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CRÍTICA

'Impossível ser mulher': Como filme Barbie transforma boneca em transgressora

DIVULGAÇÃO/WARNER

Margot Robbie em cena como a protagonista de Barbie, de vestido rosa e branco, em frente a aro rosa, no cenário do mundo de Barbie

Margot Robbie em cena como a protagonista de Barbie; filme retrata a boneca no mundo real

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 19/7/2023 - 6h30

A Barbie que o mundo inteiro conhece é a imagem da suposta perfeição: corpo padrão, cabelos belíssimos, vive num mundo cor-de-rosa. A Barbie (Margot Robbie) apresentada no filme homônimo, da diretora Greta Gerwig, também é assim, até que tudo repentinamente muda. Ela é obrigada a descer do salto e encarar o mundo real, o que lhe gera uma terrível crise existencial. Para sair dessa, a personagem é obrigada a se tornar uma heroína, transgredir e enfrentar um grande inimigo, não só dela mas de todas as mulheres: o patriarcado.

Ao longo das últimas sete décadas, Barbie (a boneca) se tornou o símbolo máximo do ideal de beleza feminino e também da opressão sofrida por mulheres para atenderem a exigências impossíveis de estética e forma física. Justamente por isso, Barbie (a personagem) se tornou a ferramenta perfeita nas mãos de Greta Gerwig para o filme, que é uma ampla crítica social, adornada por belos figurinos e muitos tons de rosa.

Na história, Barbie (a protagonista) existe num mundo paralelo e fictício chamado Barbieland, onde convive com várias outras Barbies temáticas --como a Barbie sereia (Dua Lipa), a Barbie presidente (Issa Rae) e a Barbie médica (Hari Nef).

Elas acreditam que, ao mostrarem que garotas podem ser o que quiserem e ter todas as profissões, fizeram tudo pelo feminismo, e consequentemente as mulheres do mundo real não têm mais problemas. Em Barbieland também vivem os Kens, mas eles são meros coadjuvantes, sem relevância.

Até que, do nada, Barbie (Margot Robbie) começa a ficar estranha. Primeiro, ela tem pensamentos sobre morte. Depois, seus pés ficam retos (a boneca Barbie é conhecida por sempre usar salto alto e estar na ponta dos pés). Em seguida, o estopim: ela desenvolve celulite nas coxas.

Barbie então procura a ajuda de uma mentora e descobre que o único jeito de solucionar seus problemas é ir para o mundo real. Ken (Ryan Gosling) junta-se a ela na viagem.

divulgação/warner

Barbie surta com seus pés retos

Ao chegar no mundo real, Barbie percebe que tudo é horrível: ela vivencia o assédio, a misoginia, o capitalismo e a opressão sobre as mulheres, por exemplo. Já Ken se encontra num paraíso: ele vê que o mundo real é feito pelos homens, para os homens.

A partir daí, a história desenrola um grande e complexo debate sobre questões de gênero e de embate entre homens e mulheres, masculino e feminino. O filme tira muito sarro dos homens, mas a perspectiva deles também é problematizada, não fica só na piada.

Durante o auge da crise existencial, Barbie se sente feia e incapaz de ser boa em qualquer coisa. Tal situação leva a um dos pontos altos do filme: o discurso de Gloria (America Ferrera), a amiga humana de Barbie, sobre como é impossível ser mulher. Ela reclama sobre como as mulheres nunca são suficientemente boas, ou suficientemente magras, ou suficientemente mães, entre outras demandas inalcançáveis. Nem mesmo Barbie, que é uma boneca teoricamente perfeita, está imune a isso.

O roteiro primoroso de Greta Gerwig é capaz de soltar um grande número de piadas e referências de cultura pop ao mesmo tempo em que traz reflexões muito pertinentes e contemporâneas sobre feminismo e diversas cargas pesadas às quais as mulheres são submetidas. É uma comédia para o público em geral, mas com nuances trágicas específicas para o público feminino, que sente na pele os dramas de Barbie e Gloria.

A diretora consegue o feito de fazer com que todas as mulheres se identifiquem com a Barbie, independentemente de Barbie ter o rosto e o corpo de Margot Robbie. Além de advogada, ganhadora do prêmio Nobel, escritora, astronauta, entre tantas outras, o trunfo do filme é fazer Barbie se atualizar e adicionar mais uma função a seu longo rol de profissões: destruidora do patriarcado.

Barbie estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (20). Confira o trailer:


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