Derico
Divulgação/Werner Heilig
O saxofonista Derico durante show que fez em Curitiba; ele recusou proposta da Record
FERNANDA LOPES
Publicado em 18/6/2018 - 5h40
Um ano e meio após o fim do Programa do Jô (2000-2016), o saxofonista João Frederico Sciotti, o Derico, recusou participar de outra atração na TV. Na semana passada, ele foi convidado pela Record para ser jurado do Canta Comigo, novo reality musical a ser apresentado por Gugu, mas não quis o emprego. Diante da oferta de um cachê de apenas R$ 5.000, o músico do antigo sexteto preferiu continuar ganhando a vida com palestras e shows, inclusive em shoppings de São Paulo.
"Depois que saí do programa minha meta foi formar plateia. Primeiro porque sou um cara conhecido, mas as pessoas não sabem o que eu toco de fato. E os estilos com que eu trabalho são pouco valorizados, como chorinho, samba-jazz. As pessoas têm curiosidade, e tenho que estar em lugares pop para entenderem o que eu faço", diz.
"Então, por que não no shopping? Vou mesmo, adoro, fico mais de uma hora atendendo o público. As pessoas querem isso e voltam [a outros shows]. Abro caminho [para a música instrumental], acho que esse é o meu legado", afirma.
Em um shopping da zona sul de São Paulo, Derico fará um show e uma palestra nesta semana. Em suas conferências, ele tira dúvidas do público sobre a indústria musical no Brasil, toca trechos de canções que a plateia pede e conta curiosidades sobre o trabalho que fez durante 28 anos no sexteto.
O saxofonista confessa que sente saudades da rotina no Programa do Jô. Além dos amigos, das entrevistas curiosas e dos quadros e piadas que o apresentador fazia, Derico admite que a estabilidade financeira também faz falta.
"Ter 13º salário, Fundo de Garantia, plano de saúde... Apesar de eu fazer um monte de coisa, o trabalho com música é muito instável. Estou sempre garimpando, virei um garimpeiro. Tem que ir em busca de projetos novos, estar em evidência para conseguir efetivar, tem que trabalhar todo dia. Mas dá um resultado muito positivo, você se sente vivo. Tem que fazer as coisas acontecerem", comenta.
Apesar da saudade da rotina de TV, ele não aceitou fazer parte da equipe de cem jurados profissionais da música que irão avaliar performance de cantores iniciantes no novo reality show da Record. O cachê de apenas R$ 5.000, sem nenhuma ajuda de custo, tem afugentado artistas, inclusive do sexteto de Jô, mas Derico tem outra explicação.
"Ficaram bem interessados na minha participação, mas eu falei não. Não é a minha, não gosto de julgar, quem sou eu pra falar quem é bom e quem é ruim? É coisa da minha consciência, da minha conduta. Não fazia parte do que eu estou pretendendo pro meu futuro, mas estou aberto a todas as propostas", afirma.
reprodução/tv globo
Derico em edição do Programa do Jô em 2015; ele trabalhou com Jô Soares durante 28 anos
Show em caminhão e musical
O próprio Derico está propondo conteúdo original para emissoras e canais. Ele desenvolve, desde o início de 2017, um projeto chamado Derico Music Truck. A ideia é fazer shows itinerantes e gratuitos por todo o Brasil a bordo de um caminhão. Derico estacionará o veículo em uma praça pública, ligará os equipamentos, chamará músicos locais para acompanhá-lo e tocará.
"Isso gerará um conteúdo que, na minha concepção, pode virar um programa de TV. Pode até ser uma pílula de 5 minutos num programa que já existe, tem várias formas de divulgar. Já mostrei para a Globo e a EPTV [afiliada da emissora no interior de São Paulo]. Também tenho portas abertas no Arte1 e em outros canais fechados, mas acho que esse projeto é pra TV aberta, pra todo mundo curtir", conta.
O Derico Music Truck deve começar suas viagens no último trimestre de 2018. Enquanto isso, o saxofonista trabalha em outros dois projetos: um livro sobre seus 28 anos no talk show de Jô Soares e um musical, que estrelará no teatro ao lado dos ex-colegas Ubirajara dos Reis (Bira), Osmar Barutti (Osmar) e Milton Brito (Miltinho).
"O livro servirá de roteiro para o musical. A gente já começou a ensaiar, elaborar repertório, prospectar teatros. O Jô está sabendo, ele quer ver quando o roteiro estiver pronto, talvez até bote um dedão lá. Eu sempre tenho esperança de que ele participe, porque ele é muito querido. A gente ainda tem um carinho muito grande do público, talvez consiga um certo sucesso [nessa empreitada]", torce.
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