CRISE FINANCEIRA
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Marcos Uchôa em entrevista ao Inteligência LTDA.; ele deixou a Globo depois de 34 anos
Marcos Uchôa afirmou que foi um dos profissionais afetados pela relação nada amigável entre Jair Bolsonaro e a Globo. O jornalista explicou que teve o contrato de trabalho alterado pouco antes de pedir demissão por conta de uma espécie de perseguição do presidente contra a emissora. "Ele foi em cima", disse o repórter, em referência às investigações da Receita Federal.
Depois de 34 anos como um dos principais correspondentes da casa, ele deixou a líder de audiência em novembro de 2021. "Foi difícil largar o salário, porque era mais confortável", admite o profissional, em entrevista a Rogério Vilela no podcast Inteligência LTDA.
Uchôa pontuou que já não tinha mais um contrato direto. "Foi uma das primeiras coisas que o Bolsonaro fez. As pessoas que tinham um salário melhor na Globo ganhavam como pessoa jurídica. E, no primeiro ano [de governo], ele foi em cima em termos trabalhistas, que não podia ser assim. Todo mundo voltou a ser funcionário. Até Galvão Bueno e Fausto Silva", complementou.
A mudança, no fim das contas, até facilitou o processo de desligamento . "Eu era uma pessoa contratada como outra qualquer. Então não precisava esperar um período para vencer o contrato, nem nada disso. Foi tranquilo. Eu expliquei para eles que estava querendo sair. Não há mágoa", ressaltou.
Ele lamentou apenas as coberturas em que não pode participar mais ativamente, por decisão dos superiores:
As confusões de Hong Kong, quando a China começou a destruir a democracia na ilha. Os anos de crise na Grécia, eu quis ir e não pude. Mesmo em várias guerras, eu só embarquei depois de encher o saco do chefe. Eu acho que a gente podia fazer mais. O Brasil é um país grande. Nós já fomos a quinta maior economia do mundo.
Segundo Uchôa, a Globo não teria escapado das dificuldades enfrentadas pelo mercado. "Ela está sofrendo, como muitos meios de comunicação, com a saída do dinheiro das mídias tradicionais e a entrada do dinheiro na internet. Por exemplo, o teu programa é um adversário, um concorrente que anos atrás não existia", frisou ele a Vilela.
O jornalista, por fim, lamentou a onda de demissões que não poupou nomes como Antonio Fagundes, Juliana Paes e Glória Menezes:
"Nesse aspecto, [saem] as pessoas mais velhas, que estavam há mais tempo lá, com salários melhores, também por causa desses anos todos. Cortando, não renovando contrato e demitindo essas pessoas, é uma economia mais rápida de ser feita. Eu não faria assim, acho um erro. A identidade de um meio de comunicação é muito os profissionais que você está acostumado a ver. Você cria uma identidade que é abalada quando as pessoas saem, e precisa ser reconstruída."
Confira a entrevista de Marcos Uchôa na íntegra ao Inteligência LTDA.:
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