BALANÇO 2019
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Lurdes (Regina Casé) e Thelma (Adriana Esteves) conversam sobre romance de Danilo (Chay Suede) em Amor de Mãe
2019 termina marcado como o ano em que as novelas voltaram a atrair a atenção do público. Havia tempos que o gênero não provocava tanta repercussão como agora, e o sucesso de produções como Verão 90, A Dona do Pedaço e Bom Sucesso atesta que a telenovela está longe de desaparecer.
Por outro lado, não é porque sua audiência está nas alturas que uma produção é sinônimo de qualidade. Amor de Mãe, a atual titular das nove, prova tal máxima ao contrário. No balanço do melhor e do pior do ano, confira o que a trama de Manuela Dias tem a aprender com Espelho da Vida, novela das seis que arrebatou o público em sua reta final, para não naufragar no ibope.
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Dora (Alinne Moraes), vilã de Espelho da Vida, na reta final da novela de Elizabeth Jhin
Bastante criticada no início pela falta de agilidade em sua trama, Elizabeth Jhin ignorou as vaias, contou a história que queria e terminou sua novela arrebatando público e fazendo os críticos --eu, inclusive-- morder a língua. Com parcimônia e fidelidade à ideia original, a autora é um exemplo a ser seguido por Manuela Dias: não é porque os números de audiência não correspondem às expectativas que a história precisa sofrer alterações para atender aos anseios comerciais.
Espelho da Vida terminou muito melhor do que começou e seu desfecho merece estar nos destaques do ano. É de se torcer para que Amor de Mãe repita o feito.
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Paloma (Grazi Massafera), Alberto (Antônio Fagundes) e Nana (Fabíula Nascimento)
Disparada a melhor novela do ano, Bom Sucesso esteve redonda em toda a sua trajetória. Texto simples, porém cativante e estimulante, direção sem arroubos estéticos e elenco impecavelmente escalado, uma conjunção de fatores que contribuiu para o sucesso da história, que chega ao fim no próximo mês mantendo os índices de audiência acima do esperado e o nível de qualidade nas alturas.
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Gloria Pires no papel de Lola, da novela Éramos Seis, fazendo mais um belíssimo trabalho
Gloria ganhou com Éramos Seis, atual novela das seis da Globo, um presente de grego: o papel de Dona Lola, eternizada na memória afetiva do público por Nicete Bruno, na versão de 1977 da TV Tupi, e por Irene Ravache, em 1994, no SBT. Em vez de lutar contra o cavalo de Troia, Gloria subiu nele e passou a guiá-lo à sua maneira. Na nova adaptação, a atriz fugiu de comparações ao compor com maestria a heroína da história: gestual, prosódia, olhar e emoção, tudo bem dosado.
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Marjorie Estiano, a Carolina de Sob Pressão e Debora Bloch, a Lucia de Segunda Chamada
As séries consolidaram a importância de um produto diferente da telenovela na grade da Globo. Pela qualidade dos textos e pelo fato de tocarem em temas bastante caros à sociedade brasileira (saúde e educação públicas), Sob Pressão e Segunda Chamada merecem o reconhecimento e o sucesso que tiveram.
E com eles surge um questionamento: se a emissora consegue produzir biscoitos tão finos como esses, por que não estende o padrão qualitativo das séries também para todas as novelas que produz?
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Isabelle Drummond, a Manuzita de Verão 90 e Paolla Oliveira, a Vivi de A Dona do Pedaço
Dois sucessos de audiência incontestáveis, porém de qualidade questionável. Tanto Verão 90 quanto A Dona do Pedaço nivelaram por baixo e acostumaram mal o público com suas histórias e situações simplistas, além de textos mastigados, que desobrigavam o telespectador da "difícil" tarefa de pensar. Pelo péssimo conjunto da obra, as duas não mereciam nem ter sido produzidas.
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Imagem de abertura da supersérie da Record Jezabel, com Lidi Lisboa como a personagem
O fracasso de Jezabel deixa evidente o desgaste do gênero bíblico na dramaturgia da Record. Embora a emissora tenha evoluído em aspectos de produção, as atuações empostadas e o tom solene afastaram o público. Ironicamente, a sucessora da história, a contemporânea Topíssima, conseguiu recuperar os índices perdidos, mostrando à Record que existe vida além da Bíblia.
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Gabriel (Bruno Gagliasso) e Luz (Marina Ruy Barbosa) em cena do flop O Sétimo Guardião
A química entre o casal de protagonistas de uma novela é uma das condições essenciais para que a trama ganhe fôlego e arrebate a torcida do público. Em O Sétimo Guardião, a esquecível novela de Aguinaldo Silva que terminou em maio, Marina Ruy Barbosa (Luz) fez o que pôde, mas o visível abatimento de Bruno Gagliasso (Gabriel) não botou fogo na dupla e acabou por apagar o brilho da atriz. Um dos piores casais centrais da história da teledramaturgia.
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Maria da Paz (Juliana Paes) depõe no julgamento da filha assassina Josiane (Agatha Moreira)
A boleira que teve a vida destruída pela própria filha e conseguiu se reerguer foi sem dúvida a pior protagonista que uma novela já teve. Burra até o último centímetro das unhas gigantes que carregava, Maria da Paz teve a sorte de ter como intérprete uma atriz carismática como Juliana Paes, que como prêmio de consolação pela bomba que carregou, levou para casa uma estatueta do Melhores do Ano do Faustão --que Paolla Oliveira (Vivi Guedes), diga-se de passagem, merecia muito mais.
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