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NANDO BRANDÃO

Após morte controversa em Amor de Mãe, ator persegue humoristas em Os Parças

VITOR BRÜGGER/BZE STUDIO

Nando Brandão em ensaio fotográfico; ator está no ar na série Os Parças, do Globoplay

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SABRINA CASTRO

sabrina@noticiasdatv.com

Publicado em 12/8/2024 - 21h00

A morte de Lucas (Nando Brandão) suscitou debates na época de Amor de Mãe (2019). Entre tantos personagens corruptos, foi justamente ele --interpretado por um dos únicos atores negros em seu núcleo-- quem morreu. Jéssica Ellen, uma das protagonistas da novela, reclamou em suas redes sociais. "Parem de nos matar na vida e na dramaturgia", desabafou a atriz. 

Agora, o intérprete do advogado pode ser visto na série Os Parças, comédia com Tom Cavalcante e Tirullipa que estreou em junho no Globoplay. Ele, no entanto, não se furta de comentar seu segundo trabalho de destaque na Globo. Embora concorde com as críticas da colega de elenco, também consegue compreender a decisão narrativa da autora da novela, Manuela Dias.

"Vivemos num país onde corpos pretos são assassinados diariamente. É só ligar o telejornal para ter certeza. Quando estamos assistindo a uma novela, por mais que trate de assuntos sérios e importantes, não queremos ver nossos corpos sendo representados dessa forma, com dor e sofrimento. Queremos ver corpos pretos em lugar de destaque, conquistas e poder", discursa o ator em entrevista ao Notícias da TV.

De fato: do total de homicídios registrados em 2022, 76,5% tiveram como vítima pessoas pretas e pardas. Os dados são do Atlas da Violência divulgados neste ano. 

Por outro lado, Manuela tinha um desafio imenso em suas mãos: reescrever uma novela no meio da fase aguda da pandemia de Covid-19. Amor de Mãe chegou a ser paralisada no meio para resguardar o elenco e a produção. Só depois de meses a autora pôde retomar a história, que foi encurtada. Obviamente, ela precisou rever tudo o que tinha planejado anteriormente. 

Além de reconhecer a dificuldade disso, Brandão a agradece pela cena da morte de seu personagem. "Foi um marco na novela e na minha carreira. Um verdadeiro divisor de águas", declara. 

Quando soube que ele iria morrer, foi uma surpresa. Pensei em vários finais para o Lucas, mas não achei que a morte seria como ele acabaria. Lendo a cena, me emocionei com ele se despedindo da mãe, e a única coisa que eu queria levar, era que o Lucas, apesar de todos os seus defeitos, era um homem de bom coração.

O público pensou o mesmo: o ator chegou a receber mensagens de espectadores se compadecendo do personagem no último minuto. Com isso, ele teve uma sensação de "dever cumprido" --a mesma que o tomou após o fim de Pega Pega (2017), seu primeiro trabalho de destaque na Globo, que foi reprisado na pandemia.

Ele vivia a drag queen Kika Bumbum, que entrou na safra de personagens como Sarita (Floriano Peixoto), de Explode Coração (1995), Xana (Aílton Graça), de Império (2014), e Shakira do Sertão (Jesuita Barbosa), de Onde Nascem Os Fortes (2018). Agora, mais uma drag entrará para o grupo: Garota do Momento, a próxima novela das seis da Globo, terá um personagem que fará parte desse universo. O intérprete será Silvero Pereira.

"A minha dica é: se joga! Sem julgamentos. Deixe toda a sua sensibilidade tomar conta de suas ações. O universo drag é o que há de mais incrível para um artista", determina.

Delegado em Os Parças

Agora, Nando Brandão explora seu lado cômico na série Os Parças, encomendada pelo Globoplay a partir do sucesso dos dois filmes do grupo. Ele interpreta o delegado Paixão, que, ao lado da inspetora Rosane (Lucy Ramos), se dedica a provar as pilantragens arquitetadas pelo trio formado por Toinho (Tom Cavalcante), Pilôra (Tirullipa) e Romeu (Bruno De Luca).

