgia, se tornou um expert", afirmou.
Além de Éden, Marieta relembrou outras vilãs marcantes que fez em novelas da Globo, como a Elvira de Deus nos Acuda (1992), a Alma de Laços de Família (2000) e a Sophia de O Outro Lado do Paraíso (2017). Sobre essa última, aliás, Marieta disse que ficava exausta após as cenas de assassinato da "Mãos de Tesoura".
No fim do programa, a atriz refletiu sobre a influência dos vilões na cultura de um povo e a atual situação social do país.
"A sociedade brasileira está num momento em que os valores negativos estão sendo insuflados e exacerbados. Eu vejo uma possibilidade de violência no ar muito grande. Isso também abre possibilidades do pior de cada um de nós aparecer e ser exercido. A sensação que eu tenho é de que a vilania está no ar", filosofou a eterna dona Nenê de A Grande Família (2001-2014).
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