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REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Antonio Fagundes em O Rei do Gado (1996): reprise fez Globo e governo brigarem nos bastidores
A Globo e o Ministério da Justiça estão vivendo uma "guerra fria" nos bastidores por causa da classificação de reprises de novelas exibidas no horário da tarde. O órgão que dá selo de idade para produções de TV tem ignorado as edições da TV aberta e reclassificado as tramas com base em suas versões originais, disponíveis no Globoplay.
Isso irritou a líder de audiência, segundo apurou o Notícias da TV. A alegação da emissora é de que ela segue um código de ética para evitar que cenas fortes de novelas das nove produzidas sejam levadas ao ar à tarde. Para impedir que isso ocorra novamente daqui para a frente, a Globo decidiu fazer uma "pegadinha" e vai obrigar a Cocind (Coordenação de Classificação Indicativa) a ver suas reprises diariamente.
É assim que vai funcionar com Mulheres Apaixonadas (2003), que começa a sua segunda reexibição no Vale a Pena Ver de Novo nesta segunda (29). A trama de Manoel Carlos será mostrada em uma nova versão reeditada para os tempos atuais, com o selo de "não recomendado para menores de 12 anos".
A versão original, reprisada pelo canal Viva em 2020 e que está no serviço de streaming desde 2021, tem selo de recomendada para maiores de 14 anos. Em 2009, a Globo já havia exibido uma Mulheres Apaixonadas editada, com o público de mais de 10 anos como alvo.
A reprise fica no ar até dezembro. A Globo pretende reduzir tramas consideradas problemáticas, como o romance da professora Raquel (Helena Ranaldi) com o seu aluno menor de idade, Fred (Pedro Furtado), além de atenuar cenas onde o violento Marcos (Dan Stulbach) bate na ex-mulher com uma raquete de tênis.
Com a "pegadinha" da Globo, o Ministério da Justiça não vai conseguir ser tão rígido quanto foi com O Rei do Gado (1996), que chega ao fim nesta semana. Durante a atual reexibição, a trama de Benedito Ruy Barbosa saiu da classificação 12 anos e foi para maiores de 14, o que causou irritação nos bastidores. A mudança não levou em conta a versão com edições --por sorte, nada disso afetou a audiência da reprise, que tem ameaçado até os folhetins inéditos da emissora.
Não é de interesse da Globo mostrar uma trama com selo +14 durante a tarde. Fica ruim para a sua imagem e para o departamento comercial. Apenas filmes, de maneira esporádica, são tolerados na faixa.
Até mesmo Chocolate com Pimenta (2003) teve o selo mudado pela rigidez do governo, saindo de +10 para +12. A alegação foi de "ato violento, exposição de pessoa em situação constrangedora ou degradante, nudez velada, consumo de droga lícita, estigma ou preconceito".
Posteriormente, a Cocind mudou de ideia e voltou atrás, admitindo que pegou pesado com a produção de Walcyr Carrasco. Nos bastidores, a briga tem sido chamada de "boba", porque o selo de classificação não tem mais interferência direta no horário de transmissão.
Em 2016, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), a veiculação horária ligada à classificação indicativa acabou. Se isso acontecesse anteriormente, a história de Ana Francisca (Mariana Ximenes) só poderia ser mostrada após as 20h. Já a saga de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) só iria ao ar às 21h.
Procurada, a Globo não respondeu os contatos da reportagem. Já o Ministério da Justiça preferiu não falar sobre o assunto.
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