Carlos Alberto se emociona ao ouvir voz do pai recriada por IA em documentário

Carlos Alberto de Nóbrega já chegou ao evento de lançamento à imprensa do +SBT, plataforma de streaming da emissora, com a emoção estampada no rosto. Cercado de jornalistas, ele confessou que tremulou ao ver uma reprodução do banco de A Praça É Nossa, programa com o qual ele está no ar no SBT desde 1987. Ele estava sensível porque sabia que teria o primeiro capítulo da série documental sobre sua vida exibido ali.

Ao Notícias da TV, o humorista admitiu ter visto o episódio de estreia com antecedência para segurar a barra na frente de tantas pessoas. "Até agora, estou segurando bem", brincou ele. "Me deu uma tremidinha quando vi o banco da Praça, e sei que vamos ter alguma coisa aí, mas minha expectativa é a melhor possível."

Após a exibição, porém, ficou claro o motivo de Nóbrega estar tão emotivo. O primeiro episódio se debruça na relação dele com o pai, Manuel de Nóbrega (1913-1976), e conta com um momento na qual a voz do profissional foi recriada através de uma ferramenta de inteligência artificial. 

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Nóbrega cedeu à produção do documentário uma carta que o pai deu a ele em seu primeiro dia de trabalho na Rádio Nacional, em 1954. Foi esse o texto entregue para que a ferramenta lesse a partir da voz de Manuel de Nóbrega. Nas cenas que foram gravadas para o documentário, o veterano já havia chorado. Durante o evento, ele conseguiu manter o planejado e ficar firme --mesmo ao falar sobre o pai.

"Muitos dizem que sou centralizador, porque eu quero fazer tudo na Praça. Participo do roteiro, da gravação e da edição. Mas é porque eu botei na cabeça que, enquanto existir a Praça, vão lembrar de meu pai", revelou ele, ao ser entrevistado por Cesar Filho na sala de cinema onde ocorreu o evento.

REPRODUÇÃO/+SBT

Carlos Alberto dá depoimento a documentário

O amor pelo programa é tamanho que ele não considera deixar o SBT nem caso seja demitido. "Se me mandarem embora, eu venho de graça até o último dia de minha vida", declarou ele.

Parte disso vem de um acordo que fez com Silvio Santos quando entrou na emissora, há 27 anos. Os dois estavam brigados antes disso: Nóbrega passou 11 anos sem falar com o "homem do Baú" por acreditar que ele tirou proveito de Manuel na divisão da sociedade da TV Corcovado.

Quando eles enfim se reconciliaram e acertaram a contratação do roteirista pelo SBT, não discutiram dinheiro. "Fizemos um combinado, sobre uma coisa que não posso falar qual é. Mas o Silvio segue esse combinado até hoje", revelou ele. "Eu fui para o SBT porque o Silvio era como um filho para o meu pai, o sonho dele era nos ver juntos", arrematou.

Daniela Beyruti, filha número três do comunicador e atual vice-presidente do SBT, mantém o mesmo vínculo com o titular da Praça. "Esses dias, Dani foi até a minha sala e falou coisas que eu nunca vou esquecer em minha vida. Muito obrigado pelo amor que ela tem por mim, pelo carinho que a Patricia [Abravanel] tem... Sinto o SBT como minha casa."

Nova geração em foco

Herdeiro da graça, como diz o titulo de seu documentário, "Cazalbé" agora vê seus herdeiros entrarem em cena. Marcelo de Nóbrega, um de seus filhos, teve a ideia de produzir uma versão infantil de A Praça É Nossa. A neta do humorista, Dalila, produziu e atuou no projeto, denominado A Pracinha, que estreará junto ao +SBT no próximo dia 18.

"Ela teve um grande trabalho muito bonito. Ela é muito esforçada. Eu vi alguns [episódios] e, realmente, eles fizeram um milagre, porque em 10 dias eles gravaram 20 Pracinhas. Dez dias! Eu nunca vi isso na minha vida", declarou. Para o veterano, o projeto será um sopro de alegria num mundo "tão violento".

JOÃO RAPOSO/SBT

Carlos Alberto e a neta, Dalila de Nóbrega

"São tantas desgraças, tanta agressividade... Então, tudo que faz um pouco sorrir vai ser bem-vindo", disse ele à reportagem. Aliás, ele vê com bons olhos a expedição do SBT pelo universo do streaming.

"É bom ter concorrência. A concorrência faz a qualidade. Quando eles tiveram a ideia de fazer o +SBT, eles pensaram muito no que fazer. Então, principalmente naquilo que vi, que foram os documentários... Você vai ficar assustada, porque é coisa de primeira qualidade", adiantou.