É A KELLY KEY?
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Marcos Mion faz comentário sobre performance de Kelly Key no Samba, Pagode & Cia
Há dois anos e dois meses à frente do Caldeirão, Marcos Mion ganhou liberdade para zoar um passado que a Globo prefere esquecer. Neste sábado (2), ele desenterrou o programa Samba, Pagode & Cia. (1999), um dos maiores fracassos da emissora --e que não durou dois meses na programação.
A atração comandada por Kelly Key --antes mesmo de ela fazer sucesso como cantora pop-- foi relembrada no quadro Isso a Globo Mostra. Em celebração ao Dia Nacional do Samba, comemorado em 2 de dezembro, Mion mostrou várias participações do cantor Zeca Pagodinho na programação da emissora. Entre elas, uma aparição no Samba, Pagode & Cia.
"E a apresentadora é a Kelly Key?", se chocou Mion ao comentar a cena. Ele ainda apontou que o cenário da atração simulava um boteco, com mesas espalhadas pelo estúdio e figurantes fazendo as vezes de clientes do bar --Zeca Pagodinho é conhecido por não dispensar uma cervejinha.
No fim da década de 1990, o sucesso do pagode no mercado fonográfico fez com que a Globo investisse no gênero. A emissora escalou expoentes do ritmo para comandar o Samba, Pagode & Cia. --além de Kelly Key, a apresentação ficava a cargo de Salgadinho, na época vocalista do Katinguelê, e Netinho de Paula, voz principal do Negritude Júnior.
O formato, porém, não prendeu o público que consumia o pagode nas rádios. Teve apenas oito edições e só ficou no ar entre 27 de março e 15 de maio de 1999, um dos maiores fracassos da história da Globo. Passaram pelo boteco cenográfico nomes como Eliana de Lima, Exaltasamba, Karametade, Os Morenos, Sem Compromisso e Soweto, entre outros.
Mas a audiência da Globo no horário, que costumava ficar entre 15 e 18 pontos na Grande São Paulo, simplesmente despencou para a metade disso. Raul Gil, que na época estava em um momento de alta na Record, já batia a concorrente contra os filmes anteriormente exibidos no horário e passou a trucidar a líder com seus concursos de calouros.
Em abril, a diferença entre os dois programas chegava a quase dez pontos. A Globo chegou a fazer uma reformulação radical na atração, colocando no ar uma espécie de novelinha, com um misto de casa e escritório, em que Salgadinho e Netinho eram irmãos e recebiam os convidados de vários gêneros musicais. Mas a ideia também não deu certo, forçando o cancelamento precoce da atração.
Até Raul Gil tripudiou do fracasso: em uma edição da IstoÉ Gente de abril de 2000, o veterano soltou o verbo. "Para concorrer comigo, a Globo pôs no ar Samba, Pagode & Cia. Pus as crianças em cima dos pagodeiros e eles perderam até o rumo de casa", zoou.
À agência TV Press, em 13 de maio de 2001, Netinho de Paula criticou a Globo e disse que a imagem dos cantores ficou desgastada na época. "A Globo é comandada por pessoas elitistas e sem identidade com o povo. O popular, para os diretores da Globo, é a coisa mais brega do mundo. Fazer pagode tomando champanhe não dá certo mesmo", disparou.
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