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NO ENCONTRO

Roberta Rodrigues chora por menino assassinado: 'Escravidão não acabou'

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Imagem de Roberta Rodrigues com bandeiras de luta do movimento negro

Roberta Rodrigues com bandeiras de luta do movimento negro; atriz falou sobre o caso João Pedro

REDAÇÃO

Publicado em 20/5/2020 - 11h42

Roberta Rodrigues chorou ao comentar sobre o caso João Pedro, menino que foi assassinado por policiais no Morro do Vidigal na terça-feira (19). Com a voz embargada, a artista, que nasceu na mesma comunidade do garoto, lamentou o acontecido e disse estar cansada de ver notícias de jovens pretos mortos. "A escravidão não acabou", declarou ela durante o Encontro desta quarta (20).

"Este nem é um bom dia. Sou nascida e criada no Vidigal e já perdi muitos amigos. Vou ser bem sincera, já estou cansada de ligar a TV todos os dias e ser mais um, e a gente não ter uma solução para isso", começou a atriz, lembrando que sua mãe e vários outros parentes e amigos são moradores do morro que sofreu com um tiroteio no começo da semana.

Roberta falou também sobre a falta de leis que preservem as vidas dos moradores das favelas, principalmente os pretos. "Essa questão não só do João Pedro. Todo dia é a mesma coisa. Quero que a gente tenha políticos que entendam que o melhor do mundo é o ser humano", disse ela. "Quando eu falo de comunidade, falo também da Rocinha, do Complexo do Alemão. 99% de uma comunidade, são pessoas do bem", afirmou a atriz.

A artista, que é uma voz bastante ativa nas comunidades do Rio de Janeiro, comentou sobre o preconceito que todos os moradores sofrem e o medo que sentem da polícia. "A gente não pode mais aceitar essa polícia, esse regime. Não adianta ter só operações, a gente precisa resgatar a comunidade. Tem que pensar no estudo, criar uma sociedade onde eles possam ter direitos", pediu.

"Tem que tratar todo mundo com dignidade, respeito. A gente continua vivendo na senzala, a escravidão não acabou", afirmou a atriz. Confira um trecho da entrevista:

"Quero que o policial suba na comunidade para dar aula de violino, que aquela criança que está olhando, veja esperança, veja um herói. É triste a gente ter medo da polícia", desabafou ela, ao lembrar de projetos que não foram para a frente e falar sobre um estudo que mostra que muitos meninos dos morros sonham em se tornar policiais na esperança de "ser alguém" na vida.

Patrícia Poeta aproveitou o gancho do assunto social para falar sobre o trabalho de arrecadação que Roberta está fazendo para distribuir cestas básicas nas favelas durante a pandemia da Covid-19. "O mais legal de quando você entra em um lugar de caos, é descobrir que tem muita gente do bem", comemorou. "Com isso a gente pode ajudar as pessoas que vivem em estado crítico", seguiu ela.

A apresentadora mencionou a proatividade de Roberta no meio das comunidades e lembrou de outras situações que a artista também usou sua influência para ajudar as famílias não só do Vidigal, mas de outros morros, como a vez que os moradores foram afetados por fortes chuvas.

"Eu faço tudo o que eu posso, me desdobro", disse ela. "É muito triste falar que eu saí do Vidigal para poder viver de uma forma mais digna. Isso não tinha que existir. É o lugar que eu amo, é onde está minha família", desabafou Roberta.

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