COVARDIA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
William Bonner na edição de segunda (25) do Jornal Nacional: âncora da Globo é vítima de ataques virtuais
REDAÇÃO
Publicado em 26/5/2020 - 12h05
Atualizado em 26/5/2020 - 12h35
Menos de uma semana depois de denunciar uma fraude envolvendo o filho, Vinícius Bonemer, William Bonner voltou a ser alvo de ataques virtuais. Em nota divulgada na manhã desta terça-feira (26), a Globo informou que o âncora do Jornal Nacional e uma de suas filhas receberam mensagens de WhatsApp, originadas de número telefônico com o prefixo 61, de Brasília, com dados fiscais sigilosos dele e da família.
A emissora repudiou o que classifica como "intimidação" ao jornalista e disse que o apoiará na "busca e na punição dos responsáveis pelo desrespeito ao sigilo previsto na Constituição".
Na última quinta (21), Bonner usou o Twitter para apontar que Vinícius Bonemer foi vítima de fraude do programa de auxílio emergencial do governo, que paga R$ 600 para quem ficou sem renda com a pandemia do coronavírus. O âncora relatou ainda que o CPF do filho tem sido utilizado por estelionatários há três anos.
O fato novo é que o jornalista e uma de suas filhas do casamento com Fátima Bernardes receberam no WhatsApp uma lista de endereços relacionados a ele e os números de CPFs dele, da mulher, filhos, pai, mãe e irmãos. Isso "abre a porta para toda sorte de fraudes", reforça a Globo.
Em entrevista ao jornal Estadão, Bonner comentou a defesa feita pela emissora: "O apoio da Globo e dos colegas são reconfortantes. O episódio de ontem (25) foi uma clara intimidação. Quem quer fraudar não avisa, não manda mensagem como ameaça. Como a única coisa que faço na vida é ser jornalista, fica claro o propósito de intimidar. Não vão conseguir. Com o apoio da Globo e dos colegas, pelos meios legais, vamos encontrar os culpados para que sejam punidos".
Veja abaixo a nota, na íntegra:
"A Globo repudia a campanha de intimidação que vem sofrendo o jornalista William Bonner e se solidariza com ele de forma irrestrita. Há dias, um fraudador usou de forma indevida o CPF do filho do jornalista para inscrever o jovem no programa de ajuda emergencial do governo para os mais vulneráveis da pandemia."
"Para isso se aproveitando de falhas no sistema, que não checa na Receita Federal se pessoas sem renda são dependentes de alguém com renda, fato denunciado publicamente pelo próprio jornalista que apresentou notícia crime junto ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro."
"Agora, tanto o jornalista quando a sua filha receberam por WhatsApp em seus telefones pessoais mensagem vinda de um número de Brasília com uma lista de endereços relacionados a ele e os números de CPFs dele, de sua mulher, seus filhos, pai, mãe e irmãos, o que abre a porta para toda sorte de fraudes."
"A Globo o apoiará para que os autores dessa divulgação de seus dados fiscais, protegidos pela Constituição, sejam encontrados e punidos. William Bonner é um dos mais respeitados jornalistas brasileiros e nenhuma campanha de intimidação o impedirá de continuar a fazer o seu trabalho correto e isento. Ele conta com o apoio integral da Globo e de seus colegas e está amparado pela Constituição e leis desse país."
Nesta terça (26), as fraudes no auxílio emergencial foram pauta do Encontro. Fátima Bernardes usou o caso do filho para tratar sobre o problema. "O CPF do meu filho foi usado como se ele estivesse dando entrada no pedido do auxílio emergencial. Era o nome dele, o meu nome, que não é difícil de saber, data de nascimento dele e o CPF. A carteira de motorista dele estava na internet", explicou ela.
"Se não é uma pessoa da imprensa [do jornal Meia Hora] pra questionar e cobrar, como se ele realmente tivesse dado entrada naquilo, o que é uma mentira porque ele nem poderia [pedir o auxílio], nós não teríamos sabido. É dependente nosso, meu e do William [Bonner]. Ele só estuda. O que nos preocupa é a proporção das fraudes. São muitos os golpes", lamentou a jornalista.
"Nós não sabemos se o dinheiro foi ou não sacado, nós acionamos advogados. Quantas pessoas não estão sacando dinheiro ilegalmente? A gente dá o CPF em tudo quanto é lugar", falou Fátima, que entrevistava um perito digital.
Na denúncia que fez no Twitter, William Bonner também questionou quantas pessoas não teriam sido vítimas de fraudadores. "Meu filho não fraudou, é vítima e pode provar. Não se zelou pela aplicação do dinheiro público? Quem protege os cofres públicos da ação de estelionatários ou de pessoas mal intencionadas?", escreveu o jornalista.
"De nossa parte, apresentaremos nova queixa-crime. Da parte dos gestores do auxílio emergencial, esperamos apuração rápida da fraude, para que se resguardem o patrimônio público e a confiança dos cidadãos nos mecanismos de controle desse programa", desejou Bonner.
Confira abaixo os tuítes do âncora e editor-chefe do Jornal Nacional:
Organizando em thread pra facilitar a leitura:
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
Interrompo meu silêncio no Twitter para denunciar uma injustiça e uma fraude com dinheiro público.
Primeiro, a injustiça.
Constituí advogados para encerrar todas as falcatruas, devidamente denunciadas à polícia, com queixas registradas em boletins de ocorrência.
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
Por justiça, não deveria ser assim. Meu filho e qualquer cidadão vítima de estelionato precisariam ser defendidos pela burocracia, em vez de punidos por ela.
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
Na terça, dia 19, fui informado de que o jornal Meia Hora tinha obtido documentos do suposto registro de meu filho no programa de auxílio emergencial do governo. Meu filho não pediu auxílio nenhum, não autorizou ninguém a fazer isso por ele. Mais uma fraude, obviamente.
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
Portanto, quem quer que viesse a usar o nome, o CPF e dados pessoais dele deveria receber como resposta ao pleito um “não”. Mas, pelo que vimos ao consultar o site do Dataprev, o pedido de auxílio feito por um fraudador foi aprovado.
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
Leio no Globo que a Dataprev não verificou na Receita se os CPFs, embora pertencentes a pessoas sem renda própria, eram de dependentes de cidadãos com renda (como filhos, filhas,parceiros,parceiras). Quantos entre esses foram vítimas de fraudadores, como aconteceu com meu filho?
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
Como já informei, há 3 anos meu filho tem sido alvo de golpes de estelionatários, denunciados à polícia.
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
Neste caso, o crime é contra ele, contra todos os que tiveram seus nomes indevidamente usados, e também contra todos os brasileiros, porque ataca os cofres públicos.
E para que o controle eficaz do programa não prejudique ainda mais aqueles cidadãos que realmente precisam do auxílio neste momento tão doloroso.
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
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