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Memória da TV

Em 1994, Faustão virou repórter do Jornal Nacional em tragédia nos EUA

Reprodução/Globo

O apresentador Fausto Silva deu depoimento e fez piadas sobre terremoto para o Jornal Nacional, em 1994 - Reprodução/Globo

O apresentador Fausto Silva deu depoimento e fez piadas sobre terremoto para o Jornal Nacional, em 1994

THELL DE CASTRO

Publicado em 24/2/2019 - 6h44

No dia 17 de janeiro de 1994, o Jornal Nacional contou com a participação de um correspondente internacional de peso. Fausto Silva, que foi repórter muito antes de iniciar a carreira de apresentador, deu seu depoimento sobre o terremoto que ocorreu na região de Los Angeles, nos Estados Unidos. Mesmo assustado, fez até piadas sobre o assunto.

O terremoto ocorreu às 4h30 no horário local e teve magnitude de 6.7 na escala Richter. O epicentro foi localizado em Reseda, na região do Vale de São Fernando, a noroeste de Los Angeles. Com duração de 20 segundos, causou a morte de 57 pessoas e deixou 8.700 feridos. O prejuízo total foi calculado em US$ 20 bilhões.

Logo na escalada do JN, quando se divulgam as manchetes do telejornal, Cid Moreira anunciou: "Faustão revela o sufoco que passou na hora em que tudo começou a balançar".

O apresentador, que iniciava o quinto ano do Domingão do Faustão na Globo, estava em um hotel em Los Angeles na hora do acontecimento. Fora da área de perigo, gravou um extenso depoimento, exibido com destaque pelo JN.

"Eu acordei e me senti um figurante de um filme do [Steven] Spielberg. Tremendo tudo, a cama, o colchão, as cortinas, um barulho terrível. É um panorama assustador, espero que ninguém passe por isso", comentou.

"Realmente você não tem nenhum tipo de reação. Eu já passei por incêndio, já passei por furacão em Miami. Em um furacão, você tem a previsão que é feita e tem como se esconder. Em um incêndio, você tem a chance de fugir. No caso de um terremoto, não tem para onde ir", explicou.

Apesar de tudo, Faustão conseguiu até brincar com a situação. "Tem algumas regras de segurança, como ficar embaixo do batente da porta, quem está dentro de um local não deve sair, quem está fora, não deve entrar, são regras básicas. Mas, nessa hora, você esquece tudo. E, com o meu tamanho, eu ia me esconder onde?", disse, rindo.

Ele também contou que ouviu uma piada do ex-jogador Pelé, que, na época, era comentarista de futebol da Globo --a Copa do Mundo seria realizada nos Estados Unidos alguns meses depois.

"A gente foi para a rua nessa correria toda, e minha mulher falou: olha quem está aí. Era o glorioso Pelé, vem correndo, com uma maleta. O dinheiro e o documento ele não esquece nessa hora. Bem vestido, o cara num terremoto, de jaqueta, camisa azul, calça cinza, só ele para vir assim", contou.

"Aí o Pelé me viu e disse: agora você criou um terremoto em Los Angeles, porque você estava aqui. Mas, sinceramente, mais de 30 anos que eu o conheço, pela primeira vez, vi o Pelé branco", emendou.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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