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DIREITO DE RESPOSTA

Homem briga na Justiça contra Globo e Maju para apagar imagem de racista

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A apresentadora Maria Júlia Coutinho olha para a câmera enquanto apresenta o Jornal Hoje

Maju Coutinho no comando do Jornal Hoje; a âncora e a Globo são alvos de um processo judicial

VINÍCIUS ANDRADE e LI LACERDA

vinicius@noticiasdatv.com

Publicado em 6/12/2020 - 7h10

Absolvido de uma investigação sobre acusações de racismo contra a jornalista Maria Júlia Coutinho, Kaíque Batista está em uma briga judicial contra a Globo e a própria âncora do Jornal Hoje. Além de uma indenização no valor de R$ 800 mil por danos morais, o homem de 26 anos quer que a emissora informe em seus telejornais que ele foi inocentado.

A defesa de Batista tem pressa para que o espaço de direito de resposta seja concedido. O primeiro pedido de tutela de urgência foi negado pela Justiça no fim de novembro. No último dia 3, o advogado Angelo Carbone, que representa Kaíque, entrou com um novo recurso na 11ª Vara Cível de São Paulo.

O Notícias da TV teve acesso ao documento, que pede "a imediata publicação da matéria contendo a íntegra do resultado da sentença, ressaltando a absolvição definitiva de Kaíque Batista, precedida por um breve resumo do caso".

Carbone argumenta que o seu cliente está desempregado e não conseguiu reconstruir a vida após ter o nome ligado à investigação do Ministério Público de São Paulo, em 2015, e a imagem vinculada ao grupo que publicou ameaças racistas contra a jornalista.

Inicialmente, o pedido da defesa contra a Globo e Maju foi feito na esfera criminal, na qual as ofensas raciais eram investigadas, mas o juiz determinou que essa discussão de danos morais e direito de resposta deveria acontecer em uma vara cível.

O recurso apresentado pela defesa de Kaíque Batista após a recusa da Justiça ao primeiro pedido de tutela urgência diz que "se a Globo acompanhou a busca e apreensão na residência do autor, filmou tudo, pechou o autor de criminoso, se reitera pedido de direito de resposta e retratação, pois a corré [Globo] tem responsabilidade sobre o que edita, magoa e destrói em busca de sensacionalismo. Temos um jovem com problemas de depressão, que merece desde logo esse direito". 

Kaíque em entrevista ao Jornal Hoje, em 2015

Entenda o caso

Em julho de 2015, quando ainda apresentava a previsão do tempo do Jornal Nacional, Maju foi alvo de diversas ofensas raciais em um post na página oficial do telejornal no Facebook. Na ocasião, a equipe do noticioso e diversas personalidades criaram o movimento Somos Todos Maju. O Ministério Público abriu investigações para apurar quem eram os autores dos xingamentos.

Os telejornais da Globo acompanharam os desdobramentos da ação. Em dezembro de 2015, o Jornal Hoje noticiou: "MP identifica quatro grupos suspeitos de postar ameaças racistas contra Maju".

A reportagem mostrava uma ação de busca e apreensão na casa de Kaíque, que era auxiliar de produção na época e morava na zona norte de São Paulo. Ele foi ouvido por promotores do MP e apontou os grupos que conhecia e que escreveram mensagens racistas nas redes sociais.

Batista era um dos administradores de uma das páginas do Facebook investigadas pela promotoria. Na ocasião, a Globo o ouviu. O homem disse que não havia publicado nada, mas que sabia os grupos que tinham feito aquilo e faria a indicação no processo. "Não vou segurar o rojão de ninguém", avisou em entrevista à emissora.

Após as investigações, o MP denunciou quatro pessoas, sendo que dois foram condenados e outros dois absolvidos --Kaíque foi um deles. O auxiliar de produção ficou livre do processo criminal em março de 2020 por falta de provas. Depois disso, entrou com a ação de reparo contra a Globo.

De acordo com a defesa, ele não teve mais carteira assinada desde a época em que a reportagem da emissora foi ao ar. Ele precisou se mudar de bairro com a mãe por receber ameaças e adquiriu síndrome do pânico devido aos ataques pessoais e virtuais. Procurada, a Globo alegou que não comenta "assuntos sub judice".


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