Por sexo, tiros e violência, governo manda Globo reclassificar O Rei do Gado

Por causa de cenas de sexo, violência e tiroteios, o governo reclassificou a novela O Rei do Gado (1996), que está em reprise no Vale a Pena Ver de Novo, para não recomendada para menores de 14 anos. A emissora até tentou recorrer, mas o Departamento de Promoção de Políticas de Justiça (DPJUS) analisou a versão original da trama de Benedito Ruy Barbosa disponível no Globoplay e insistiu na mudança.

O Notícias da TV teve acesso aos documentos de reclassificação. A análise foi feita pelo DPJUS logo após a denúncia de um telespectador. Com isso, a empresa foi notificada e avisada de que o órgão passaria a assistir às cenas originais no Globoplay e a fazer o monitoramento. 

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Foi feito um relatório que pedia a mudança da novela de "não recomendada para menores de dez anos" para 14 anos. O departamento identificou abusos como "cenas de conteúdo sexual" e "teor violento", principalmente no relacionamento entre Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) e Luana (Patricia Pillar) e nas sequências que envolvem o MST (Movimento Sem Terra).

O governo também ficou incomodado com cenas de desrespeito às mulheres. "O estigma e o preconceito ocorrem normalmente contra as mulheres e as pessoas com menor baixa renda. Cita-se o excerto em que Bruno Mezenga (Fagundes) contesta se a filha ainda é virgem, em atitude machista e agressiva. Chega a dizer que de 'vagabunda', já basta a ex-esposa", diz o documento do governo. 

A Globo questionou e tentou recorrer da decisão, afirmando que a reclassificação feria a liberdade de expressão. Ainda explicou a importância de uma trama como O Rei do Gado ir ao ar e alcançar o maior público possível:

Resta claro nos argumentos ora levantados que os conteúdos positivos abordados na trama ensejaram, em todas as exibições da novela, relevantes discussões na sociedade, buscando uma abordagem respeitosa e educativa do tema da luta sobre terras. De modo semelhante, a obra traz à luz discussões sobre a ética na política e a busca de uma cultura de paz em meio aos conflitos que movimentam a trama. 

O DPJUS, no entanto, não aceitou os argumentos e notificará a Globo na semana que vem para mudar a classificação da trama em até cinco dias após o documento chegar ao jurídico da emissora. A mudança também vale para a versão que está disponível para o Globoplay.

O Rei do Gado não vai ter grandes mudanças em seu horário, porque desde 2016, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), a veiculação horária ligada à classificação indicativa acabou. Se isso acontecesse anteriormente, a trama só poderia ser mostrada depois das 21h.