CONTEÚDO PROBLEMÁTICO
REPRODUÇÃO/DISNEY
Cena do filme clássico Dumbo, lançado em 1941, remasterizado; corvos representam negros de forma ruim
Com o objetivo de reparar erros do passado, a Disney aumentou o alerta de racismo em filmes clássicos disponíveis no catálogo do Disney+, seu serviço de streaming ainda inédito no Brasil. Filmes como Dumbo (1941), Peter Pan (1953), A Dama e o Vagabundo (1955) e Aristogatos (1970) integram a lista de longas com avisos.
De acordo com a BBC, desde novembro de 2019, o Disney+ já mostrava mensagens de alerta aos assinantes, mas se eximindo de culpa: "Este programa é apresentado como originalmente criado. Ele pode conter representações culturais desatualizadas", dizia o aviso.
Agora, a mensagem é mais enfática em afirmar que o conteúdo é problemático. "Este programa inclui representações negativas e/ou maus-tratos de pessoas ou culturas. Esses estereótipos estavam errados na época e estão errados agora", diz o alerta atual.
A empresa ainda acrescenta que a Disney decidiu não remover alguns dos filmes clássicos para poder criar uma reflexão e debate nos dias atuais. "Queremos reconhecer seu impacto prejudicial, aprender com ele e iniciar conversas para criarmos juntos um futuro mais inclusivo", completa a mensagem.
Em Aristogatas, um gato amarelo aparece tocando piano usando pauzinhos, os hashis, uma referência tosca a asiáticos e os talheres utilizados para comer. Em Peter Pan, nativos americanos, índios, são chamados de "peles vermelhas", nome pejorativos criado por colonizadores.
Já em Dumbo, o grupo de corvos que ajuda o elefante mágico a aprender a voar tem "sotaques negros" estereotipados e exagerados. Um dos corvos se chama Jim Crow, uma referência direta ao conjunto de leis segregacionistas racistas no sul dos Estados Unidos.
A princípio, A Canção do Sul (1946) não entrará no catálogo do Disney+ por exibir uma narrativa extremamente racista com o personagem tio Remus. No filme, o trabalhador da plantação perpetua um antigo mito racista de que os escravos eram felizes nas plantações de algodão, uma narrativa criada pelos escravagistas.
O Disney+ chega em novembro ao Brasil, mas ainda não se sabe se o catálogo disponível aos brasileiros contará com estes filmes clássicos e seus alertas de conteúdos que perpetuam racismo.
Confira a lista de filmes clássicos e seus aspectos racistas:
Dois gatos siameses, Si e Am, são retratados com estereótipos anti-asiáticos. Há também uma cena em um canil onde cachorros com sotaque forte retratam os estereótipos dos países de onde suas raças são - como Pedro, o chihuahua mexicano, e Boris, o russo Borzoi.
Um gato siamês chamado Shun Gon, dublado por um ator branco, é desenhado como uma caricatura racista de um asiático. Ele toca piano com pauzinhos.
Um grupo de corvos que ajuda Dumbo a aprender a voar tem vozes negras estereotipadas exageradas. O corvo principal se chama Jim Crow - uma referência a um conjunto de leis segregacionistas racistas no sul dos Estados Unidos na época - e é dublado por um ator branco, Cliff Edwards.
O personagem de King Louie, um macaco com poucas habilidades linguísticas, canta no estilo jazz de Dixieland e é mostrado como preguiçoso. O personagem foi criticado por ser uma caricatura racista dos afroamericanos.
O filme se refere aos nativos como "peles vermelhas", uma calúnia racista. Peter e os meninos perdidos também dançam com cocares, que Disney agora diz ser uma "forma de zombaria e apropriação da cultura e imagens dos povos indígenas". Uma música chamada originalmente "O que torna o homem vermelho vermelho" também foi considerada racista - mais tarde foi renomeada como "O que torna o homem corajoso corajoso".
Um dos filmes mais polêmicos da Disney, que nunca foi lançado em vídeo ou DVD nos Estados Unidos. Sua representação do tio Remus, trabalhador da plantação, perpetua um antigo mito racista de que os escravos eram felizes nas plantações de algodão.
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