TERRORES URBANOS
Divulgação/Record
Cena de A Loira do Banheiro, episódio da série de terror nacional Terrores Urbanos
REDAÇÃO
Publicado em 2/1/2019 - 15h13
A Record estreia nesta quarta (2), às 22h45, a série Terrores Urbanos, uma rara tentativa da TV aberta de produzir dramaturgia no gênero terror. Os cinco episódios contarão histórias independentes, com lendas que povoam o imaginário dos brasileiros, como a Loira do Banheiro, a Gangue dos Palhaços e o boneco Fofão --rebatizado de Amigão.
O problema é que, nas últimas décadas, as produções de terror brasileiras se destacaram por uma característica em comum: a incapacidade de serem levadas a sério pelo telespectador. Com atores caracterizados como monstros, vampiros ou possuídos pelo demônio, as atrações macabras não conseguem chegar a um bom nível de qualidade e geram mais constrangimento do que medo.
Há dois anos, a Globo exibiu o fiasco Supermax, série confusa e bizarra. Nos anos 1990, a Record teve minisséries que misturavam terror e religião, com efeitos especiais trash, como A Filha do Demônio e Olho da Terra.
E o que dizer da novela Os Mutantes, que até hoje faz sucesso --não pela qualidade do seu texto, mas pelo humor involuntário gerado por personagens inusitados como o Homem-Cobra e a Mulher-Aranha.
Relembre cinco séries macabras que só assustaram pela bizarrice:
reprodução/Record
Patrícia de Sabrit em cena de A Filha do Demônio; personagem era possuída por forças do mal
A Filha do Demônio (1997)
A Record marcou a estreia de suas produções bíblicas com um satanismo trash. A Filha do Demônio fez parte de uma leva de minisséries inspiradas em relatos dos fiéis da Igreja Universal. A trama contava a história de Ana (Patrícia de Sabrit), uma garota cuja alma foi vendida para o demônio por seu próprio pai, Mário (Luiz Carlos de Moraes), por US$ 100 mil.
Em sua jornada infernal, A Filha do Demônio chamou a atenção para cenas tão chocantes quando bizarras: a minissérie mostrou um bebê coberto por minhocas e vermes, uma garota matando um cachorro e bebendo o sangue do animal e o diabo sugando o sangue de uma moça "morta" em um ritual (mesmo supostamente sem vida, a intérprete continuava respirando normalmente).
Dois dias após a estreia, o escritor Marcelo Rubens Paiva publicou no jornal Folha de S.Paulo uma crítica na qual exaltava o fator trash: "Filha do Demônio é tão ruim que é ótima. Os cenários são escarnecidos, os efeitos especiais, grotescos, os diálogos, impagáveis. Habituado a um padrão de novela de alta qualidade e rotatividade, o telespectador brasileiro está à frente de um dilema: isso é para ser levado a sério?".
reprodução/Record
Trecho da abertura de Olho da Terra, cuja trama fazia muitas referências à magia negra
Olho da Terra (1997)
Da mesma leva de A Filha do Demônio veio Olho da Terra. O destaque da trama era para a magia negra e os trabalhos de macumba. A grande vilã era Sara (Arlete Montenegro), uma mulher que descobriu a traição do marido, Joel (Roberto Pirilo), com uma mulher mais pobre, que estava grávida. Sara mandou matar a adúltera, e a filha dela, Branca (Valéria Alencar), cresceu sem saber quem eram seus pais.
Já adulta, Branca se apaixonou por Marcelo (Alexandre Frota), filho de Sara e Joel. Para acabar com a relação incestuosa, Sara recorreu a macumbas para tirar Branca do caminho. A jovem só conseguiu ter paz após a chegada de um evangélico.
reprodução/tv Globo
O ator Francisco Milani em cena do primeiro episódio de Casa do Terror, programa da Globo
Casa do Terror (1995)
Na década de 1990, a Globo tentou, de propósito, fazer um tipo de atração de terror que despertasse risadas no telespectador. Só que nenhum dos dois gêneros funcionou muito bem. Casa do Terror tinha como inspiração o nome de uma sessão de cinema, o estilo de atuação de teatro, as obras de Stephen King e o tipo de humor utilizado no TV Pirata (1988-1992).
O primeiro episódio mostrava um casal fanático por sadomasoquismo. Em uma sessão de tortura, o marido acabou morrendo. A mulher, então, se casou com o vizinho. Anos depois o morto voltou para o lar disposto a se vingar e acompanhado de um grupo de zumbis.
Mesmo com investimento em efeitos especiais, a audiência foi baixa, e o programa perdeu feio para o SBT (que no mesmo horário exibia o Topa Tudo por Dinheiro). A série foi tirada do ar bem antes do esperado. Teve apenas dois episódios.
divulgação/tv Globo
Os atores Erom Cordeiro, Mariana Ximenes, Fabiana Gugli e Cleo nas gravações de Supermax
Supermax (2016)
Primeira série de terror intenso da Globo, Supermax começou com ares de reality show, mas as mortes estranhas e o surgimento de seres sobrenaturais no presídio em que estavam os personagens deixaram telespectadores sem entender nada.
O cativeiro macabro não prendeu a atenção, e os atores não conseguiram segurar a história sem pé nem cabeça. Na reta final, a produção derrubava pela metade o ibope de Nada Será Como Antes. Terminou como a pior audiência da história dos seriados da Globo. Teve menos público até do que a americana Lista Negra.
divulgação/Record
O personagem do ator André Mattos virava vampiro em Os Mutantes - Caminhos do Coração
Os Mutantes - Caminhos do Coração (2008)
Única novela na lista, Os Mutantes surgiu com o propósito de contar a história de amor entre uma artista de circo e um policial, mas aproveitou o sucesso da série Heroes (2006-2010) para colocar seus próprios heróis e vilões na trama, em cenas de terror (e humor) involuntário.
A novela teve personagens macabros como um vampiro, Mulher-Aranha, Homem-Cobra, Rainha Formiga (e seus formigões), Homem-Gelo, Mulher-Zumbi e o incrível Pesadelo. Interpretado por Felipe Adler, seus poderes envolviam invadir a mente das pessoas e matá-las com seus piores pesadelos (livremente inspirado em Freddy Krueger, da franquia A Hora do Pesadelo).
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