JULIANA LOHMANN
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Juliana Lohmann em foto publicada no Instagram; atriz criou projeto para ajudar vítimas de abuso sexual
Depois que criou coragem para relatar o estupro que viveu aos 18 anos, Juliana Lohmann decidiu lançar um site com depoimentos de outras vítimas de abuso sexual. Atualmente no ar na novela Amor Sem Igual, a atriz da Record encabeça o projeto Mulher Manifesta, para que mulheres possam desabafar sobre a violência que sofreram.
Juliana falou abertamente sobre o abuso que viveu nas mãos de um diretor da Globo quando tinha 18 anos à revista Cláudia em julho deste ano. O relato cheio de detalhes sórdidos atingiu muitas mulheres, que procuraram a atriz de 31 anos para contarem seus próprios traumas.
"Quando o relato saiu, recebi vários outros. Aí eu entendi que seria muito importante que as mulheres tivessem vozes próprias, e não que uma tivesse voz por várias", explicou a artista em entrevista à coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo.
"Todo o processo que passei para escrever o relato foi longo, durou um mês. Foi importante para que entrasse em contato com tudo o que vivi. Eu tive sonhos que me fizeram lembrar de coisas. Tive insights. É uma fase importante e desafiadora. E dolorida também. Ao mesmo tempo, senti que, através dessa escrita afetiva, coloquei para o mundo tudo aquilo", avaliou.
"As mulheres, quando me procuraram, tinham essa intenção: de, em alguma medida, levar para alguém o que elas passaram, tirar das profundezas. Não só delas, mas da sociedade. Porque a violência doméstica está nas profundezas da sociedade. Ninguém fala sobre isso", ressaltou Lohmann.
O Mulher Manifesta reunirá os relatos de situações de violência sexual, além de um parecer da advogada Marina Ruzi, especializada em defesa da mulher, para especificar o tipo de crime sofrido por cada vítima. Um psicólogo também analisará o comportamento de cada depoente para explicar o trauma emocional.
"Ele vai explicar por que a vítima agiu de determinada forma, por que sentiu aquilo. O que percebo é que as pessoas ainda julgam muito as atitudes da vítima, buscam uma coerência, algo racional. Mas, quando a mulher está sendo agredida, é outra história. É diferente ser agredida por alguém que você conhece intimamente, e não por um estranho", declarou a atriz.
"Meu objetivo é que não só a mulher que escreve possa entrar em contato com a dor e conseguir uma voz libertadora, mas que outras sejam atingidas, se identifiquem e pensem em dar um primeiro passo para buscar ajuda. É importante trazer para a esfera pública uma discussão de algo que acontece no âmbito particular", concluiu a intérprete de Cindy na novela da Record.
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