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CRÍTICA

Maior acerto de adaptação de Wicked para o cinema é também o seu grande defeito

Divulgação/Universal Pictures

Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande) em Wicked: amizade que desafia rótulos

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LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 21/11/2024 - 20h34

Principal estreia desta quinta-feira (21) nos cinemas, Wicked é a adaptação do espetáculo musical que faz sucesso na Broadway desde 2003 e virou fenômeno no Brasil com suas montagens em 2016 e 2023. O longa acerta em cheio ao ir além das limitações do palco teatral, mas seu maior tropeço está justamente em não ter a mesma estrutura da peça.

Explica-se: o diretor Jon M. Chu decidiu dividir a obra em duas partes, como os dois atos do musical que originaram seu(s) filme(s). Mas, para quem vê a história no teatro, o ápice do primeiro ato é sucedido por uma espera de cerca de 20 minutos até que tudo recomece. No cinema, o público vai ter de esperar até novembro do ano que vem para ver a continuação, deixando a inevitável sensação de que a trama ficou incompleta.

Dito isso, Wicked é uma obra primorosa do início ao fim. Fãs de musicais não terão do que reclamar ao ver a amizade de Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande) nas telonas, com todo o respeito ao material original. E até quem não gosta de cantoria nos filmes, se superar esse preconceito bobo, se deparará com uma história bem construída, que engaja e comove.

A trama bebe na fonte do mundo de O Mágico de Oz, clássico de L. Frank Baum (1856-1919) que foi adaptado para os cinemas em 1939. Aqui, porém, o foco não está em Dorothy nem em Totó, Homem de Lata, Espantalho ou Leão, mas sim em Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, e Glinda, a Bruxa Boa do Norte. 

Antes de serem inimigas mortais, as duas foram companheiras de quarto na Universidade Shiz e desenvolveram uma amizade que desafiou os rótulos e o fluxo normal da sociedade. Elphaba, com a pele verde e o jeito tímido, é o extremo oposto de Glinda, a loira e popular jovem fútil que vive de aparências.

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É justamente essa relação inusitada e inesperada que Wicked explora em sua narrativa, muito antes de Dorothy deixar o Kansas ao ter sua casa arrastada por um furacão e seguir pela estrada de tijolos dourados. 

Apaixonado pelo material original, Jon M. Chu chamou a roteirista do musical, Winnie Holzman, para escrever o texto da adaptação ao lado de Dana Fox. O roteiro respeita todos os pontos principais do espetáculo, mas expande e trabalha melhor a profundidade dos personagens ao mostrar a infância de Elphaba, sua dinâmica com a irmã Nessarose (Marissa Bode) e suas aulas de magia com Madame Morrible (Michelle Yeoh).

As mudanças são sempre para aprofundar, nunca para cortar elementos que causariam reclamações dos fãs --não por acaso, o filme tem duração de duas horas e 40 minutos, mais longo do que os dois atos do musical somados.

Cynthia Erivo, indicada ao Oscar por Harriet - O Caminho para a Liberdade (2019), se prova como uma estrela do primeiro escalão na pele (verde) da protagonista. Ela mostra o amadurecimento da personagem na postura, nas reações que esboça discretamente e até na cantoria --a voz da atriz se transforma e passa de uma menina inocente em The Wizard and I para uma mulher poderosa e imponente em Defying Gravity.

Ariana Grande rouba a cena como o alívio cômico do longa --um papel que ela já exerceu bem durante seus trabalhos como atriz teen da Nickelodeon. Quem está acostumado com a faceta de cantora pop da estrela, porém, vai se chocar ao ver a artista dando um tom de ópera para suas músicas.

O elenco coadjuvante é competente, embora não tenha muito a fazer na primeira parte. Jonathan Bailey (de Bridgerton) convence como o galã Fiyero, que desperta o interesse das duas mocinhas; Jeff Goldblum se sai bem fazendo do Mágico de Oz uma versão exagerada de si mesmo; e Michelle Yeoh traz seriedade e glamour para sua Morrible. A vencedora do Oscar deixa a desejar na hora de cantar --mas, felizmente, só tem um número musical.

A versão dublada do filme ainda conta com Myra Ruiz e Fabi Bang como as vozes de Elphaba e Glinda, respectivamente. As duas repetem no cinema as personagens que viveram nos palcos brasileiros, um afago para os fãs de teatro que lotaram suas sessões --e motivaram uma nova temporada com as atrizes no ano que vem. Confira o trailer de Wicked:

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