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CONVERSA COM BIAL

William Bonner segura o choro ao citar perseguição por apoiadores de Bolsonaro

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

William Bonner de boca aberta no Conversa com Bial

William Bonner ficou com a voz embargada no Conversa com Bial ao citar perseguição política

REDAÇÃO

Publicado em 27/5/2020 - 2h27
Atualizado em 27/5/2020 - 2h46

William Bonner precisou segurar as lágrimas em entrevista a Pedro Bial no Conversa com Bial, exibida na madrugada desta quarta-feira (27). O apresentador do Jornal Nacional comentou com o amigo sobre as perseguições políticas que enfrenta há anos e que ganharam mais força nos últimos tempos por conta da ira dos apoiadores de Jair Bolsonaro contra o jornalismo da Globo.

O âncora do principal telejornal do país segurou as lágrimas e até mudou o tom de voz, que ficou embargada, ao dizer que agiu instintivamente como pai ao tentar defender a honra de seu filho, Vinícius, que vem sendo vítima de constantes golpes por uso indevido de seu CPF. Recentemente, criminosos tentaram cadastrá-lo na lista de beneficiários do auxílio emergencial, que tem pago R$ 600 às pessoas que perderam seus empregos no período da pandemia do novo coronavírus.

"Reagi por instinto. Eu sou pai. E o instinto me fez escrever um texto, voltar à rede social, com o objetivo de apresentar uma denúncia. Coisas estranhas aconteceram. A imprensa deu muita visibilidade a isso, o que foi bom. Mas aí circularam ainda pela internet vídeos que o acusavam efetivamente de ter feito o pedido e recebido. E cobravam isso do pai e da mãe. De William e de Fátima [Bernardes]. Tinha um sujeito chamando meu filho de cafajeste. Era uma coisa que transbordava um ódio", desabafou, visivelmente emocionado.

Sem citar o nome de Jair Bolsonaro, mas fazendo referências indiretas ao presidente da República e a seus apoiadores, ele revelou que precisou contratar um grupo de advogados exclusivamente para cuidarem do encerramento de empresas abertas em nome de seu filho e levantou um questionamento a Bial sobre as identidades das pessoas que estariam por trás desta perseguição.

"Quem, em meio a uma pandemia, com milhares de mortes, com centenas de milhares de pessoas doentes, teria a ideia, do nada: 'Vou fazer o seguinte, não tô fazendo nada, vou entrar no site do Ministério da Cidadania ou do Dataprev, e vou verificar se o filho do William Bonner tentou se inscrever para receber os R$ 600 da ajuda que o governo destina para os que perderam a renda. Esse é o tempo que estamos vivendo hoje", refletiu.

Bonner raramente concede entrevistas, e usou a maior parte de seu espaço no talk show de Bial para falar dos tempos difíceis do exercício de sua profissão. Desde 2016 ele enfrenta dificuldades para frequentar lugares públicos, pois os ataques a jornalistas da Globo foram intensificados.

Ele relatou que o risco que corria de pegar uma ponte aérea do Rio para São Paulo afetou duas fases sensíveis de sua vida pessoal: acompanhar de perto os tratamentos médicos que seus pais fizeram, em 2016 e em 2018, antes de morrerem. "Ia de carro todos os fins de semana a São Paulo. É dessa forma que isso [perseguição política] me afeta", disse.

Mas foi em 2018, no período da campanha eleitoral à presidência do Brasil, que ele se deu conta de que era necessário viver em isolamento social para manter sua integridade física. Na manhã de um sábado, por volta das 10h, Bonner foi a uma padaria no bairro da Lagoa, no Rio, e foi hostilizado por uma mulher bêbada.

"Ela se viu no direito não somente de me insultar em público e aos brados, ela fazia a 1,5 m de distância do meu rosto. E eu não posso reagir a isso, apenas falava: 'Não faça isso'. E as pessoas ao redor num constrangimento atroz. E eu querendo me livrar de um insulto. Me sinto culpado de ser insultado na frente das outras pessoas e estragar o dia das outras pessoas. Elas estão tomando um café, comendo um pão na chapa", lembrou.

Bial encerrou a entrevista exibindo uma reportagem que fez ao lado de Bonner em Juazeiro do Norte, no Ceará, para acompanhar uma romaria em homenagem ao padre Cícero (1844-1934), em 2006. Na ocasião, os dois jornalistas foram recebidos pela multidão como verdadeiras celebridades. "Será que algum dia teremos isso de volta?", questionou o apresentador.

"Acho que não. Hoje, infelizmente, seria impossível isso, porque hoje você teria grupos para hostilizar a simples presença de uma câmera de televisão, da imprensa. Você poderia ser agredido fisicamente. Os tempos ficaram realmente diferentes e não melhoraram", finalizou.

Confira alguns trechos da entrevista de Bonner e Bial compartilhadas no Twitter:

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