THAIS FURLAN
Divulgação/Record
Thais Furlan passa por revista antes de entrar no presídio para investigar o caso de Jeff Machado
A jornalista Thais Furlan está acostumada a se debruçar em temas que tirariam o sono de muita gente. Repórter da Record há 18 anos, ela se especializou na editoria policial e, neste domingo (14), estreia a série Doc Investigação, com 12 episódios que retratam uma dúzia de crimes que o Brasil jamais esqueceu. Para o trabalho, entrou em presídios e ficou frente a frente com assassinos. "Teve um que me xingou. Outro disse que, se eu aparecesse outra vez na casa da mãe dele, teria um saco cheio de urina lá esperando para ser jogado em mim", conta ela.
As ameaças não tiram seu sono. "Eu sou destemida e estou acostumada. Sou repórter raiz, minha vida é entrar em presídios, já entrei em todos do Estado de São Paulo, em vários do país. Vou tranquila e satisfeita", resume Thais em conversa com o Notícias da TV. "Sou especialista na área policial, gosto do que faço, e é um assunto que me fascina."
Ela entende, no entanto, porque nem todos compartilham de seu entusiasmo pelo estilo de vida. "Para fazer o que eu faço, é preciso ser apaixonado. Tem que gostar de ler processos, inquéritos com milhares de páginas... E você se depara com detalhes sórdidos, é pesado", reconhece. "Mas eu senti que ganhei na loteria quando me convidaram para o Doc Investigação."
Neste domingo (14), chegam no PlayPlus os três primeiros episódios, que mostram os casos do menino Bernardo Boldrini, morto aos 11 anos pela madrasta; do ator Jeff Machado, encontrado dentro de um baú quatro meses após seu assassinato; e da chacina dos Pesseghini, na qual cinco integrantes da família de um policial foram assassinados.
Para Thais, os casos mais difíceis são os que envolvem crianças --afinal, ela também tem filhas. Assim, ficou mexida quando mergulhou no caso de Bernardo e no do pediatra Eugênio Chipkevitch, que abusava de seus pacientes. "Nesses dois, eu chorei durante a captação. Mas tento não me contaminar. Falo com minhas filhas o dia inteiro e, quando estou tensa com alguma cobertura, ouvir as vozinhas delas me acalma", entrega.
Todos os dias da minha vida, eu tenho certeza de uma coisa: vou para o cemitério, para a delegacia ou para o IML [Instituto Médico Legal]. Estou sempre no pior dia da vida das pessoas que encontro, seja uma mãe que perdeu os filhos, um marido que perdeu a esposa... Você acaba criando uma casca.
Para a primeira temporada do Doc Investigação, Thais se jogou de cabeça no trabalho. Apesar de a equipe contar com 50 pessoas, ela fez questão de participar de toda a produção. Viajou o país inteiro e também foi para o exterior. Fez mais de 220 entrevistas, algumas delas com pessoas que nunca tinham aceitado falar antes.
A negociação com alguns criminosos, diz ela, foi a parte mais difícil. "Mas eu coloquei na cabeça que não dá para falar sobre crimes reais sem conversar com o autor. Você quer entender a mente do responsável. Parti da premissa de que quase todo criminoso é narcisista, quer uma propaganda do que fez. Se ele não quer ficar escondido, vou insistir porque uma hora ele vai falar."
Para uma das entrevistas, Thais passou três dias em uma viagem de ônibus até a casa da irmã de um criminoso. "Foram três dias sem tomar banho, sem ter a certeza de que ele ia topar falar. E deu certo! A minha receita é não desistir. Aqui na Record todo mundo diz que eu sou muito otimista, me apelidaram de Alice, porque vivo no País das Maravilhas (risos). Mas a equipe entrou nessa onda de otimismo também, foi muito bom ter eles comigo."
A ideia é que o Doc Investigação não se encerre nos 12 primeiros episódios. "Em março [do ano passado], quando me pediram para selecionar os casos, saí contatando todos os assassinos, condenados e foragidos que poderiam participar. Foram mais de 30, muitos eu só recebi a resposta em novembro para gravar em dezembro. E já estou à caça de outros para uma segunda temporada, em negociação avançada para eles falarem", adianta.
Confira o trailer da série documental do PlayPlus:
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