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APÓS DENÚNCIA EM CARTA

Ex-roteirista do Vai que Cola acusa atores de assédio moral: 'Elenco tóxico'

REPRODUÇÃO/MULTISHOW

Cacau Protásio está apontando o dedo, em cena como Terezinha na 10ª temporada do Vai que Cola

Cacau Protásio como Terezinha em cena da 10ª temporada do Vai que Cola: atriz é acusada de assédio

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 23/8/2023 - 14h59

O roteirista Daniel Porto criticou o elenco do Vai que Cola e acusou os atores do humorístico de praticarem assédio moral contra os profissionais responsáveis pelo desenvolvimento dos episódios. Após os escritores escreverem uma carta em que relatavam abusos, Porto reclamou do excesso de trabalho dado pela Globo e pelo Multishow e revelou ter desenvolvido síndrome de burnout e depressão por conta do trabalho.

"Os nomes citados na carta são poucos. Todos do elenco, digo, todos do elenco tinham comportamento tóxico conosco, em maior ou menor grau", disparou ele em um depoimento publicado nesta quinta (23) no Linkedin. Porto se demitiu em 2022 do Vai que Cola, em que exercia a função de redator final, após não suportar as condições a que estava submetido.

"Os quatro anos que fiquei no Vai Que Cola me trouxeram a oportunidade de escrever para a TV. Porém o preço que paguei foi caro: um burnout digno de uma internação psiquiátrica, depressão e crise de ansiedade como presente pelo assédio moral que era feito diariamente pelos atores e equipe de criação aos roteiristas", criticou.

Porto deu detalhes do "salário desrespeitoso" que recebia. Segundo ele, cada roteirista ganhava de R$ 5 a R$ 6 mil por mês para escrever 10 episódios do programa, e ele, como redator final, ganhava R$ 5 mil por episódio. As temporadas da sitcom são longas e costumam ter 40 capítulos por ano.

"Há sobrecarga de ter que reescrever o mesmo episódio inúmeras vezes com as demandas mais loucas que vêm do canal, dos atores, do departamento de figurino e tudo mais em prazos insanos. Foram madrugadas e madrugadas acordado para reescrever episódios inteiros porque os atores diziam na véspera que não iam gravar, enquanto seus salários gordos caíam na conta sem a menor preocupação e respeito com o trabalho alheio", desabafou.

Roteiristas se unem e fazem denúncia

Na carta escrita pela equipe de roteiristas do Vai que Cola, os profissionais criticaram a atitude do elenco e alegaram ser vítimas de violência psicológica. Eles disseram que a demissão de André Gabeh, que aconteceu no início do mês, teria sido uma "perseguição" por parte de atores insatisfeitos com o roteiro.

Notícias da TV descobriu que o clima tenso nos bastidores não prejudicará as próximas temporadas da série. O 11º ano já está em gravação, e o canal está satisfeito com os índices de audiência.

Uma fonte que preferiu não se identificar confirmou a veracidade da carta. Já Gabeh concedeu uma breve afirmação sobre o assunto. "Isso tudo está me deixando muito impressionado. Preciso organizar minha cabeça um pouco", disse ele.

Em nota enviada ao Notícias da TV, o Multishow afirmou que está acompanhando o caso com atenção. "Desde que tomaram conhecimento da situação, a produtora Fábrica, responsável pela produção, e as equipes da Globo responsáveis pelo conteúdo deram início a um processo de escuta com as lideranças criativas do programa, com o elenco e com os profissionais que relataram supostas situações de abuso", informou o canal.

"O Código de Ética da Globo estabelece que situações de discriminação e assédio não são toleradas. Quando denúncias desta natureza chegam ao conhecimento do canal, elas são devidamente apuradas e, conforme o caso, são feitos ajustes de processos e outras medidas corretivas", explicou.

Confira na íntegra o depoimento do ex-roteirista Daniel Porto:

"Os quatro anos que fiquei no Vai Que Cola me trouxeram a oportunidade de escrever para a TV. Um jovem de São Gonçalo escrevendo um programa sobre o subúrbio.

Porém o preço que paguei foi caro: um burnout digno de uma internação psiquiátrica, depressão e crise de ansiedade como presente pelo assédio moral que era feito diariamente pelos atores e equipe de criação aos roteiristas. Foi quando em 2022 decidi que iria deixar o programa. Não importasse a dificuldade financeira que isso me acarretaria.

Aliás, financeiramente o salário é tão desrespeitoso quanto o tratamento que é dado aos roteiristas. Não importa seu currículo, um roteirista recebe entre R$ 5 mil e R$ 6 mil por mês para escrever aproximadamente 10 episódios do programa, e nem um centavo a mais pelas inúmeras reexibições do programa na TV.

Já o redator final, meu caso, recebe R$ 5 mil por episódio. E a sobrecarga de ter que reescrever o mesmo inúmeras vezes com as demandas mais loucas que vêm do canal, dos atores, do departamento de figurino e tudo mais em prazos insanos.

Foram madrugadas e madrugadas acordado para reescrever episódios inteiros porque os atores diziam na véspera que não iam gravar, enquanto seus salários gordos caíam na conta sem a menor preocupação e respeito com o trabalho alheio.

O desdenho e o assédio moral com nossos textos eram diários e na nossa cara. Era direto, ofensivo e cruel. Todo mundo sabia, a estrutura inteira do programa sabia, e nós ficávamos vendidos tentando nos defender da maneira que nos cabia. Os nomes citados na carta são poucos. Todos do elenco, digo, todos do elenco tinham comportamento tóxico conosco, em maior ou menor grau.

Demorou muito para que isso se tornasse público. Sempre ficamos com medo de nos expor e perder futuros trabalhos como roteirista, que são cada vez mais escassos. Demorou muito para que o pedido de socorro da equipe viesse. Demorou muito para que o óbvio fosse dito. Muito amigos se desgastaram muito emocionalmente e psicologicamente por causa dessas pessoas.

Obrigado, André Gabeh, pela coragem de dizer algo. Me solidarizo e compartilho meu relato para dizer que você não está sozinho nessa."

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