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Izabella Camargo vence guerra e se livra de multa de R$ 500 mil por reclamar da Globo

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Izabela Camargo em seu Facebook

Izabella Camargo: jornalista foi julgada por falar que Globo teve responsabilidade em burnout

GABRIEL VAQUER, colunista

vaquer@noticiasdatv.com

Publicado em 29/3/2023 - 18h39

A jornalista Izabella Camargo venceu ação judicial que era movida pela Globo contra ela e se livrou de pagar uma multa de R$ 500 mil. O motivo do processo era uma entrevista em que a apresentadora disse que a emissora, da qual foi contratada entre 2012 e 2019, teve responsabilidade por ela ter desenvolvido síndrome de burnout. A decisão é definitiva e não cabe recurso.

O Notícias da TV teve acesso à sentença, proferida pelo ministro relator do caso, Luiz José Dezena da Silva, do TST (Tribunal Superior do Trabalho). Ele reverteu as decisões de primeira e segunda instâncias, que eram favoráveis à Globo, e foram julgadas pela 24ª Vara de São Paulo e mantidas pelo TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo).

Na celeuma, a Globo acusou Izabella de descumprir o acordo que as partes fizeram para que ela fosse desligada da emissora, em novembro de 2019. Na ocasião, ela havia sido demitida após retornar de um afastamento por síndrome de burnout, um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante.

A jornalista foi reintegrada após decisão judicial, mas fez acordo para sair em definitivo. Em uma cláusula, Izabella Camargo era proibida de dizer em entrevistas que a Globo era culpada ou tinha alguma responsabilidade pelo problema que desenvolveu.

No entanto, em uma entrevista ao Pânico, na rádio Jovem Pan, e que foi o mote para a ação da Globo, Izabella contou sua experiência e relatou que, entre outros fatores, a emissora teve sua parcela de culpa nos problemas que teve. 

"Eu tive dois gatilhos para acontecer isso. O primeiro momento foi uma puxada de tapete. Uma pessoa que disse ‘no meu jornal ela não volta'", disse, sem querer detalhar a situação, em 9 de novembro de 2019. "O outro foi um comentário bizarro de um dos chefes dizendo que meu trabalho era 'ctrl + c e ctrl + v'. Eu faço tudo de improviso e eu copio e colo? É isso que achavam que era meu trabalho?", completou.

Veja o vídeo da entrevista: 

A jornalista foi defendida pelos advogados Carlos Daniel Toni, Tania Andrade e Kiyomori Mori. Na defesa, os advogados afirmavam que Izabella Camargo é jornalista profissional e não poderia ser impedida de participar de programas jornalísticos, de emitir sua opinião ou de se expressar livremente sobre os fatos de sua vida.

O magistrado, ao falar a sentença, concordou com os advogados e viu tentativa de censura por parte da Globo no acordo. Para ele, não se poderia cercear a liberdade de uma profissional em dizer sua experiência de vida em qualquer lugar.

Isso equivaleria a estabelecer que a reclamante não pode, em qualquer tempo, mencionar sua experiência pessoal ao ser demitida, mesmo sem fazer qualquer menção expressa ao nome de sua antiga empregadora e aos procedimentos por ela adotados para o processo de desligamento, o que não pode se sustentar.

Os outros magistrados seguiram o relator, aprovando o seu entendimento com unanimidade. Como o TST é a última esfera da Justiça trabalhista, o caso foi encerrado e não cabe mais recurso.

Procurados pelo Notícias da TV, os advogados de Izabella Camargo confirmaram a vitória, mas preferiram não detalhar o assunto. 


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