Em 1999, Sérgio Mallandro venceu a Globo e quebrou cenário para celebrar

Em 1999, Sérgio Mallandro conseguiu um feito inédito na CNT/Gazeta. A emissora, acostumada a figurar no baixo escalão do ranking do Ibope, chegou a liderar a audiência por mais de 60 minutos com o programa Festa do Mallandro. O apresentador ficou tão eufórico com o feito que acabou quebrando parte do cenário da atração.

O programa era exibido todos os sábados, em duas partes, das 16h30 às 20h30 e das 21h30 à 0h30. O primeiro bloco costumava ser mais voltado ao público infantojuvenil, com brincadeiras e atrações mais amenas. Na segunda parte, boa parte do cardápio era composto pelas pegadinhas estreladas por Mallandro.

No dia 15 de maio daquele ano, ao exibir uma pegadinha em que o apresentador, disfarçado, ameaçava explodir um ônibus, Festa do Mallandro alcançou picos de 17 pontos no Ibope, passando a Globo.

GENTILEZA?

Bonner frustra público e deixa Ana Luiza anunciar indiciamento de Bolsonaro no JN

EXCLUÍDA?

Naiara Azevedo explica por que não participou do especial Amigas, da Globo

Ivan Ferreira, então diretor-geral da Festa do Mallandro, explicou à Folha de S.Paulo de 23 de maio de 1999 que, na segunda parte, por volta das 23h30, a atração chegou ao pico de audiência.

O bloco havia estreado na semana anterior, já dando 10 pontos. "Esperávamos passar a Globo, que tinha 9 pontos com o especial Mama África. Entregamos o programa à 0h21 com média de 13,5 pontos. É uma ótima média para o horário", afirmou.

Com os resultados, Sérgio Mallandro ficou tão eufórico que quebrou algumas partes do cenário, dizendo que pagaria os prejuízos do próprio bolso.

"Foi uma bênção de Deus. SBT e Globo somados não davam o que o meu programa tinha. Pedi para que ninguém saísse da sala. Pedi para ligarem para o pai, para a mãe, tios. Até chorei. Foi a maior emoção da minha vida", disse ao jornal. "Fico lá olhando todos os índices. Mas não tem baixaria", completou.

Na mesma reportagem, Mallandro contou que já estava definindo novas estratégias para consolidar a audiência conquistada. "Temos bala na agulha. O programa vai melhorar. Vamos levar alegria. As pessoas estão traumatizadas com o noticiário. Ninguém quer ficar vendo coisas tristes. Estou aqui para fazer as pessoas rirem", explicou. O apresentador completou dizendo qual era seu sonho: chegar aos 22 pontos.

Apesar de ser a maior audiência do canal, a Festa do Mallandro era praticamente um programa independente, com produção feita pela TV Ômega, de Amílcare Dallevo Jr., que havia acabado de assumir a concessão da Rede Manchete e se preparava para o lançamento da RedeTV!.

A Folha explicou que Mallandro poderia deixar a CNT/Gazeta para ingressar no novo canal _ele já tinha trabalhado com a TV Ômega no Domingo Total, uma das últimas tentativas de resgatar o canal dos Bloch do fundo do poço.

"Amílcare afirmou à Folha ter muito interesse em levar o apresentador de volta para a sua emissora", citou o texto. "Mallandro diz que tudo está em estudo, mas que, por enquanto, prefere encontrar forças para manter a audiência", continuou.

Apesar do assédio da futura RedeTV!, Sérgio Mallandro continuou onde estava _posteriormente, ficou somente na Gazeta, já que a parceria com a CNT foi desfeita. A atração permaneceu no ar até 31 de agosto de 2002, muitas vezes alcançando boa pontuação no Ibope.

THELL DE CASTRO é jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira (Editora InHouse). Siga no Twitter: @thelldecastro