'Tempos delicados'
Raquel Cunha/TV Globo
José Loreto na bancada do Amor e Sexo; programa está em sua 11ª temporada na Globo
REDAÇÃO
Publicado em 19/11/2018 - 6h08
Em sua sexta temporada em Amor & Sexo, José Loreto nunca havia visto tantos comentários de haters ao programa, que vem sofrendo boicote de telespectadores mais conservadores. Para o ator, que está no ar também em O Sétimo Guardião, as críticas à atração revelam o repúdio de parte da população pelas pautas progressistas levantadas. Loreto acredita que a discussão tem seu valor para a sociedade.
"As pessoas estão muito fervorosas. Eu sei disso porque faço o Amor & Sexo, que fala sobre direitos humanos, sobre educação sexual, uma coisa que eu não tive na minha infância. Eu acho bom [que falem do programa], se tem crítica, se estão falando, é porque está incomodando em algum lugar", reflete.
"É um momento de tempestade. Bota pra fora seus defeitos, seu ódio, porque uma hora a verdade vai falar mais alto. A realidade vai mostrar os fatos. A gente está em um momento de transformação, é muito difícil. É o fim de um mundo e o começo de outro. Está muito delicado", afirma.
Nas últimas semanas, Fernanda Lima tem sido o principal alvo das críticas ao programa, com seus discursos a favor das populações mais vulneráveis socialmente (mulheres, negros, LGBTs). Loreto acredita que esse deve continuar sendo o papel do programa, no sentido de estimular conversas, expor problemas e defender os direitos humanos e a diversidade.
"O Amor & Sexo já está aí há alguns anos levando a cama para a sala das pessoas, conversando sobre tabus, mostrando preconceito, machismo, como isso atrapalha. E mostra também como é complicado chegar nas pessoas. Tem dores que é difícil revelar, a gente vive na dor e não percebe. O que a gente fala na TV é [baseado em] dados. Então chega, não é brincadeira, tem certas coisas que não são mais aceitáveis como brincadeira. As pessoas demoram a processar", opina.
No Amor & Sexo, Loreto é politicamente correto, mas na novela das nove seu personagem é o oposto disso. Ele interpreta Júnior, um playboy filho do prefeito que quer conquistar Luz (Marina Ruy Barbosa) e não se conforma com a rejeição dela.
O ator conta que tem adorado fazer um papel tão antagônico, em que pode extravasar emoções intensas. Acredita também que a exposição dos absurdos de Júnior pode ajudar a discutir a questão de relacionamentos abusivos e de assédio.
"Ele tem esse amor não correspondido e é muito mimado, sempre recebeu 'sim' dos pais. Então, quando ele recebe um 'não' [de Luz], tem um desequilíbrio emocional, não aceita, vai do 8 ao 80. Esse tipo de cara existe em vários lugares. Então é muito legal poder fazer isso para a gente realmente ver que é errado, discutir em cima das vilanias", explica.
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