CONVERSA COM BIAL
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Gloria Maria em entrevista para o Conversa com Bial, na Globo, na madrugada de terça-feira (19)
REDAÇÃO
Publicado em 19/5/2020 - 1h56
Atualizado em 19/5/2020 - 2h40
Gloria Maria falou pela primeira vez na televisão sobre sua recente cirurgia no cérebro no Conversa com Bial, exibido na madrugada de terça-feira (19). Ao amigo Pedro Bial, a jornalista deu detalhes dos últimos sete meses de sua vida desde a descoberta do tumor ao tratamento. Além disso, desabafou sobre a morte de sua mãe, Edna, em fevereiro. "Eu não conseguia chorar, não conseguia derramar uma lágrima", disse.
"Quando a gente tem uma dor desesperadora, não dá para a lágrima cair", completou em conversa com o apresentador. Gloria se afastou da TV para se recuperar de uma cirurgia no final de 2019.
"Um ano impensável. Realmente, me pegou de jeito. Na verdade, me pegou lá atrás, em novembro quando descobri que eu tinha um tumor no cérebro. A imagem que eu tenho, não vou esquecer. Do nada, eu caí em casa depois de um jantar, fui no hospital costurar a cabeça e me falaram: 'Você está com um tumor no cérebro'", contou.
Inicialmente, ela pensou que os exames haviam sido trocados. "Não chorei. Não me desesperei", comentou. Rapidamente, iniciou o tratamento contra a doença e exibiu um dos momentos dentro do hospital. "Peguei o telefone e falei: 'Grava. Tenho que registrar isso, não sei se vou conseguir sobreviver a isso", explicou.
O tratamento caminhou de forma positiva, o que deixou a jornalista animada. "Graças a Deus escapei e estou terminando a imunoterapia", frisou. Infelizmente, durante o processo, ela se viu diante da perda de Dona Edna, sua mãe. "Minha mãe não sabia o que eu estava passando", revelou ao amigo.
Na véspera de Carnaval, sua mãe pegou a todos de surpresa ao passar mal subitamente, apresentando insuficiência respiratória. Em direção ao hospital, ela recebeu pior notícia de sua vida. "No meio do caminho ela morreu", relembrou.
Diante dos acontecimentos, Gloria fez uma análise de sua vida. "Tumor no cérebro, infecção pulmonar, a perda da minha mãe. Se eu não for agora, não vou nunca mais", disse para Bial.
Ainda em tratamento, ela confessou que não sentiu medo. "Não derramei uma lágrima, não fiz uma única pergunta: 'Por que comigo?' ou 'Por que eu?'", contou. "Achei que tudo isso, na verdade, foi uma bênção. Deus me concedeu a graça de ter mais um pedaço de uma vida para conhecer", completou.
Durante a entrevista, a apresentadora confessou que Bial foi a única pessoa que a fez chorar. "[Foi] Para o bem, de uma emoção boa, que eu desesperadamente precisava. Vim num movimento desde a cirurgia até hoje em que me isolei de tudo, me separei de tudo. Era uma história que não era minha", analisou.
"Eu não conseguia chorar, não conseguia derramar uma lágrima. Quando a gente tem uma dor tão desesperadora não dá para a lágrima cair. Aí, veio a minha mãe. Como ela não sabia o que estava acontecendo comigo, imaginei o seguinte: ela foi agora, do lugar onde ela está pode me ver, saber tudo que está acontecendo e pode me proteger. Não tenho o direito de chorar", concluiu.
Mãe de Maria, 11, e de Laura, 10, Gloria ressaltou que as filhas foram fundamentais para sua recuperação.
No Conversa com Bial, Gloria Maria ainda falou sobre política. "Se um presidente da República mandasse você calar a boca, o que você responderia?", questionou o apresentador, citando um episódio do início de maio em que Jair Bolsonaro fez exatamente isso diante da imprensa.
"Eu não me calava. Eu continuava e falava: 'Por favor, vou me calar quando o senhor se calar, vamos conversar juntos, eu pergunto e o senhor responde'. Não tenho que calar a boca. Calar a boca?", disse ela.
A apresentadora foi além ao analisar mais um comportamento do presidente. "Dizer as coisas que o outro agora [fala], para mim são impensáveis. Pedro, dizer que o brasileiro está protegido [do coronavírus] porque se lava no esgoto. Para mim é além de qualquer imaginação", analisou.
"Tem coisas que eu acho que não estou vivendo para ver e ouvir. Sempre aprendi que política era um nível tão alto e o que estou vendo agora é de uma tristeza", lamentou. "Graças a Deus não cubro política mais, porque acho que eu já teria apanhado ou já teria batido, com certeza", concluiu.
A famosa reportagem de Gloria na Jamaica para Globo Repórter, em 2016, também foi assunto no Conversa com Bial. "E a larica?", perguntou o apresentador. Na ocasião, a jornalista virou meme ao fumar maconha em ritual rastafári.
"Nós negociamos três meses para entrar naquela comunidade. Assinamos um papel dizendo que a gente ia respeitar todos os regulamentos, inclusive, rezar na entrada e fumar na saída", detalhou. Depois da experiência, Gloria relatou que ela e a equipe foram para o hotel.
"Ficamos na recepção acho que umas cinco ou seis horas sem conseguir voltar para o quarto, ninguém sabia onde estava", relembrou. "Eu fui para Marte. O negócio é que até hoje, depois daquele negócio, eu não sei se voltei", divertiu-se.
O Conversa com Bial se adaptou à nova realidade por causa da pandemia. Para respeitar a regra de distanciamento social, a atração foi gravada com uso da videoconferência.
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