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PRECONCEITO

Queridinho do público, Agostinho era racista no início de A Grande Família

Blenda Gomes/TV Globo

Pedro Cardoso caracterizado como Agostinho Carrara aparece de braços cruzados sentado em sofá

Personagem de A Grande Família, Agostinho Carrara (Pedro Cardoso) já foi racista em episódio

ANDRÉ CARLOS ZORZI

azorzi@noticiasdatv.com

Publicado em 30/3/2021 - 7h00

Agostinho Carrara é considerado um dos personagens mais icônicos de A Grande Família, série da Globo que completou 20 anos de sua estreia na segunda-feira (29). Mesmo sete anos após sua despedida, o personagem vivido por Pedro Cardoso segue presente no imaginário popular. Apesar da simpatia, o taxista teve comportamento explicitamente racista na primeira temporada do programa.

A situação ocorreu no capítulo A Melhor Casa da Rua, exibido em 13 de setembro de 2001 e que trouxe uma participação de Milton Gonçalves na pele de Otávio, o novo vizinho que havia acabado de se mudar para o imóvel mais caro da região.

Relembre a trama, falas e comportamentos que demonstram o preconceito do personagem a seguir:

Negro como suspeito

O programa começa com policiais em frente ao local e uma multidão de curiosos nas proximidades. Ao chegar na casa da família Silva, Agostinho explica: "Eu que chamei a polícia. Estava indo para o trabalho e passei em frente àquela casa grande, bonitona, tinha um cara suspeitíssimo entrando. O que fiz? Peguei meu celular e polícia nele!".

Lineu (Marco Nanini) e Nenê (Marieta Severo) saem para conferir o que está acontecendo. Eles voltam criticando a irresponsabilidade do genro após descobrirem que a razão para a suspeita se devia ao fato de o vizinho ser negro: "Agostinho, ele é o novo dono da casa! É o proprietário!".

'Ele é preto'

"Que é isso, dona Nenê? (risos) Que proprietário nada, aquela casa enorme, com dois andares? Como é que pode isso? Não pode! Ele é... É... Você viu o sujeito, lá...", desconversa Agostinho, antes de ser pressionado a concluir a fala. "Gente, pô, ele é preto!", destila.

A visão racista do personagem é defendida por sua mulher, Bebel (Guta Stresser): "O Agostinho vê um cara entrando na melhor casa da rua e ainda leva uma dura por ter chamado a polícia? Como ia adivinhar que o cara é dono da casa se o cara é.... É... Afro-brasileiro?".

Estereótipos

Depois, a família recebe o personagem de Milton Gonçalves para um almoço. Agostinho continua reforçando estereótipos atribuídos à negritude, perguntando se Otávio "se amarra num futebol" e, ao saber que seu pai era músico, questiona: "Sei como é, pagodeiro, né?".

Quando o vizinho se afasta para atender um telefonema, o marido de Bebel insinua que "tem alguma coisa estranha acontecendo". "Tem, você com sua cabeça cheia de preconceito", se revolta Lineu. "Que preconceito? O cara não sabe jogar futebol, não sabe rebolar. O pai do cara ainda toca esse negócio de 'oboé' [instrumento de sopro]", continua o personagem de Pedro Cardoso.

Acusação de roubo

Após a família se despedir de Otávio, Agostinho coloca a mão no bolso e sente falta de algo. "Roubaram meu celular! E qual foi a última pessoa estranha que entrou aqui em casa? É claro que foi ele!", acusa.

Mais acontecimentos ocorrem em seguida, incluindo uma "invasão" de Lineu e Agostinho ao escritório de Otávio para procurar o celular supostamente roubado. A dupla acaba levando um aparelho encontrado lá. Só depois de atender a uma ligação e destratar o chefe do vizinho, o marido de Bebel se dá conta de que havia perdido seu celular no sofá e, na verdade, acabou cometendo um roubo com seu sogro.

'No Brasil, ninguém é racista'

Ao perceber toda a confusão e o racismo praticado por Agostinho, o personagem de Milton Gonçalves fala sobre sua condição social: "Para chegar onde eu estou, tive que enfrentar muitos racistas como você".

Quando Lineu nega ser preconceituoso, Otávio se revolta, em um discurso forte: "Não! No Brasil ninguém é racista. O Lineu não é racista! No Brasil não tem racista! Somos todos iguais, não é verdade? Até que o criolo compra uma casa melhor que a do vizinho branco", detona.


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