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No pique

Violência obriga jornalista a ficar no 'armário' do futebol, diz Avallone

Reprodução/CNT

O jornalista esportivo Roberto Avallone, afastado da TV desde 2012, em evento na CNT - Reprodução/CNT

O jornalista esportivo Roberto Avallone, afastado da TV desde 2012, em evento na CNT

PAULO PACHECO

Publicado em 16/2/2014 - 7h25
Atualizado em 4/3/2014 - 13h38

O jornalista esportivo Roberto Avallone, 64 anos, nunca disse claramente que torce para o Palmeiras. Mas basta vê-lo em um único programa para saber sua preferência pelo Palestra. Apresentador mais conhecido do programa Mesa Redonda, da Gazeta, ele atribui à violência das torcidas o fato de jornalistas esportivos se manterem no "armário" do futebol, sem revelar seus clubes de coração.

“Atualmente, é complicado. O futebol deixou de ser tão bem humorado. Penso que, com o advento das torcidas organizadas, o futebol ficou mais tenso, mais violento”, diz.

Fora da TV desde 2012, quando saiu da CNT, Avallone atualmente tem um blog no UOL, mas está voltando para a Rádio Globo, onde irá participar da cobertura da Copa do Mundo, em junho. “As negociações estão adiantadas, mas não posso entrar em detalhe nenhum antes de fechar totalmente”, pondera. A volta para a TV também está nos planos, mas ainda não fechou com nenhuma emissora.

Famoso pelos bordões “No pique” e “Jornalismo Futebol Clube”, Avallone conta que muitos deles surgiram pela necessidade de enfatizar o que falava. “Fui colocando jargões que eu não fazia, mas pegaram bem. Na TV, nem sempre o que se que dar ênfase sai tão enfático, ou a ironia sai tão irônica. Então eu comecei com ‘exclamação’, ‘interrogação’, ‘1, 2, 3, 4’”, conta Avallone.

Irreverente, Roberto Avallone defende o bom humor na cobertura esportiva e acredita que o futebol deve ser levado como uma forma de entretenimento. “Tem que ser tratado como espetáculo mesmo. É que a violência às vezes toma conta de muitas coisas, inclusive do futebol”, pondera.

Mesa Redonda

Com mais de 40 anos de carreira no jornalismo esportivo, quase 20 dedicados ao jornalismo impresso, foi na televisão que Avallone ganhou notoriedade. Em 1984, tornou-se diretor de esportes da Gazeta para, no ano seguinte, reinventar o clássico programa de debate esportivo dos domingos, o Mesa Redonda, que comandou até 2003, quando foi demitido da emissora.

“Eu fiquei na Gazeta durante 20 anos. O programa já existia, mas tinha parado, aí me pediram pra reviver o Mesa Redonda. Tentei implementar mais jornalismo, porque eu venho de mídia impressa, do Jornal da Tarde”, relembra Avallone.

No Mesa Redonda, Avallone personificava a rivalidade entre Corinthians e Palmeiras em discussões com o colega corintiano Chico Lang, que está na Gazeta até hoje. Mas a “briga” mais contundente aconteceu em 1997, quando Milton Neves, então na rádio Jovem Pan, pediu direito de resposta após Avallone criticar seu trabalho. A discussão esquentou até Milton Neves chamá-lo de medíocre e mentiroso.

“Foi o calor do momento. Passou, ficou para trás, está tudo bem”, declara Avallone, que diz manter contato com Milton Neves.

Assista à discussão entre Roberto Avallone e Milton Neves no programa Mesa Redonda, da Gazeta, em 1997:

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