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PANDEMIA

Jornal Nacional sobe o tom e critica Bolsonaro ao citar 100 mil mortes por Covid-19

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

William Bonner e Renata Vasconcellos na bancada Jornal Nacional, da Globo, deste sábado (8)

William Bonner e Renata Vasconcellos na bancada Jornal Nacional, da Globo, deste sábado (8)

REDAÇÃO

Publicado em 8/8/2020 - 20h59
Atualizado em 8/8/2020 - 21h24

William Bonner e Renata Vasconcellos subiram o tom contra Jair Bolsonaro no Jornal Nacional deste sábado (8). Os âncoras do principal telejornal do país dispensaram o habitual "boa noite" ao iniciar a escalada do noticiário e foram diretos ao assunto. Com pausas dramáticas, semblantes apreensivos e bastante duros e diretos em suas falas, eles apontaram os erros do presidente da República ao citar as mais de 100 mil mortes por Covid-19 no Brasil.

"Todo cidadão brasileiro tem direito à saúde. E todos os governantes brasileiros tem a obrigação de proporcionar aos cidadãos esse direito. As ações dos governantes precisam ter como objetivo diminuir o risco de a população ficar doente e não somos nós que estamos dizendo isso, é a Constituição Brasileira, que todas as autoridades brasileiras juraram respeitar", disse Bonner na abertura.

"Tá registrado no artigo 196: 'A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e e serviços para sua promoção, proteção e recuperação'", completou.

Renata Vasconcellos emendou citando que desde maio o país não conta com um titular à frente do Ministério da Saúde e que os dois últimos médicos que ocuparam a cadeira deixaram o posto de trabalho por divergências com Bolsonaro.

Telão posicionado ao fundo do cenário do JN

"Mas o Brasil está há 12 semanas sem um ministro da saúde titular. São 85 dias desde o dia 15 de maio. Dois médicos de formação deixaram o cargo de ministro da saúde porque pretendiam seguir as orientações da ciência. E o presidente Bolsonaro não concordou com essa postura deles", frisou a jornalista.

"Primeiro o presidente menosprezou a Covid. Chamou de gripezinha. Depois, quando um repórter pediu que ele falasse sobre o número alto de mortes, Bolsonaro disse que não era coveiro. Disse duas vezes "não sou coveiro". Quando os óbitos chegaram a 5 mil, a resposta dele a um repórter foi um "e daí?". Agora o presidente repete que a pandemia é uma chuva e que todos vão se molhar. Ou que a morte é o destino de todos nós e que temos de enfrentar a doença, como se fosse uma questão de coragem. Como se nada pudesse ter sido feito", acrescentou Bonner.

"Quando os cientistas defendiam mundo a fora o isolamento social como única medida capaz de conter o avanço dessa tragédia, os brasileiros viam o presidente criticar essa iniciativa diariamente, na contramão do bom senso daqueles governadores que a defendiam. O resultado disso foi a confusão e a perplexidade de muitos cidadãos que ficaram sem saber em que acreditar. E o isolamento capenga, insuficiente para atingir plenamente o seu objetivo", seguiu Renata.

"No Jornal Nacional você viu aqui filas enormes de desesperados em busca de um leito salvador de UTI. Filas que se formavam e se formam porque os leitos não foram comprados a tempo e na quantidade adequada por prefeitos, governadores e pelo presidente. Ou porque a falta de isolamento social deixou de achatar a curva de contaminados e sobrecarregou o sistema de saúde", falou o âncora.

"Diante disso tudo, é necessário relembrar a constituição, porque isso nos levanta uma perguna importantíssima. Nós já mostramos o que diz o artigo 196: 'É dever das autoridades que governam o país implementar políticas que visem reduzir o risco de doenças'. E a pergunta que se impõem é: O presidente da República cumpriu esse dever? Entre os governadores e prefeitos, quem cumpriu? Quem não cumpriu? Mais cedo ou mais tarde, o Brasil vai precisar de respostas para essas perguntas. É assim nas democracias e nas repúblicas, em que todos temos direitoos e deveres e onde ninguém está acima da lei", acrescentou a jornalista.

"Essa resposta vai ter que ser dada, principalmente, em respeito as famílias de mais de 100 mil brasileiros mortos, porque eles não podem ser vistos só como números. O Jornal Nacional não vai se cansar de repetir. Essas vidas perdidas eram de brasileiros como todos nós. Não eram pessoas que estavam fadadas a morrer por qualquer outro motivo. Elas morreram de Covid. Deixaram uma família em dor, amigos, colegas de trabalho, conhecidos. Nós não podemos nos anestesiar", emendou Bonner.

"100 mil pessoas. Nós reconhecemos a dor de todos os que perderam alguém querido nessa pandemia. Nós respeitamos essa dor e manifestamos a nossa solidariedade irrestrita com cada um", completou Renata, encerrando a abertura do Jornal Nacional.

Nas redes sociais, o noticiário rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados. Os telespectadores celebraram mais uma "jantada" de Bonner e Renata em Bolsonaro, e lamentaram o alto número de mortes no país.

Assista à abertura do Jornal Nacional e confira algumas reações no Twitter:

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