Menu
Pesquisar

Buscar

Facebook
X
Threads
BlueSky
Instagram
Youtube
TikTok

MEMÓRIA DA TV

Em 1999, novela detonou ibope da Globo, e autor ameaçou abandonar o trabalho

Divulgação/TV Globo

Elenco de Suave Veneno posa para foto

Parte do elenco da novela Suave Veneno, que fracassou na audiência em 1999 na Globo

THELL DE CASTRO

Publicado em 17/1/2021 - 7h00

Após o sucesso de A Indomada (1997), Aguinaldo Silva voltava ao principal horário de novelas da Globo há exatamente 22 anos. Inspirada em O Rei Lear, de William Shakespeare (1564-1616), Suave Veneno prometia uma virada a cada 30 dias, mas acabou afugentando o telespectador, detonando a audiência da emissora.

A trama entrou no lugar de Torre de Babel que, após um início muito complicado, decolou após a explosão do shopping e diversas alterações feitas na história, chegando a ultrapassar a marca dos 60 pontos nos episódios finais.

Com nomes como José Wilker (1944-2014), Letícia Spiller e Irene Ravache no elenco, Suave Veneno iniciava sua trajetória em 18 de janeiro de 1999.

O primeiro capítulo marcou 43 pontos, índice considerado satisfatório pela Globo. Os problemas começaram a seguir: em 23 de janeiro, a produção marcou 31 pontos, mais baixo índice de uma novela das oito da emissora até então. A média da primeira semana ficou em 36,5 pontos, contra 39 dos sete primeiros capítulos de Torre de Babel.

À Folha de S.Paulo, Silva disse que sempre foi complicado estrear novelas em janeiro. Por ele, a trama começaria somente após o Carnaval. "Houve uma queda de cinco pontos no total de televisores ligados na Grande São Paulo na semana de estreia da minha novela. Mais de 750 mil pessoas saíram de São Paulo na semana retrasada", disse.

"Aconteceu a mesma coisa com Pedra Sobre Pedra [1992]. Estreamos antes do Carnaval, a audiência inicialmente foi muito mal das pernas, a ponto de haver certa crise e, depois, a novela cresceu. Pedra é uma das quatro novelas mais vistas em todos os tempos, depois da década de 1970", enfatizou. "Se houver uma perda, acredito que nas próximas duas semanas passaremos essa turbulência. E, depois, tenho uma carta na manga", completou.

Mas o tempo passou, e a novela não decolou. Os diretores gerais Daniel Filho e Ricardo Waddington modificaram o ritmo da narrativa, e o autor foi obrigado a reescrever diversos capítulos para não comprometer o sentido da história.

Clarisse (Patrícia França) acabou morta misteriosamente; Maria Regina (Letícia Spiller), era motivo de piada para o público e para o Casseta & Planeta Urgente (1992-2010); Inês/Lavínia (Gloria Pires) passou por maus bocados e virou camelô; Waldomiro (Wilker) perdeu tudo e virou um homem do povo, recomeçando no subúrbio.

A situação melhorou após o capítulo 70, quando o público começou a tomar gosto pela história e o autor se encontrou. "Não era a minha vez de escrever a novela das 20h, mas me pediram para quebrar o galho, e eu não soube dizer não. Eu não estava preparado, tinha pouco tempo, mas precisava escrever, para que as gravações começassem. Quando Suave Veneno estreou, eu já tinha 40 capítulos prontos, embora ainda não soubesse bem como contar a minha história; só fui descobrir isso lá pelo capítulo 70", declarou Silva ao jornal O Globo de 17 de setembro de 1999.

O próprio Daniel Filho reconheceu em seu livro, O Circo Eletrônico, que a produção teve muitos problemas de direção e narrativa no início que acabaram prejudicando-a. Aguinaldo Silva, inclusive, chegou a ameaçar abandonar o trabalho se não tivesse paz para prosseguir.

Além disso, Suave Veneno contou com um concorrente de peso: o Programa do Ratinho, no SBT, que, apoiado no mundo-cão, conquistava cada vez mais audiência e por pouco não fez história ao derrotar a novela das oito.

Mais focada em romance e menos em suspense, a novela acabou em 18 de setembro de 1999, com 209 capítulos, e nunca foi reprisada. O último capítulo marcou 43 pontos, com picos de 52. Em seu lugar, entrou Terra Nostra, de Benedito Ruy Barbosa, que fez sucesso logo de cara.


Mais lidas


Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.