AÇÕES RECORRENTES
REPRODUÇÃO/TV GLOBO e ESTEVAM AVELLAR/TV GLOBO
João Emanuel Carneiro (à esq.) e Walcyr Carrasco enfrentam acusações de plágio por novelas
João Emanuel Carneiro, Aguinaldo Silva, Silvio de Abreu, Gloria Perez e Walcyr Carrasco têm em comum não apenas o fato de terem escrito novelas de sucesso para a Globo. Todos eles, em algum momento da carreira, foram acusados de plágio por diferentes escritores em ações judiciais. O caso mais recente envolve Carrasco e a trama de A Dona do Pedaço (2019).
O Notícias da TV teve acesso à ação registrada no último dia 23 na 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro pelo escritor Arlindo José de Freitas Ribeiro, que acusa a emissora e o novelista por um suposto plágio na novela que contou a trajetória de Maria da Paz (Juliana Paes).
Ribeiro argumenta que é o autor do romance Orient Express: Sonhar Não É Proibido. O único registro da obra foi feito na Biblioteca Nacional, em 2009. Na petição, o escritor afirma que mandou o trabalho à Editora Moderna e à Globo. A editora devolveu e recusou a publicação; a emissora nunca deu resposta e teria ficado com o material impresso.
"A novela apresenta identidades em diversos pontos à obra do autor, em suma, há conflito que resulta em tragédia separando casal, ambos enganados que seu par estava morto, ela descobre que está grávida, anos depois um quase reencontro, um ao saber de alguém com o nome exatamente igual fica intrigado e procura investigar, há reencontro e o par toma ciência de que é o pai", defendem os advogados na petição.
De acordo com Ribeiro, o romance escrito tem um conflito entre nazistas e judeus, enquanto na novela há um embate entre famílias inimigas. Até mesmo a direção de uma cena, em que os olhares dos mocinhos se perdem, é apontada como uma semelhança para sustentar o plágio.
Segundo a Globo, ela e Walcyr Carrasco ainda não foram notificados sobre a ação. A reportagem questionou a emissora se há algum tipo de protocolo interno para blindar os autores de novelas desse tipo de acusação, que é cada vez mais recorrente. Somente nos últimos cinco anos, tramas como O Outro Lado do Paraíso (de Carrasco), Segundo Sol (de João Emanuel Carneiro) e O Sétimo Guardião (de Aguinaldo Silva) enfrentaram processos.
"Nós [a Globo] adotamos uma série de protocolos visando a proteção contra esse tipo de acusação, mas, por uma questão estratégica, não podemos especificar quais", informou a emissora, em nota.
Uma das determinações é para que autores, roteiristas e produtores de conteúdo não recebam obras ou sugestões de tramas de terceiros, justamente para evitar reclamações judiciais.
Casos de acusações de plágio em novelas são antigos. Em 2004, a Globo e Gloria Perez se livraram de indenizar a escritora de Um Clone Bestial, Regina Luzia Lucas da Gama, que entrou com uma ação reclamando de supostas cópias em O Clone (2001).
Na ocasião, a juíza Simone Gastesi Chevrand não só absolveu a emissora e a novelista como ainda aplicou uma multa de R$ 5 mil por má-fé, considerando que não havia elementos de comparação entre as obras.
"[A multa] Trata-se de imposição ética que visa a reafirmar que o Poder Judiciário repele o abuso do direito de ação e sanciona a conduta de todo aquele que dele se utiliza como loteria, ajuizando demandas temerárias em busca de lucro fácil e desmedido ou, mesmo, atrás de notoriedade andywarholiana", destacava a decisão da magistrada.
Um importante diretor da Globo, que preferiu não se identificar, acredita que os escritores que entram com esse tipo de ação de plágio querem apenas "aparecer na mídia", mas o problema é que os novelistas acabam ficando com uma marca de plagiadores --mesmo depois de absolvidos pela Justiça. "É uma tremenda injustiça", desabafou ao Notícias da TV.
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