Sem castigo
Divulgação/TV Globo
O modelo Vinícius Manne ficou pelado na abertura da novela Brega & Chique, em 1987
REDAÇÃO
Publicado em 4/10/2017 - 5h17
Uma exposição de arte no MAM de São Paulo, com uma performance de um homem nu, gerou comoção nas redes sociais e virou até caso de polícia. Meses atrás, o programa Amor & Sexo foi muito questionado quando mostrou um dançarino pelado. O ano de 2017 tem sido de muita gritaria contra a nudez e de ameaças de censura à mídia e à arte, mas em algumas décadas passadas era normal ver homens e mulheres pelados na TV, inclusive ao lado de crianças.
Em 1977, por exemplo, um homem tirou toda a roupa numa novela e chamou a atenção do público: Tony Ramos. Em O Astro, ele se destacou como o personagem Márcio Hayala, que resolveu se despir de tudo que o pai havia lhe dado e saiu da mansão sem nada.
Nos anos 1980, além de apresentadoras infantis aparecerem em trajes mínimos para suas plateias, novelas como Brega & Chique (1987) e Tieta (1989) mostravam corpos despidos todos os dias em suas aberturas. Já Xica da Silva (1996), na década seguinte, tinha diversas cenas de Taís Araújo nua _boa parte delas foi gravada quando a atriz ainda era menor de idade.
Relembre momentos da TV brasileira de uma época em que a nudez ainda não era tão castigada:
reprodução/tv globo
Tony Ramos tirou toda a roupa em cena dramática da novela O Astro, sucesso de 1977
Nu e humilde
Ainda em meio à Ditadura Militar (1964-1985), Tony Ramos tirou a roupa e fez discurso anticapitalista em O Astro, novela das oito da Globo. O personagem dele, Márcio Hayala, se irritou com o abuso de poder do pai e fez voto de pobreza dramático. Em uma reunião em sua mansão, tirou toda a roupa (a cena mostra o ator tirando até as calças, mas não mostra genitália) e rejeitou a fortuna do pai.
"Uma cena bonita, eu fui tirando a roupa, fui para o jardim da mansão e o jardineiro delicadamente coloca uma capa de chuva sobre meu corpo, e pousa um pássaro", lembrou Ramos ao Memória Globo.
divulgação/tv globo
A abertura original de Brega & Chique, sem a folha de parreira imposta pela Censura Federal
Nu com a mão no bolso
Ao som de Pelado, da banda Ultraje a Rigor, o modelo Vinícius Manne finalizava a abertura de Brega & Chique exatamente como o título da música. Primeiro, ele aparecia de frente, cobrindo a genitália. Depois, virava de costas e andava com o bumbum à mostra.
A Censura Federal, que dava seus últimos suspiros autoritários, não achou de bom tom e exigiu que o traseiro do modelo fosse coberto por uma folha de parreira. Mas o público, menos conservador do que hoje, não gostou e pediu a volta da abertura original. Após negociações entre Globo e Censura, o bumbum de Manne foi liberado.
Dois anos depois, a abertura de Tieta foi criada com o objetivo de misturar a beleza natural brasileira com a beleza feminina. Isadora Ribeiro foi a modelo escolhida para mostrar os seios de vários ângulos. Dessa vez, não houve censura.
reprodução/manchete
Taís Araújo em cena de Xica da Silva: novela cheia de cenas de nudez marcou carreira da atriz
Nua e de menor
Em 1996, Taís Araújo tinha apenas 17 anos quando conseguiu o papel de protagonista em Xica da Silva, da extinta Manchete. A questão é que a personagem tinha diversas cenas de nudez, tanto em contextos inocentes, como um banho de rio sozinha, quanto em sequências de sexo quase explícito (apenas a genitália era poupada).
Para evitar problemas com o Juizado de Menores, a Manchete decidiu adiar a exibição das cenas em que Taís aparecia pelada para depois de seu aniversário de 18 anos (50 dias após a estreia da novela). Quando a atriz se tornou maior de idade, a nudez dela passou a ser frequente na trama.
Antes de Xica da Silva, a Manchete já havia exibido diversas atrizes nuas (como Maitê Proença, Cristiana Oliveira e Carolina Ferraz) em tramas como Dona Beija (1986) e Pantanal (1990).
reprodução/tv globo
Com Cláudio Henrich seminu em grande parte da trama, Uga Uga chamou a atenção na TV
Nu 'indígena'
Marcada por personagens seminus, Uga Uga (2000) foi uma trama que levantou o horário das sete. A novela era protagonizada por um garoto branco criado como índio, interpretado por Cláudio Heinrich. O personagem só usava tangas mínimas, e seu bumbum apareceu em cenas cômicas diversas vezes. Marcos Pasquim também fez parte do elenco e gravou a maioria de suas cenas sem camisa.
A Globo até foi notificada pelo Ministério da Justiça, mas não pelos corpos nus às 19h. A emissora levou bronca pelo excesso de cenas de violência.
reprodução/Youtube
Em comercial de perfume de 1989, modelos representando mãe e filha apareciam sem roupa
Nua e com criança
Até nos intervalos comerciais havia gente nua. Em 1989, uma marca de perfume criou um vídeo em que uma criança copiava os movimentos da mãe ao sair do banho: deixar cair a toalha e passar o produto delicadamente pelo corpo molhado. As duas apareciam totalmente nuas, mas sem conotação sexual alguma. E não apareceu nenhum Movimento Brasil Livre (livre?) para protestar.
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