CHANCE DE CANCELAMENTO
DIVULGAÇÃO/BAND
Rafael Cortez na época em que trabalhava no CQC (2008-2015); programa seria cancelado hoje?
Rafael Cortez teve sua carreira marcada pelo trabalho no CQC (2008-2015), programa de humor ácido que fez sucesso na Band. Porém, o apresentador duvida que a atração sobreviveria ao cancelamento das redes sociais e explica que o politicamente correto impede a volta do formato. "Para isso [voltar ao ar agora] tem que ter muito culhão, porque as pessoas estão sensíveis", opina ele em entrevista ao Notícias da TV.
O comunicador reflete sobre a falta de espaço para atrações no estilo do Custe o Que Custar atualmente. "Enquanto a gente estiver com todo esse patrulhamento ideológico se levando tão a sério, tão melindrosos, tão inquisidores… Todos nós estamos um pouco inquisidores na piada alheia, do comentário alheio. A gente está levando tudo a ferro e fogo."
"Enquanto ficar com essa coisa muito patrulhada, é impossível realmente que um programa como o CQC aconteça. Pode até voltar um dia o CQC ou um genérico, mas vai ser um programa cancelado na primeira porrada que der. A menos que dê essa porrada tocando um grande fod*-se", dispara.
Para isso, tem que ter muito culhão, porque as pessoas estão muito sensíveis --e elas pedem as cabeças mesmo. Elas vão pedir a cabeça de quem fizer a piada incorreta e, se não derem a cabeça, eles vão nos anunciantes, nos contratantes. É uma escala maluca. Eu não acredito que esse fenômeno dure por muito tempo, mas o politicamente correto impede a volta de um CQC ou um programa genérico do tipo.
Longe da telinha desde o fim do Matéria Prima (2021-2022), da TV Cultura, Rafael tem se dedicado ao stand-up e ao trabalho como palestrante no projeto Atitude Transformadora. Ele conta que até foi sondado para alguns projetos na TV aberta nos últimos tempos, mas recusou.
"Não aceitei porque não eram projetos importantes, apaixonantes. Eu me veria fazendo mais do mesmo. Eu tenho com a TV um critério muito definitivo. Eu fiz parte de um programa muito legal, que foi o CQC, depois tive oportunidades muito bacanas. Eu tenho que honrar essa trajetória", justifica.
"O projeto que me fizer voltar para a TV aberta tem que ser encantador, tem que pelo menos me desafiar. Tenho que me sentir feliz, com autonomia, com liberdade e, acima de tudo, contente de estar trabalhando. A vitrine pela vitrine não me interessa. Estar na TV só por estar realmente não faz meu estilo."
Cortez ainda lamenta o fim do Matéria Prima e afirma que fazia o programa com muito amor. O apresentador também adianta que voltará à TV no ano que vem. "É um projeto de criação autoral, um projeto que eu concebi e que vai ser colocado no ar corajosamente por uma emissora corajosa", promete, sem entregar muitos detalhes do formato.
O comediante também comenta a dificuldade de fazer humor na atualidade sem esbarrar em militâncias. "Tenho certeza que hoje em dia está mais difícil fazer stand u-. Claro, se o critério para se fazer stand-up continuar sendo o de se apoiar naqueles tipos de piadas que a gente fazia em 2008, 2009, 2010, 2011… Na época do CQC", afirma.
"Para quem ainda estiver apaixonado por esse tipo de temática, fazer stand-up hoje é quase impossível. Para quem estiver ainda saudosista demais daquele tipo de humor, fazer stand-up hoje naqueles moldes é tiro, porrada e bomba. Sei de vários comediantes que seguem fazendo isso e têm público, sim, porque existe muita gente saudosista de um tipo de comédia que não se faz mais por conta do politicamente correto em 2023", provoca.
Rafael explica como tem driblado esse cancelamento: "Eu já parto do princípio de que é preciso dançar a dança do momento. Se esse é o momento em que a gente não pode fazer algumas piadas, eu não faço. Eu encontrei zonas muito confortáveis para fazer comédia. Como relacionamento, por exemplo. Eu faço muitas piadas de relacionamento afetivo".
Isso tem sido muito tranquilo para mim. Eu tenho passado ileso aí nessa porradaria toda, mas também porque eu nunca fui para as porradas mesmo, eu nunca fui confrontar nada. Nunca fui problematizar um tipo de piada, mesmo na época do CQC.
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