Eles buscam libertar o outro integrante da trupe, Ray Van (Whindersson Nunes), que foi sequestrado por engano pela quadrilha de Julião (Jojo Todynho).

Nando Brandão e Lucy Ramos nos bastidores de Os Parças, do Globoplay (Crédito: Arquivo pessoal)

Para Brandão, é como voltar para suas raízes. Um de seus primeiros trabalhos, enquanto ainda estudava teatro na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), foi uma peça chamada O Capeta de Caruacu, na qual interpretava um cavalo com cabeça de gente. "Não tinha fala, mas o público se acabava de tanto rir e fui lembrado por muitos anos por conta dessa personagem. Lá eu entendi que tinha uma boa veia cômica", relata.

O artista, no entanto, tem um dos personagens mais "pé no chão" de toda a bagunça da série. Por isso, ele enveredou também pelo caminho da investigação --afinal, perseguir um grupo de trambiqueiros exige um certo conhecimento de deduções lógicas. Esse é outro caminho conhecido do artista, fã de séries de mistérios desde cedo. Ele cita The Sinner (2017-2021) como uma das suas referências.

"Fui uma criança que amava o original e as sequências de filmes como Pânico [1996] e Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado [1997]", diz, rindo. "Sou mais do mistério, mesmo. Minha brincadeira favorita era transformar meu quarto num quarto de terror e chamar meus amigos para viver situações de medo e suspense. A minha imaginação ia longe", revela.

De espiritismo ao jogo do bicho

Além de Os Parças, o ator esteve recentemente em Nosso Lar 2 (2024), trama na qual o espírito do médico André Luiz (Edson Celulari) precisa resgatar um grupo de protegidos na Terra. Brandão interpreta um dos mensageiros que acompanham o protagonista nesta empreitada. Para isso, ele leu o livro O que É o Espiritismo (1859), de Allan Kardec (1804-1869), e assistiu a documentários sobre a vida de Chico Xavier (1910-2002). 

Em uma das cenas, o artista precisou simular o voo de sua alma liberta --coisa que não foi lá muito confortável. "Filmamos em um estúdio de fundo verde pendurado em um cabo com o ventilador em meu rosto. Demos boas risadas, mas o cabo era tão apertado que incomodava as partes íntimas", revela, rindo.

A confissão remete a um comentário de Antonio Fagundes, que destacou como era difícil gravar as cenas no Além de A Viagem (1994), rodadas num campo de golfe, com os atores descalços. O veterano brincou que sentia dores a cada passo sobre a grama aparada. Brandão não assistiu à novela, embora reconheça seu sucesso. Atualmente, ela é reprisada no canal Viva.

O ator, por outro lado, tem uma ligação bastante próxima com a espiritualidade. "Sempre fui muito sensível e tenho algumas histórias de sonho/realidade. Uma delas aconteceu quando minha avó faleceu. Eu tinha 11 anos e tive um sonho muito real dela me contando como era a morte. E só fui saber que tudo que ela me disse no sonho poderia ser real quando, já adulto, conheci o espiritismo", narra.

Ele começou a frequentar em 2018 um centro de umbanda, onde segue até hoje. "Faz muito sentido na minha vida. Receber o convite para fazer o Nosso Lar 2 foi só uma confirmação de como a espiritualidade age em minha vida, em todos os sentidos", arremata o carioca.

Agora, o ator tem duas produções engatilhadas. Uma delas é o filme Os Enforcados, que fala sobre o universo das escolas de samba e do jogo do bicho. Protagonizado por Leandra Leal e Irandhir Santos, o longa ainda não tem data de estreia.

Ele também integra o elenco de Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente, série produzida pela Max que vai abordar o início da epidemia de Aids no Brasil. Ele interpreta um nova-iorquino, e, por isso, precisou se dedicar às aulas de inglês para ter o sotaque de um nativo. Também maratonou a série Pose (2018-2021) e assistiu ao filme O Clube de Compras Dallas (2013) em sua preparação.

"É um personagem muito importante no momento mais difícil na vida do
protagonista, interpretado pelo meu amigo Johnny Massaro. É por conta do meu personagem, que Fernando, personagem de Johnny, terá sua vida transformada para sempre", adianta ele.

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