Ex-músico de Jô Soares investe R$ 300 mil e ganha reality na Globo: 'Loucura'

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VINÍCIUS ANDRADE

Publicado em 3/9/2019 - 5h17

Mais de dois anos e meio depois do fim do Programa do Jô (2000-2016), o saxofonista João Frederico Sciotti, o Derico, vai voltar à TV. Em outubro, o músico estreará como apresentador do reality show Na Estrada Com Derico, que irá ao ar durante quatro sábados em 317 cidades com cobertura da EPTV, afiliada da Globo no interior de São Paulo e na região sul de Minas Gerais. O programa só virou realidade porque o ex-Jô fez a "loucura" de investir R$ 300 mil do próprio bolso.

O dinheiro foi usado na compra de uma Sprinter 313 chassi alongado zero quilômetro, que foi transformada em um palco para shows. É uma espécie de food truck, mas com música no lugar de comida: o Derico Music Truck. Esse era um sonho antigo do saxofonista que, após terminar de montar o seu caminhão musical, vendeu a ideia de um programa de TV para a Globo.

"A EPTV comprou o projeto para fazer uma série de quatro episódios na primeira temporada. Viajo com meu truck pelo interior de São Paulo e no sul de Minas, em cidades com abrangência da EPTV. Vou com meu irmão, o músico Serginho Sciotti. A gente chega em uma praça da cidade, monta o palco, pluga numa tomada e sai tocando música instrumental de graça pro público", explica Derico ao Notícias da TV.

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Derico já gravou em Araraquara e Indaiatuba, onde mora. Nas duas próximas semanas, vai fazer apresentações em Extrema e Franca. O formato ganha tons de reality porque, além dos shows em praça pública, o saxofonista procura "dois ou três músicos locais" para tocarem com ele no palco e contarem suas respectivas histórias em entrevistas durante o programa.

"A gente vai antes [nas cidades] para filmar em lugares pitorescos, pontos turísticos, entrevistar pessoas tradicionais da cidade e fazer um conteúdo que vira meia hora de arte pra um programa de televisão, que vai ser passado pela EPTV aos sábados às 14h30", conta o músico de 53 anos.

A atração será exibida entre 5 e 26 de outubro. Já existem projetos para a gravação em outras cidades. "Se der certo, a gente volta no ano que vem com mais duas temporadas. Aí seriam temporadas mais longas. Cada temporada teria oito episódios, não quatro, e aumentaria o tempo de veiculação para dois meses."

Montagem do Music Truck para o show em uma praça de Araraquara, no último sábado (31)

Apesar do apoio da EPTV para a realização do projeto audivisual do Na Estrada com Derico, o investimento de R$ 300 mil feito para a montagem no Derico Music Truck, que ficou pronto neste ano, ainda não foi recuperado. Mas o dinheiro não é uma preocupação para o saxofonista, que fez isso como a realização de um sonho.

"Nem estou pensando nesse valor agora. É um investimento que fiz por profissão, por amor à música e pelo empreendedorismo mesmo. Não sei se vou ficar milionário fazendo esse projeto. Eu acredito que o Truck é uma ideia que vai seduzir pessoas que vão querer ser parceiras. É inovador e tem fundamento, tem verdade", aposta.

Vida pós-Jô Soares

Desde que o Programa do Jô acabou, em dezembro de 2016, Derico deixou de ter renda mensal com "carteira assinada, 13º salário e Fundo de Garantia", mas ainda consegue bons rendimentos com os shows que faz pelo Brasil e, agora, pelo mundo. Ele se prepara para fazer uma turnê por Paris e Lisboa, na Europa. "Quando eu saí do programa, achei que a coisa fosse quebrar um pouco", relata.

"Falavam que eu ia sair da mídia, que as pessoas iam me esquecer e que o cachê iria diminuir. Mas deu certo. Quando vou prospectar shows ou tocar em outras cidades, sou recebido com o mesmo carinho de quando eu estava na emissora. A mídia não fez uma diferença tão brutal. Faz diferença, mas não tão brutal quanto eu imaginei. Estou viajando feito louco, tocando em tudo quanto é lugar", comemora Derico.

Foram 28 anos trabalhando com Jô Soares no SBT e na Globo. Com R$ 300 mil a menos na conta bancária, o músico não se arrepende do investimento e torce para levar seu music truck para ainda mais cidades --mas com apoio de empresas: "É óbvio que, se tiver uma rentabilidade, vou pensar em repor esse dinheiro. Tirei das minhas aplicações e do que eu tinha guardado pra aposentadoria".

"A pessoa que mais me deu apoio foi a minha mulher, porque faz parte do patrimônio da família eu tirar a expectativa de uma aposentadoria pra fazer uma loucura como comprar um truck e sair viajando em cima de uma boleia de caminhão em praça pública. Mas eu não tive dúvida de fazer esse projeto", exalta Derico.