RENATA DEL BIANCO
Fotos: Reprodução/YouTube e Instagram
Três versões da Barbie: Lene Nystrøm, da banda Aqua; a atriz Renata Del Bianco; e a cantora Kelly Key
O lançamento do filme da Barbie trouxe de volta ao imaginário coletivo o hit Barbie Girl, lançado pela banda dinamarquesa Aqua em 1997 --e, no Brasil, internautas pediram para a versão de Kelly Key ser incorporada à trilha do longa. O que muita gente não sabe é que, antes de a cantora entoar os versos "se você quer ser meu namorado, fica ligado", outra tradução nacional para o hit europeu já tinha tomado as rádios. E causado um grande trauma na atriz Renata Del Bianco, a Vivi da primeira versão de Chiquititas (1997).
Para entender essa história, é necessário voltar um pouco no tempo. Mais especificamente para 1999, quando Kelly Key ainda era apresentadora do Samba, Pagode & Cia. e sequer sonhava em se lançar cantora. Naquele ano, Renata e outros atores que tinham sido dispensados do fenômeno infantil do SBT se juntaram para formar o grupo As Crianças Mais Amadas do Brasil.
A ideia, claro, era aproveitar o sucesso de Chiquititas para faturar. Além de Renata, faziam parte da turma Gisele Frade (Bia), Paulo Nigro (Júlio), Giselle Medeiros (Dani), Beatriz Botelho (Ana), Luan Ferreira (Binho) e Pollyana López (Pollyana). Para o primeiro (e único) CD, Renata gravou uma versão em português de Barbie Girl. Só que a música não entrou no disco.
"Lembro que nós fomos num estúdio maravilhoso, da Indie Records, e gravamos lá. Só que o empresário não foi muito bacana comigo", desabafa Renata em conversa com o Notícias da TV. "Eu era criança, não sei de todos os detalhes, mas alguma coisa rolou nos bastidores, porque colocaram a mulher desse cara cantando todas as músicas que seriam minhas."
De fato, no CD de As Crianças Mais Amadas do Brasil que foi para as lojas, entrou uma outra versão do sucesso dinamarquês, rebatizada de Josie Doll. No lugar dos ex-integrantes de Chiquititas, a voz principal é de uma mulher que força sua voz para parecer mais jovem. Os atores fazem apenas o coro.
A situação piora: o par da boneca, em vez do tradicional Ken, é chamado de Paul. Poderia ser uma modificação para evitar problemas com a Mattel --mas, segundo Renata, os nomes foram trocados para fazer referência ao empresário e à sua esposa. "Nós conseguimos a licença da música [do Aqua], mas mudaram o nome para agradar a essa mulher aí", lamenta a atriz.
Ao descobrir que tinha sido substituída na gravação e que todo o seu trabalho no estúdio fora descartado, Renata Del Bianco entrou em crise. "Aquilo acabou comigo, tirou 80% da autoestima que eu tinha na minha capacidade profissional. Foi por isso que eu acabei me afastando do meio artístico."
Eu tenho a impressão de que passei a minha vida toda sendo explorada. Meus pais até me ajudaram no quesito de administrar a carreira com pessoas bacanas, mas eles tinham a vida deles também, não davam para ficar cuidando de mim para sempre. E eu já tinha sido desmerecida tantas vezes...
A situação problemática com a música só começou a mudar em 2005, quando Kelly Key lançou a sua versão de Barbie Girl. "Eu achei bem sacado o que ela fez, gosto dela, me identifico. Foi ali que eu tirei o meu trauma da música. A Kelly Key me libertou (risos)", exagera Renata, bem-humorada.
"Hoje, eu tenho as versões da Kelly e do Aqua no meu Spotify", entrega a artista. E nada da Josie Doll, de As Crianças Mais Amadas do Brasil? "Essa aí eu prefiro fingir que nunca existiu", detona, sem pensar duas vezes.
Renata, curiosamente, tem uma relação especial com a boneca Barbie. "Eu coleciono até hoje, amo. Minha filha pede para brincar às vezes, aí eu deixo, com o coração apertado. Quando ela pega as canetinhas, eu tenho um mini-infarto (risos). Ela faz com as minhas bonecas o que eu nunca fiz!", entrega.
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