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André Gabeh

Demitido, roteirista do Vai que Cola rompe silêncio e expõe injustiça: 'Não exagerei'

SILVIA MERHY

André Gabeh sorri e posa para foto em fundo branco

André Gabeh em foto publicada no Instagram; ex-roteirista do Vai que Cola fez desabafo

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 24/8/2023 - 9h44

Demitido da equipe de roteiristas do Vai que Cola no início do mês, André Gabeh agradeceu aos ex-colegas de trabalho pela carta em que denunciaram violência psicológica nos bastidores do humorístico. "Quem ler o que eles escreveram vai saber que eu não exagerei quando falei sobre a injustiça que sofri", disparou o ex-BBB.

O escritor fez um longo desabafo no Facebook após a repercussão do caso. A demissão de Gabeh, inclusive, teria sido o estopim para os profissionais decidirem expor a situação de abusos. "Fingir que nada está acontecendo seria desrespeitoso com pessoas queridas que foram expostas em uma ação que me favorecia", começou ele.

"Primeiro de tudo: Eu nunca escrevi nada político ou militante em nenhum texto meu do Vai que Cola. Mesmo se eu surtasse e escrevesse algo desse tipo, os meus supervisores tirariam do texto. E, como somos orientandos a não falar nada nesse sentido, aí sim eu teria uma demissão justa. Mas repito: nunca escrevi uma linha política ou militante para o programa supra citado."

"Me sinto até honrado por acharem que me demitiram por eu tentar levar reflexão aos textos do programa, mas não tinha esse poder e só queria fazer meu trabalho da melhor maneira possível", completou.

"Nesse momento, eu não vou me estender sobre algumas coisas, porque ainda não estou preparado para isso. Não quero que nada do que eu falar tenha auras vitimistas ou revanchistas. Na internet a gente fala 'A', e o disposto ao ódio entende 'urubu'. Não estou pronto", afirmou.

Agora, preciso falar uma coisa: obrigado aos roteiristas que se posicionaram diante da injustiça que fizeram comigo. Se posicionaram por empatia, humanidade, generosidade e também por respeitarem, por se saberem valorosos, importantes e relevantes. Se posicionaram em uma carta aberta, lúcida, profissional e objetiva. Falaram por mim, falaram por eles e falaram por vários outros roteiristas.

"Nesse exato momento os roteiristas do mundo estão lutando por direitos, por respeito, por valorização e reconhecimento. Aqui, no Brasil, nós também temos pessoas lutando pelos direitos da classe. E eu sou amigo desses profissionais. Honrado amigo deles", escreveu.

Gabeh também agradeceu a ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas) pela carta de apoio. "O que aconteceu comigo não pode acontecer com profissional nenhum, com pessoa nenhuma. Mas, dessa vez, eu tive a voz de mestres me defendendo e se defendendo. Estamos falando dos roteiristas que produzem material para o -- atualmente--- maior programa de humor do Brasil. Pessoas premiadas, respeitadas, talentosas e muito competentes."

O roteirista explicou que sabia da existência da carta, mas não imaginou que ela se tornaria pública: "Pensei até que ela nem seria entregue, porque era algo tão arriscado que eu entenderia se meus amigos não quisessem entregá-la".

"Emprego está difícil, e a gente sabe que sempre há lâminas afiadas para cortar cabeças que se colocam acima da manada. Eu mesmo nada poderia fazer para que ela viesse a público, porque jamais exporia meus amigos. Eu preciso reverenciar essas pessoas, honrar essas pessoas", valorizou.

Hoje, quem ler o que eles escreveram vai saber que eu não exagerei quando falei sobre a injustiça que sofri, sobre a maldade que me fizeram e que tive que pisar em ovos pra expor, porque o lado mais fraco da corda sempre tem que tomar cuidado para nunca mais ser chamado para trabalhar ou virar chacota diante do fandom de pessoas com muito mais visibilidade.

"A gente sofre três vezes: na hora em que te cometem a violência, na hora que te dizem 'quem é você pra falar de fulano' e na hora que te falam 'esquece', 'deixa pra lá', 'você é melhor do que isso'... Mas essa conversa teremos mais pra frente", prometeu.

"Agora é hora de agradecer. É poderoso saber que gente tão magnífica me deu essa luz que sinto que se espalha por muito mais espaços. Muito obrigado mesmo. Do fundo do meu coração. Que meus Orixás e minha ancestralidade nunca os desamparem", arrematou.

Entenda o caso

Os roteiristas do Vai que Cola apresentaram uma carta para toda a equipe do humorístico na qual denunciaram violência psicológica. Os casos teriam começado com críticas dos intérpretes ao texto, mas se tornaram abusos que têm prejudicado o ambiente de trabalho.

Na carta, os profissionais criticaram a atitude do elenco da atração e disseram que a demissão de André Gabeh teria sido uma "perseguição" por parte de atores insatisfeitos com o roteiro.

Outro escritor revelou que optou por pedir demissão do programa a continuar lidando com o assédio moral. Uma fonte que preferiu não se identificar confirmou a veracidade da carta.

Após a repercussão da carta, Daniel Porto criticou o elenco do programa e acusou os atores do humorístico de praticarem assédio moral contra os profissionais responsáveis pelo desenvolvimento dos episódios. Em desabafo no Linkedin, ele ainda reclamou do excesso de trabalho dado pela Globo e pelo Multishow e revelou ter desenvolvido síndrome de burnout e depressão.

Apesar das acusações, o Notícias da TV descobriu que o clima tenso nos bastidores não prejudicará as próximas temporadas da série. O 11º ano já está em gravação, e o canal está satisfeito com os índices de audiência.

Outro lado

Em nota enviada ao Notícias da TV, o Multishow afirmou que está acompanhando o caso com atenção. "Desde que tomaram conhecimento da situação, a produtora Fábrica, responsável pela produção, e as equipes da Globo responsáveis pelo conteúdo deram início a um processo de escuta com as lideranças criativas do programa, com o elenco e com os profissionais que relataram supostas situações de abuso", informou o canal.

"O Código de Ética da Globo estabelece que situações de discriminação e assédio não são toleradas. Quando denúncias desta natureza chegam ao conhecimento do canal, elas são devidamente apuradas e, conforme o caso, são feitos ajustes de processos e outras medidas corretivas", explicou.

Intérprete de Terezinha no humorístico, Cacau Protásio se defendeu das acusações por meio das redes sociais. "Como qualquer outro funcionário da empresa, eu não tenho o poder de demitir nem de admitir ninguém. A Globo e o Multishow são duas empresas grandes, e só elas podem tomar qualquer decisão em relação ao assunto", afirmou a atriz.


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