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PACTO BRUTAL

Gloria Perez transforma 'novela barata' em denúncia a assassino psicopata

REPRODUÇÃO/HBO MAX

A autora Gloria Perez com expressão séria, durante fala à série documental Pacto Brutal

Gloria Perez em depoimento à série documental Pacto Brutal, sobre o assassinato de sua filha

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 21/7/2022 - 6h30

O assassinato da atriz Daniella Perez (1970-1992) por seu colega de trabalho Guilherme de Pádua foi amplamente divulgado na mídia, e o público acompanhou o caso como se fosse um folhetim. Mas a trama foi devastadora para Gloria Perez, autora e mãe da vítima. Agora, ela fala abertamente sobre o crime e dá sua versão da tragédia à série documental Pacto Brutal, que estreia nesta quinta (21) na HBO Max. 

"Eu sempre quis contar essa história, sempre quis que a verdade do processo aparecesse, que essa história fosse contada da forma que aconteceu, e não que permanecesse contada como uma novela barata, um folhetim barato, que é como ela ficou na memória das pessoas", diz a novelista na abertura do projeto. 

Pacto Brutal é uma série de cinco episódios, idealizada, produzida e dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra. Eles acompanharam o caso na época e quiseram trazer a história de volta à tona neste ano, três décadas depois. Ao fazerem a proposta para Gloria Perez, a autora concordou que era a hora certa de falar sobre o crime, desde que a série se baseasse nos autos do processo.

A atração, então, volta aos anos de 1992 e 1993 para recontar todos os passos da tragédia, desde os últimos dias em que Daniella Perez viveu até detalhes sórdidos do assassinato e o julgamento de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, os assassinos condenados. 

O caso Daniella Perez

Daniella foi assassinada na noite de 28 de dezembro de 1992. Ela atuava na novela De Corpo e Alma, da Globo, escrita por sua mãe, e contracenava com Guilherme de Pádua. Durante parte da trama, eles viveram par romântico com os personagens Yasmin e Bira. 

Ao longo dos capítulos, o namoro de Yasmin e Bira terminou, para que a personagem voltasse a ficar com seu par romântico inicial, Caio (Fabio Assunção). Pádua não gostou de ter sua quantidade de cenas reduzida e passou a pressionar Daniella para que Gloria desse mais importância a seu personagem.

O documentário traz depoimentos de muitas pessoas que trabalharam com Daniella e Pádua, tanto camareiras e produtoras da novela da Globo quanto atores muito famosos: Claudia Raia, Fabio Assunção, Alexandre Frota, Maurício Mattar e Eri Johnson são alguns dos que dão seus depoimentos à série. Vários deles afirmam que viram Guilherme assediando Daniella nos bastidores.

Na noite de 28 de dezembro de 1992, Daniella estava voltando para casa após as gravações da novela quando seu carro foi fechado pelo de Pádua, que estava acompanhado por sua mulher, Paula Thomaz. Após desmaiar com um soco do ator, Daniella foi levada pelos dois para um matagal na zona oeste do Rio de Janeiro, onde foi morta com 18 punhaladas no peito. 

Pacto Brutal não poupa os telespectadores do horror: muitas fotos do cadáver de Daniella são exibidas, além de cenas de amigos e familiares dela chorando aos pés do corpo inerte no matagal. 

"É preciso mostrar quão cruel e brutal foi esse assassinato. Há esse gap [intervalo] de 30 anos [de lá para cá], um tempo muito longo, e as pessoas não se dão conta quão brutal foi isso. Era até um posicionamento da Gloria e da família: é preciso que as pessoas entendam (infelizmente pra isso as imagens são necessárias) o quão brutal e bárbaro foi isso", diz Tatiana Issa.

reprodução/HBo Max

Imagem de Daniella Perez, do acervo de sua mãe

Camadas de um crime

A série busca elucidar todos os pontos do ocorrido, desde detalhes da prática criminosa até a motivação do casal. Também há depoimentos inéditos de familiares e amigos e muitas imagens nunca vistas de Daniella Perez --Gloria abriu todo seu vasto arquivo de fotos e vídeos da filha, para reviver a memória de quem ela foi, e não reduzi-la a mais um número na estatística de vítimas de feminicídio no Brasil.

A atração ainda se propõe a explorar e trazer análises de diversas camadas do crime. Por exemplo, há questionamento sobre possíveis falhas no processo judicial, no sentido de tentar excluir a culpabilidade de Paula Thomaz no início da investigação, e sobre como a tentativa de defesa de Guilherme e a conduta da imprensa incutiram altas doses de machismo no caso (com fake news de que Daniella e Guilherme teriam tido um caso).

A única camada que não tem vez no documentário é o outro lado, a versão do assassino. Guilherme de Pádua confessou a autoria do crime, apesar de ter inventado diferentes versões do que teria acontecido. Ele e Paula Thomaz foram condenados por homicídio qualificado, com motivo torpe. Ambos foram presos, mas saíram da cadeia por bom comportamento em outubro de 1999. Não estão mais casados, mas vivem livres desde então. Na série documental, há insinuações de psicopatia por parte dele.

"A decisão de não falar com o Guilherme veio da gente como documentaristas. A gente achou que, ao longo dos anos, eles já tiveram muitas plataformas na mídia pra falar as versões deles. Versões que, quando chegaram no julgamento, eles não conseguiram provar. A gente achou que não deveria dar essa plataforma pra ele nesse momento. Já a Gloria não tinha tido chance de contar essa historia de maneira completa", afirma Guto Barra. 


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