Aos 73 anos, cantora Vanusa morre um mês após receber alta

A cantora Vanusa Santos Flores morreu na manhã deste domingo (8), aos 73 anos, com insuficiência respiratória. Ela havia recebido alta há um mês, depois de passar 32 dias internada em um hospital em Santos para tratar uma pneumonia. De acordo com a assessoria de imprensa, o enterro da artista será em São Paulo, na segunda-feira (9), em local a ser divulgado. 

Desde que deixou o Complexo Hospitalar dos Estivadores, em 9 de outubro, a cantora se encontrava na casa de repouso onde morou nos últimos dois anos. Por volta das 5h30 da manhã, um enfermeiro percebeu que ela estava sem batimentos cardíacos.

"Imediatamente chamaram a UPA [Unidade de Pronto Atendimento], que constatou insuficiência respiratória como a causa mortis", informou a família, em comunicado divulgado à imprensa. Vanusa sofria com um estágio avançado de uma síndrome demencial caracterizada por declínio cognitivo e com comprometimento das funções sociais e funcionais.

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Os últimos momentos da artista, segundo a família, foram de alegria. "Ontem, ela teve um dia muito feliz com a visita da Amanda, a filha mais velha. Cantou, brincou, riu, se alimentou bem", diz a nota.

Nos anos anteriores, por causa do uso de medicamentos tarja preta em excesso para controlar sua doença, a cantora teve crises de depressão e ficou com a saúde muito debilitada.

O filho Rafael Vannucci viajou para São Paulo para tratar dos trâmites do enterro. Segundo a assessoria de imprensa, o artista optou por não ir para Santos, pois a "família está organizando a ida do corpo da cantora Vanusa para a capital onde será velado". O sepultamento será na segunda-feira. Mais informações sobre a despedida da cantora serão repassadas no decorrer do dia, prometeram os familiares.

Vida dedicada às artes

Vanusa Santos Flores nasceu em 22 de agosto de 1947, na cidade de Cruzeiro, em São Paulo, mas foi criada nas cidades mineiras de Uberaba e Frutal. Aos 16 anos, ela se tornou vocalista do conjunto Golden Lions. Em uma de suas apresentações, foi ouvida por Sidney Carvalho, da agência de propaganda Prosperi, Magaldi & Maia, que a convidou para ir a São Paulo.

Em 1966, durante os últimos anos da Jovem Guarda, apresentou-se no programa O Bom, de Eduardo Araújo, na extinta TV Excelsior de São Paulo. Foi contratada pela gravadora RCA Victor e ganhou êxito com a canção Pra Nunca Mais Chorar. O sucesso a fez participar do programa Jovem Guarda, da TV Record, em suas duas últimas edições. 

Dois anos depois, ela gravou seu primeiro álbum, estreando ainda como compositora em três canções, uma delas em parceria com David Miranda. Em 1973, em seu quarto LP,  já como contratada da gravadora Continental, lançou seu maior sucesso, Manhãs de Setembro, composta em parceria com Mário Campanha.

Em 1975, lançou outro hit: Paralelas, uma composição de Belchior. Protagonizou ao lado de Ronnie Von a telenovela Cinderela 77 (1977), da TV Tupi.

Ao longo de sua carreira, gravou 23 discos e vendeu mais de 3 milhões de cópias. Representou o país em vários festivais internacionais e recebeu cerca de 200 prêmios. Por dois anos seguidos foi eleita a Rainha da Televisão.

Em 1997, publicou sua autobiografia, Vanusa - A Vida Não Pode Ser Só Isso!, pela editora Saraiva. Depois de cinco anos sem gravar e apresentando-se apenas eventualmente, Vanusa estreou em 1999, no Teatro Santa Catarina (São Paulo), o musical Ninguém é Loira por Acaso, escrito e produzido pela jornalista Léa Penteado de quem era amiga desde os anos 1970.

No musical autobiográfico, além dos seus sucessos ela estimulava as mulheres a não abdicar dos seus sonhos. "Eu mesma estou realizando um, que é o de ser atriz", comentou Vanusa. Ela já havia atuado em Hair, em 1973, e na época ouviu do diretor Altair Lima que nunca mais deveria deixar o teatro.

A cantora foi casada duas vezes: com o músico Antônio Marcos, com quem teve as filhas Amanda e Aretha, e com o ator e diretor de televisão Augusto César Vannucci, pai do seu filho Rafael Vannucci.