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TV CULTURA

Peixes vivos, capacete e 700 episódios: Tudo sobre Glub Glub, que faz 30 anos

REPRODUÇÃO/TV CULTURA

Os atores Gisela Arantes e Carlos Mariano caracterizados como peixes no Glub Glub, da Cultura

Os atores Gisela Arantes e Carlos Mariano como seus personagens no Glub Glub, da Cultura

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 9/9/2021 - 6h25
Atualizado em 10/9/2021 - 9h06

Um dos programas da era de ouro da produção infantil da TV Cultura, o Glub Glub completa 30 anos nesta quinta-feira (9). A atração ficou marcada pela imagem de dois atores, dos quais o público via apenas as cabeças se mexendo, com enormes capacetes, em frente a um cenário de fundo do mar (que chegou a contar com peixes de verdade também). Além da interação entre eles, o Glub Glub apresentou ao longo de mais de 700 episódios desenhos animados e informações sobre preservação ambiental.

Os protagonistas do programa eram dois peixes, o Glub (Carlos Mariano) e a Glub (Gisela Arantes). Eles conversavam entre si sobre assuntos relacionados à vida marinha, em linguagem própria para crianças. 

Para se transformarem nos peixes, os atores passavam por uma longa jornada: chegavam aos estúdios da Cultura de manhã bem cedo e encaravam cerca de três horas de caracterização. "Era um momento bastante dramático. A maquiagem era muito complexa, tinha prótese no rosto, então era uma coisa muito trabalhosa. Depois, pra tirar, levava mais uma hora. A gente passava boa parte do dia na função de se arrumar", conta Gisela.

Havia ainda os capacetes dos peixes, que pesavam e exigiam preparação física especial dos atores.

"Era uma coisa puxada, a cabeça da Glub pesava uns dois quilos. A gente fazia exercício, fazia aquecimento corpóreo pra poder sustentar, mas mesmo assim era bastante cansativo", diz Gisela. "Era um trabalho muito leve, que a gente resolvia muito fácil, apesar de [o capacete] ser muito pesado, doer o pescoço. Tinha um monte de coisa que judiava bastante da gente, era muito complexo. Mas quando a gente começava a gravar era uma festa, os personagens ganhavam vida mesmo, era uma coisa impressionante", comenta Carlos Mariano.

Teve momentos, quando estava no auge, em que a gente gravava até cinco programas por dia. Quando terminava, eu já estava 'nossa, alguém vem me buscar, alguém me leva'. A gente pediu pra produzir um porta-cabeça, e às vezes a gente descansava um pouco a cabeça nesse anteparo", lembra a atriz. 

Esse ritmo intenso de gravações não durou muito, pois o elenco pediu para que fosse reduzido e houvesse gravação de apenas dois ou três programas por diária. Mas ainda assim o Glub Glub foi muito longe. Pensado inicialmente para ser uma atração de 60 episódios, o programa durou oito anos e teve mais de 700 capítulos gravados nessa leva. Segundo Gisela, o sucesso do infantil se deve muito à simplicidade. 

"É um programa muito simples, feito apenas com dois atores, num sistema de chroma-key, num estúdio com só dois atores, ótimo texto", diz ela. No início, a cenografia contava com aquários com peixes de verdade, que circulavam e apareciam na imagem para o público. Mas, por ser um lugar com luz muito forte e quente, a equipe achou que os animais poderiam estar sofrendo, então eles foram retirados dali. 

"O Glub Glub tinha muita humanidade. Trazia essa questão da amizade muito fortemente, da lealdade, trazia valores humanos que tocam a vida das pessoas. acredito que principalmente isso fez o sucesso do programa. Ele não tinha violência, não tinha sacanagem. Era um programa do bem. Isso fez com que cada vez mais tivesse adesão das pessoas. As gerações foram mudando, e as pessoas continuaram com esse carinho com o programa", declara a atriz. 

"Ele foi despretensioso, a gente fez com muito carinho e sem esperar muita coisa em troca. Para as crianças da época, imaginar um peixe dentro d'água falando era muito louco, muito maluco para aquele período", opina Mariano. 

A primeira fase do Glub Glub chegou ao fim em 1999, mas o programa retornou para uma breve nova leva de episódios, entre setembro e outubro de 2006. As reprises do infantil, no entanto, continuaram no ar, tanto na Cultura quanto na TV Rá Tim Bum, por assinatura. 

Mesmo sem a grande quantidade de maquiagem que usavam, os atores são reconhecidos até hoje e recebem afeto do público do programa --hoje não mais crianças.

"Muita gente fala: 'Você ajudou a criar meus filhos, a educar meus filhos'. Fico superfeliz, acho que foi um dos primeiros programas ecológicos brasileiros, um tema que me é muito caro. Foi uma grande oportunidade de fazer essa interlocução com as crianças, que eu gosto muito. Até hoje sou muito reconhecida com isso, as pessoas ficam encantadas quando sabem que eu fiz o Glub Glub", conta ela.

"Às vezes estou numa reunião corporativa, o pessoal está totalmente sério, e quando ficam sabendo que eu sou a Glub... Nossa, todo mundo abre um sorriso, muda a energia do ambiente, aquilo abre um caminho. Eu vejo o quanto o programa tem uma repercussão na vida das pessoas, ajudou na formação humana e educativa. Isso é algo muito legal", conclui Gisela. "

É um privilégio imenso ter feito o Glub, um carinho que vai ficar pra sempre", diz Carlos Mariano.


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