CASO DAS 'RACHADINHAS'
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Flávio Bolsonaro e William Bonner no Jornal Nacional: Justiça acatou pedido do senador contra a Globo
Após a Justiça do Rio de Janeiro proibir a Globo de mostrar documentos ou peças relacionadas às investigações de um suposto esquema de "rachadinha" no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), entidades da imprensa criticaram a decisão e apontaram censura na decisão.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) diz que a determinação "é mais um atropelo à liberdade de expressão" e pede "que o STF (Supremo Tribunal Federal) restabeleça o império de lei".
Já a Associação Nacional de Jornais (ANJ) "protesta contra a censura imposta pela juíza Cristina Serra Feijó à divulgação de informações relacionadas ao esquema de 'rachadinhas' na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro".
Marcelo Träsel, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), falou à Veja que identifica censura prévia por parte da Justiça. "Quem perde são os eleitores do Rio de Janeiro e todos os cidadãos, que terão dificuldades para acompanhar o andamento das investigações contra o filho do presidente da República", afirmou ele.
Confira abaixo a nota da ANJ:
Na sexta-feira (4), a juíza Cristina Serra Feijó, da 33ª Vara Cível do Rio de Janeiro, acatou uma petição da defesa de Flávio Bolsonaro e determinou que a Globo não pode mostrar documentos sobre os desdobramentos das investigações do Ministério Público sobre o suposto esquema de "rachadinhas" na Alerj. A justificativa é de que o caso corre em segredo de Justiça.
O Notícias da TV entrou em contato com a Globo e questionou se a emissora vê a decisão como uma forma de censura e se vai recorrer, mas ainda não teve uma resposta até a publicação deste texto.
O Ministério Público apurou envolvimento de Flávio Bolsonaro e seu grupo em peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Por ser senador, o político ganhou foro especial, e o caso foi para a segunda instância. O filho do presidente da República é suspeito da prática de "rachadinha", quando servidores públicos devolvem parte do salário ao parlamentar.
Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, é apontado pelo MP como operador financeiro do suposto esquema. A Globo noticiou a conclusão das investigações na segunda-feira, e a repórter Andréia Sadi informou no dia seguinte que o órgão vai discutir se denuncia ou arquiva as investigações.
Logo após a decisão da Justiça contra a Globo, o filho de Jair Bolsonaro comemorou a decisão e atacou a emissora, com uma imagem de "Globo lixo". "Não tenho nada a esconder e expliquei tudo nos autos, mas as narrativas que parte da imprensa inventa para desgatar minha imagem e a do presidente Jair Bolsonaro são criminosas", escreveu o parlamentar.
"A juíza entendeu que isso é altamente lesivo à minha defesa. Querer atribuir a mim conduta ilícita, sem o devido processo legal, configura ofensa passível, inclusive, de reparação", disse ele. Veja o post abaixo:
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