DIREITO DE RESPOSTA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Maju Coutinho no comando do Jornal Hoje; a âncora e a Globo são alvos de um processo judicial
Absolvido de uma investigação sobre acusações de racismo contra a jornalista Maria Júlia Coutinho, Kaíque Batista está em uma briga judicial contra a Globo e a própria âncora do Jornal Hoje. Além de uma indenização no valor de R$ 800 mil por danos morais, o homem de 26 anos quer que a emissora informe em seus telejornais que ele foi inocentado.
A defesa de Batista tem pressa para que o espaço de direito de resposta seja concedido. O primeiro pedido de tutela de urgência foi negado pela Justiça no fim de novembro. No último dia 3, o advogado Angelo Carbone, que representa Kaíque, entrou com um novo recurso na 11ª Vara Cível de São Paulo.
O Notícias da TV teve acesso ao documento, que pede "a imediata publicação da matéria contendo a íntegra do resultado da sentença, ressaltando a absolvição definitiva de Kaíque Batista, precedida por um breve resumo do caso".
Carbone argumenta que o seu cliente está desempregado e não conseguiu reconstruir a vida após ter o nome ligado à investigação do Ministério Público de São Paulo, em 2015, e a imagem vinculada ao grupo que publicou ameaças racistas contra a jornalista.
Inicialmente, o pedido da defesa contra a Globo e Maju foi feito na esfera criminal, na qual as ofensas raciais eram investigadas, mas o juiz determinou que essa discussão de danos morais e direito de resposta deveria acontecer em uma vara cível.
O recurso apresentado pela defesa de Kaíque Batista após a recusa da Justiça ao primeiro pedido de tutela urgência diz que "se a Globo acompanhou a busca e apreensão na residência do autor, filmou tudo, pechou o autor de criminoso, se reitera pedido de direito de resposta e retratação, pois a corré [Globo] tem responsabilidade sobre o que edita, magoa e destrói em busca de sensacionalismo. Temos um jovem com problemas de depressão, que merece desde logo esse direito".
Kaíque em entrevista ao Jornal Hoje, em 2015
Em julho de 2015, quando ainda apresentava a previsão do tempo do Jornal Nacional, Maju foi alvo de diversas ofensas raciais em um post na página oficial do telejornal no Facebook. Na ocasião, a equipe do noticioso e diversas personalidades criaram o movimento Somos Todos Maju. O Ministério Público abriu investigações para apurar quem eram os autores dos xingamentos.
Os telejornais da Globo acompanharam os desdobramentos da ação. Em dezembro de 2015, o Jornal Hoje noticiou: "MP identifica quatro grupos suspeitos de postar ameaças racistas contra Maju".
A reportagem mostrava uma ação de busca e apreensão na casa de Kaíque, que era auxiliar de produção na época e morava na zona norte de São Paulo. Ele foi ouvido por promotores do MP e apontou os grupos que conhecia e que escreveram mensagens racistas nas redes sociais.
Batista era um dos administradores de uma das páginas do Facebook investigadas pela promotoria. Na ocasião, a Globo o ouviu. O homem disse que não havia publicado nada, mas que sabia os grupos que tinham feito aquilo e faria a indicação no processo. "Não vou segurar o rojão de ninguém", avisou em entrevista à emissora.
Após as investigações, o MP denunciou quatro pessoas, sendo que dois foram condenados e outros dois absolvidos --Kaíque foi um deles. O auxiliar de produção ficou livre do processo criminal em março de 2020 por falta de provas. Depois disso, entrou com a ação de reparo contra a Globo.
De acordo com a defesa, ele não teve mais carteira assinada desde a época em que a reportagem da emissora foi ao ar. Ele precisou se mudar de bairro com a mãe por receber ameaças e adquiriu síndrome do pânico devido aos ataques pessoais e virtuais. Procurada, a Globo alegou que não comenta "assuntos sub judice".
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