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Memória da TV

Globo cogitou Sai de Baixo sem Caco Antibes para enfrentar Silvio Santos

Divulgação/TV Globo

Luiz Gustavo, Marisa Orth, Aracy Balabanian, Cláudia Jimenez, Miguel Falabella e Tom Cavalcante - Divulgação/TV Globo

Luiz Gustavo, Marisa Orth, Aracy Balabanian, Cláudia Jimenez, Miguel Falabella e Tom Cavalcante

THELL DE CASTRO

Publicado em 9/9/2018 - 12h13

Sucesso da Globo durante alguns anos e atualmente reprisado aos sábados, o Sai de Baixo poderia ter sido completamente diferente. Criado para combater o crescimento do Topa Tudo por Dinheiro, do SBT, o humorístico por muito pouco não teve outro nome e um personagem central muito distinto do Caco Antibes de Miguel Falabella.

A primeira notícia do surgimento da atração é de 24 de dezembro de 1995, quando O Globo informou que um novo programa semanal, ao vivo, queria reviver o êxito da Família Trapo, exibida pela Record nos anos 1960.

Amigos, Amigos estrearia em abril de 1996, com Tom Cavalcante liderando o elenco. Inicialmente, compunham o time apenas Luiz Gustavo, Cláudia Jimenez e Marisa Orth, além de um nome que acabou não indo para a versão final: Luiz Fernando Guimarães.

Posteriormente, a Folha de S.Paulo de 14 de janeiro de 1996 relatou como seria a história, já com Miguel Falabella no elenco. Luiz Gustavo e Marisa Orth fariam um casal de ricos falidos, donos de um apartamento. Os dois tentavam manter a pose e armavam situações para melhorar de vida sem fazer esforço.

Falabella, Cláudia e Cavalcante seriam três amigos que dividiriam um outro apartamento. "Especialista em imitação de vozes e criação de tipos, Tom Cavalcante vai usar sua versatilidade para viver desde o porteiro do prédio até a namorada de Fallabella", explicou o jornal.

A ação se desenvolveria, portanto, em dois lugares, algo que só foi feito muito depois, em Toma Lá Dá Cá (2007-2009).

Já em 7 de fevereiro de 1996, O Globo informou que a história estava chegando ao patamar conhecido. Mas o nome ainda seria outro: Querida Família.

A Globo tinha dúvidas se colocava a comédia para concorrer com A Praça É Nossa, durante a semana, ou no problemático horário após o Fantástico, em que várias atrações foram reprovadas pelo público. Acabou prevalecendo a última opção.

As gravações começaram no início de março, já com a história e o elenco definidos. "O programa será uma espécie de amostragem do ridículo nacional e uma forma de se fazer uma releitura da cara do país. O Brasil tem 95% de miseráveis. Então, vamos aliviar a miséria com programas de linguagem simples", disse Tom Cavalcante ao Jornal do Brasil em 24 de fevereiro de 1996.

Na mesma reportagem, ele conta que ajudou o diretor Daniel Filho na escolha dos atores. "Cheguei a sugerir também o Luiz Fernando Guimarães, mas ele não pôde aceitar", lamentou.

Sai de Baixo estreou em 31 de março de 1996

Apartamento reprovado
Perto da estreia, a Globo ainda resolveu outra situação inesperada: a decoração do apartamento de Vavá (Luiz Gustavo) não agradou à direção da emissora. "Seis dias antes da estreia, alguém não gostou do aspecto original do apartamento e despachou, na ponte aérea das 19h, o cenógrafo Mário Monteiro para acabar com certa pobreza visual reinante", contou o JB de 2 de abril de 1996.

A aposta da Globo deu certo. Sai de Baixo estreou no dia 31 de março de 1996 e foi um sucesso logo de cara. No primeiro episódio, empate com Silvio Santos, com 26 pontos de média, um belo progresso, já que na semana anterior a emissora havia sido derrotada 35 a 17, com uma série. A virada veio a partir do segundo episódio: 31 a 22. No terceiro, nova vitória: 29 a 26.

Mesmo com algumas mudanças no elenco, o programa ainda se manteve como preferido do público durante um bom tempo. Desgastado, saiu do ar em 31 de março de 2002.

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